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Petrobras reduz preço da gasolina nas refinarias em R$ 0,13 por litro

Corte ocorre logo após alta nas bombas com mudança do modelo de cobrança do ICMS

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Rio de Janeiro

Às vésperas do aumento dos impostos federais, a Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (15), corte de R$ 0,13 por litro no preço de venda da gasolina em suas refinarias. O produto já vinha sendo pressionado pela mudança do modelo de cobrança do ICMS.

Segundo a estatal, a partir desta sexta (16), o litro da gasolina em suas refinarias custará, em média, R$ 2,66. É o menor valor desde fevereiro de 2021, considerando a correção pela inflação, e R$ 1,50 abaixo do recorde de R$ 4,16 atingido em junho de 2022.

Com a redução, a empresa estima que o preço de bomba pode cair a R$ 5,33 por litro. Na semana passada, o valor médio cobrado nos postos do país era R$ 5,42 por litro, R$ 0,21 acima do verificado na semana anterior.

Fila de carros em postos que vendem combustíveis sem impostos no Dia Sem Imposto, na avenida Sumaré, em São Paulo, realizado em 25 de maio - Danilo Verpa 25.maio.23/Folhapress

Foi o segundo corte nas refinarias em cerca de um mês —o último foi anunciado quando a empresa informou sua nova política de preços, no dia 16 de maio— e ajuda o governo a conter a pressão inflacionária que a alta de impostos traz sobre a gasolina.

Além do novo ICMS, que entrou em vigor em junho, o governo federal deve retomar integralmente a cobrança de impostos federais no início de julho. Esses impostos haviam sido zerados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e foram parcialmente reintroduzidos pelo governo Lula em março.

A alíquota integral de PIS/Cofins sobre a gasolina é R$ 0,22 por litro superior à atual. Com a retomada dos impostos, o governo espera obter um reforço de caixa de R$ 22,3 bilhões.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia afirmado que a Petrobras reduziria o preço da gasolina para compensar a alta de impostos, mas voltou atrás após negativa da empresa em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O presidente da estatal, Jean Paul Prates, depois afirmou que mudanças nos preços dependeriam das condições do mercado nas semanas seguintes.

No comunicado desta quinta, a empresa diz que a decisão tem como objetivos "a manutenção da competitividade dos preços da companhia frente às principais alternativas de suprimento dos seus clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino".

Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, avalia que a decisão pelo corte se baseou no fortalecimento do real frente ao dólar, já que as cotações internacionais do petróleo pouco variaram nas últimas semanas.

Ela entende ainda que a empresa tem que lidar com excedente de gasolina de sua principal concorrente no país, a Refinaria de Mataripe, e com o início da safra de cana, que aumenta a oferta de etanol hidratado, que disputa mercado com a gasolina.

Os analistas do banco Goldman Sachs Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins estimam que, mesmo com o corte, as margens de refino da Petrobras se mantêm em níveis saudáveis, embora abaixo dos picos registrados em 2022.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,13 por litro abaixo da paridade de importação na abertura do mercado desta quinta.

A estatal abandonou esse conceito em sua nova política de preços e vem consistentemente praticando valores abaixo da paridade desde então. A diferença já foi maior do que a atual, chegando a R$ 0,34 por litro no dia 29 de maio.

Embora tenha mantido a estratégia de estimar impacto no preço final, a Petrobras afirma que "o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda".

A alta nas bombas da semana passada foi a primeira após um curto período de queda provocado pelo corte do dia 17 de maio. O preço do etanol hidratado também interrompeu um ciclo de queda e subiu R$ 0,03 por litro.

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