Descrição de chapéu juros Silicon Valley Bank

O que cria oportunidades são as outras pessoas fazendo coisas estúpidas, diz Buffett

Executivo-chefe da Berkshire Hathaway participa de encontro anual da corretora em Omaha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Omaha e São Paulo

Para Warren Buffett, presidente-executivo da Berkshire Hathaway, a inteligência artificial não vai tirar oportunidades de investidores ou tornar seu trabalho obsoleto. Questionado sobre os impactos da evolução tecnológica em sua estratégia de investimentos, o bilionário mostrou-se cético: "não fará diferença".

"A chegada de novas coisas não tira oportunidades. O que cria oportunidades são outras pessoas fazendo coisas estúpidas, e eu diria que, nos 58 anos em que estivemos na liderança da Berkshire, houve um grande aumento no número de pessoas fazendo coisas estúpidas", disse Buffett.

Durante a reunião anual da Berkshire, que reúne dezenas de milhares de acionistas no centro de Ohama neste sábado (6), Buffett falou, ainda, sobre a crise bancária que preocupa o mercado financeiro americano, iniciada pela falência do Silicon Valley Bank, em março.

O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, participou do Congresso de Mídia de Sun Valley, em Idaho, Estados Unidos. Buffett, 92, é um homem de cabelos brancos e ralos, vestido em casaco vermelho e camisa branca. Ele está em um carrinho de golfe, ao lado de duas senhoras grisalhas.
O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, participou do Congresso de Mídia de Sun Valley, em Idaho, Estados Unidos. O evento é realizado pelo banco de investimentos Allen & Company - Brendan McDermid/Reuters

O megainvestidor disse que haveria consequências "catastróficas" se os reguladores dos EUA não tivessem garantido os depósitos no SVB e no Signature Bank. Isso porque essas falências criaram o risco de uma corrida aos bancos em todo o país.

"Mesmo que o limite do FDIC [garantidor de depósitos dos EUA] seja de US$ 250.000, essa não é a maneira como os EUA vão se comportar, se o teto da dívida for levar o mundo ao caos", disse o bilionário.

Os comentários seguem uma série de falências bancárias nos EUA que acaloraram o debate sobre a intervenção do governo federal. As instituições garantiram depósitos no SVB e no Signature Bank acima do nível de US$ 250.000 (R$1,24 milhões) coberto pelo seguro federal.

Os reguladores conseguiram contornar esse limite, com o argumento de que essas quebras representaram riscos sistêmicos. Embora as ações dos bancos regionais tenham oscilado violentamente nas últimas sessões de negociação, os depositantes se sentiram um pouco mais tranquilos com a garantia implícita de que o governo interviria na crise.

"Não consigo imaginar alguém na administração ou no Congresso ou no Federal Reserve [banco central dos EUA], dizendo que gostaria de ser o responsável por ir à televisão amanhã e explicar ao público americano por que estamos mantendo apenas US$ 250 mil segurados", acrescentou Buffett. "Isso provocaria uma corrida a todos os bancos."

A Berkshire tem sido pressionada sobre o estado do sistema bancário, com Buffett dizendo à CNBC no mês passado que o país não havia "superado as falências bancárias, mas os correntistas não enfrentaram uma crise".

O conglomerado, que inclui indústrias a seguradoras, já havia utilizado seu balanço patrimonial, comprado por Buffett a uma fortaleza, para investir em instituições financeiras em dificuldades. A Berkshire colocou dinheiro no Goldman Sachs e no Bank of America durante a crise financeira.

No entanto, até agora, não interveio durante a atual crise. Os investidores observaram que o portfólio da Berkshire já tem posições em várias grandes instituições financeiras.

Assessores do First Republic, que foi vendido neste mês para o JPMorgan Chase em um acordo orquestrado pelos reguladores dos EUA, disseram ao Financial Times que um investimento da Berkshire no banco era visto como uma solução improvável.

Isso ocorreu devido à rápida fuga de depósitos que o First Republic estava sofrendo. Os assessores acreditavam que o banco queimaria uma injeção de capital multibilionária se o investimento da Berkshire não fosse suficiente para restaurar a confiança.

Buffett passou o sábado de manhã respondendo a perguntas dos acionistas sobre planejamento sucessório, investimento em valor, relações entre EUA e China e, mais importante do que qualquer outro para os presentes no CHI Health Center em Omaha, sucessão na Berkshire.

O investidor de 92 anos confirmou que Greg Abel, vice-presidente da empresa encarregado de administrar todos os seus negócios fora do setor de seguros, permaneceu como seu sucessor ungido.

"Todo mundo fala sobre um conselho diretor, o que é besteira", acrescentou. "Não temos tantas pessoas que possam administrar cinco das maiores empresas de patrimônio líquido e todos os tipos de negócios diversos."

Abel está na empresa há mais de duas décadas, desde que a Berkshire adquiriu a concessionária MidAmerican Energy em 2000. Em 2018, ele foi promovido a vice-presidente ao lado de Ajit Jain.

Charlie Munger, braço direito de longa data de Buffett e vice-presidente da empresa, acrescentou que havia um motivo pelo qual a Berkshire superou outros grandes conglomerados.

"Mudamos de executivos com muito menos frequência do que outras pessoas e isso nos ajudou", disse ele.

(Com Financial Times)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.