Descrição de chapéu Folhainvest União Europeia

EDP anuncia fechamento de capital no Brasil, em operação que pode movimentar R$ 6,1 bilhões

Preço a ser pago por ação será de R$ 24, e papel ordinário sobe mais de 15% nesta quinta-feira

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Letícia Fucuchima
São Paulo | Reuters

O grupo português de energia EDP anunciou nesta quinta-feira (2) um plano para fechar o capital da EDP Brasil. O objetivo da empresa é trazer maior flexibilidade na gestão financeira e operacional para a subsidiária local, em operação que pode movimentar cerca de R$ 6,1 bilhões, segundo cálculos de analista.

Perto das 14h00 (horário de Brasília), a ação ordinária da EDP Brasil subia mais de 15%. Segundo analistas, este é um movimento comum quando uma empresa anuncia fechamento de capital. Os investidores querem se aproveitar do prêmio oferecido, e tentar até um valor maior a ser pago por ação.

O processo de fechamento de capital já foi formalizado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e ocorre quase 20 anos depois da companhia de energia elétrica ter realizado a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) no Brasil. A EDP já fez o pedido de registro de oferta pública para aquisição (OPA) da totalidade das ações ordinárias da EDP Brasil.

Imagem de usina de energia solar da EDP localizada na Europa - Pedro Nunes/Reuters

O preço atribuído pela EDP será de R$ 24 reais por ação, equivalente a um prêmio de 22,26% sobre o preço de fechamento da ação nesta quarta-feira (1º), de R$ 19,63.

A EDP é controladora da EDP Brasil, com 56% das ações. Aproximadamente 41,3% dos papéis da companhia estão nas mãos de minoritários, e os 2,6% restantes estão na tesouraria da própria empresa, fruto de ofertas de recompra.

O cronograma esperado para a oferta é de pelo menos sete meses, com expectativa de conclusão até o final deste ano. Para financiar a operação, a EDP Portugal anunciou que fará um aumento de capital no valor de 1 bilhão de euros.

O BTG Pactual atuará como instituição intermediária da OPA. Também trabalharão como assessores da operação o banco Morgan Stanley e o escritório de advocacia Mattos Filho.

Segundo a matriz portuguesa, a proposta tem por objetivo simplificar a estrutura corporativa e organizacional, conferindo maior flexibilidade na gestão financeira e operacional de suas operações no Brasil, onde o grupo atua também com a EDP Renováveis, braço de geração ligado diretamente à controladora.

Em coletiva de imprensa, o CEO da EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, reforçou o compromisso da companhia com o Brasil, dizendo que o grupo é um investidor de longo prazo, que já passou por vários ciclos econômicos e políticos, e continua a ver boas oportunidades de crescimento.

Apesar disso, o plano estratégico da EDP para 2023-2026, apresentado nesta quinta-feira, prevê uma redução da exposição do grupo ao Brasil, com a contribuição do país ao Ebitda total caindo de 25% em 2022 para 14% em 2026.

A companhia não abriu valores específicos de investimentos para o Brasil nos próximos anos, mas disse que sua operação na América do Sul, onde o mercado brasileiro é o mais representativo, deve receber 15% dos 25 bilhões de euros em aportes previstos até 2026.

Analistas avaliariam positivamente a oferta da EDP Portugal, apontando que o preço oferecido por ação na OPA embute um prêmio atrativo aos acionistas.

"O preço que será pago pelas ações é 4,2% acima do nosso preço-alvo de R$ 23, implicando uma TIR (taxa interna de retorno) real de 8,5%, o que consideramos como atraente", disse a analista da XP, Maíra Maldonado.

A equipe do Credit Suisse notou que o movimento da controladora está "fora do consenso", já que várias elétricas europeias têm anunciado desinvestimentos diante de um contexto de alta alavancagem.

"Nós acreditamos que para sustentar tal proposta, a EDP Portugal deve estar mais confiante no mercado no que diz respeito à renovação dos contratos de concessão de distribuição, e no potencial de crescimento com bons retornos do setor no Brasil", escreveram Carolina Carneiro e Rafael Nagano, do Credit Suisse, em nota a clientes.

A EDP ingressou no Brasil em 1996, com a compra de uma participação na antiga Cerj (hoje Enel Rio), e abriu capital na bolsa brasileira em 2005.

Hoje, a companhia de energia elétrica atua nos segmentos de distribuição, geração, transmissão e oferta de soluções e serviços. Na distribuição, atende cerca de 3,8 milhões de clientes por meio de duas concessionárias, em São Paulo e Espírito Santo, além de ser importante acionista da Celesc, de Santa Catarina.

A companhia também está encabeçando uma discussão importante sobre a renovação das concessões de distribuição de energia no Brasil. A EDP Espírito Santo é a primeira de quase 20 distribuidoras que terão expiração de contratos a partir de 2025. A União ainda não definiu se as concessões serão renovadas ou se promoverá novos leilões.

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