Juízes são os trabalhadores mais bem pagos em uma lista com 427 ocupações no Brasil, enquanto artistas criativos e interpretativos têm a menor renda média, indica levantamento do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.
A análise usa microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A lista contempla ocupações que reúnem profissionais formais ou informais nos setores privado e público. As informações são relativas ao rendimento efetivo por mês no segundo trimestre de 2023.
Na ocasião, os juízes apareciam no topo do ranking com uma renda média do trabalho de R$ 24.732. "Essa é uma das profissões que contam com poder de barganha maior para obter salários mais altos", diz Imaizumi.
Dirigentes e gerentes de serviços profissionais não classificados anteriormente (R$ 21.536) e matemáticos, atuários e estatísticos (R$ 20.927) também registravam salários acima de R$ 20 mil por mês na média do segundo trimestre.
Diretores gerais e gerentes gerais (R$ 19.018), físicos e astrônomos (R$ 18.292), dirigentes financeiros (R$ 17.954) e médicos especialistas (R$ 17.753) vinham na sequência do ranking.
"Não tem segredo: muitas ocupações que os pais querem que os filhos ocupem estão no topo da lista", afirma Imaizumi.
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Na outra ponta da análise, a ocupação descrita como artistas criativos e interpretativos não classificados anteriormente registrava uma renda média do trabalho de R$ 509 por mês no segundo trimestre, a menor da pesquisa. A quantia equivale a menos de meio salário mínimo (atualmente em R$ 1.320).
Carregadores de água e coletores de lenha (R$ 588), trabalhadores de tratamento e preparação da madeira (R$ 602) e pescadores (R$ 736) também estão entre os menores rendimentos. "Nessa parte da lista, há profissões que utilizam mais a força, os atributos físicos", aponta Imaizumi.
De acordo com o ranking, das 427 ocupações investigadas, somente 25 tinham renda média do trabalho acima de R$ 10 mil por mês no segundo trimestre. O rendimento era de R$ 5.000 ou mais em 109 categorias.
Por outro lado, 11 ocupações ganhavam menos de R$ 1 mil, em média, por mês. "Não é que uma pessoa dessas profissões não possa ganhar mais do que aquilo que está lá [no levantamento]. Estamos falando nesse caso de rendimento médio dos ocupados", diz Imaizumi.
Na visão do economista, o crescimento dos salários foi prejudicado na última década em razão da sucessão de crises que atingiu a economia brasileira, incluindo a recessão de 2014 a 2016 e a pandemia.
Além disso, o mercado de trabalho também sofre com a baixa produtividade, completa Imaizumi. "O Brasil ainda é um país pobre."
Outro levantamento recente comparou os salários de mais de cem ocupações com base nos dados da Pnad. O estudo em questão foi divulgado pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Segundo essa análise, médicos especialistas lideram o ranking das profissões mais bem pagas que exigem ensino superior no setor privado, enquanto professores do ensino pré-escolar apresentam os menores rendimentos.
Há diferenças nas amostras dos estudos do FGV Ibre e da LCA. Enquanto o trabalho do FGV Ibre focou no setor privado e em vagas com ensino superior, o levantamento da LCA olha para ocupações nos segmentos privado e público, com e sem exigência de graduação.
Colaborou Augusto Conconi
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