A chef e apresentadora Bela Gil anunciou a redução dos preços dos pratos de seu restaurante, Camélia Òdòdó, no bairro paulistano da Vila Madalena. A variação entre 10% e 20% do valor cobrado, diz, é uma consequência da deflação de alimentos registrada em junho no país.
Na terça-feira (11), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou para queda de 0,08% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), puxada pela redução dos preços de automóveis, alimentos e combustíveis.
O grupo de alimentação e bebidas teve queda de 0,66%, associada, principalmente ao recuo dos preços da alimentação no domicílio (-1,07%).
Alguns reagiram à redução de preços do restaurante dizendo que hortaliças e frutas permanecem caras no varejo, mesmo com a perda de força da inflação dos alimentos no geral.
Uma internauta que diz acompanhar de perto os preços de hortifruti escreveu que não houve queda, mas sim, uma alta, destacando a batata asterix.
Segundo o restaurante, o ajuste no cardápio levou em consideração a baixa nos preços dos itens presentes em quase todas as refeições do estabelecimento, como cenoura, limão, soja, laranja, abóbora, batata, chuchu, mandioca e gengibre. Além disso, foi considerada a diminuição do preço do combustível, informa o estabelecimento.
De fato, a batata encareceu, mas somente ela. Segundo o IBGE, a batata inglesa registrou aumento de 6,43% no mês. De acordo com Índice Ceagesp, a batata asterix teve alta de preço de 21% de abril a junho.
Os outros alimentos dessa lista que integram o IPCA registraram queda ou relativa estabilidade no índice mensal de junho. São os casos de cenoura (-7,15%), laranja pera (-2,91%), laranja lima (-11,22%), laranja baía (-26,93%), limão (-0,21%) e mandioca (0,07%).
Já considerando a inflação acumulada dos últimos 12 meses, que dá uma noção mais longa do desempenho de preços, a batata-inglesa (-6,83%) e a laranja baía (-8,75%) tiveram deflação, mas ainda há altas de dois dígitos, como a da cenoura (15,55%).
O Painel da Inflação, ferramenta da Folha com base em dados do IBGE, mostra que as frutas, por exemplo, estão com inflação acumulada de 13,36% em 12 meses, e as hortaliças e verduras, de 2,8%.
"Enquanto no ano passado a inflação dos alimentos fechou na casa dos dois dígitos, para esse ano a previsão é de fechar o ano com 3%. Isso significa que estamos em um processo de normalização dos preços", diz Carla Beni, professora de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas).
"O restaurante da Bela Gil é interessante porque vende uma culinária vegana (cujos preços dos produtos vem caindo bastante) para um público de alta renda, o que lhe dá uma boa margem. Essa redução portanto, em tese, não faria uma grande diferença nas contas dela. Mas virou uma estratégia de marketing excepciona."
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