Amazon chega aos 30, os 'nanoempreendedores' criados pela reforma tributária e o que mais importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Amazon trintou

A Amazon faz 30 anos nesta sexta (5) com motivos para comemorar. A empresa atingiu um valor de mercado recorde nesta semana e ultrapassou US$ 2 trilhões (R$ 11 bilhões).

↳ Está em 5º lugar no ranking das mais valiosas, atrás de Microsoft, Apple, Nvidia e Alphabet (Google).

Gigante em números:

  • São 1,5 milhão de funcionários;

  • 7 bilhões de encomendas em 2023 só para assinantes Prime;

  • US$ 575 bilhões (R$ 2,1 trilhões) de receita em 2023, alta de 12%.

Muito além dos livros. Em 1994, a empresa nasceu "apenas" como uma livraria digital batizada de Cadabra, criada por Jeff Bezos, recém saído do mercado financeiro. Logo depois, passou a vender todo tipo de produto e revolucionou o varejo.

↳ A companhia apostou em mais frentes: infraestrutura de tecnologia, livros digitais, logística, dispositivos pessoais como Echo.

↳ As tacadas mais recentes foram entretenimento, streaming e inteligência artificial.

Sim, mas… A "big tech" é alvo de críticas por pressionar os trabalhadores ao limite. Sensores com alta tecnologia, análise de dados e inteligência artificial são usados na gestão dos funcionários.

  • "A tecnologia permite que a empresa exerça poder sobre os funcionários e os pressione atrás de mais resultados e rapidez", diz o professor da Universidade de Toronto Alessandro Delfanti, autor do livro "Amazon: Trabalhadores e Robôs".

Como a Amazon faz dinheiro? O comércio segue como o principal negócio, responsável pela maior parte do faturamento de US$ 575 bilhões.

  • 40% vem das vendas diretas, 24% vem de taxas cobradas de vendedores que usam a plataforma e 3,5% vem de lojas físicas.

  • A AWS (Amazon Web Services) é responsável por 16%.

  • As assinaturas do Amazon Prime fornecem 7%. As propagandas outros 8%.

A AWS. A Amazon Web Services foi fundada em 2002 para oferecer serviços de computação em nuvem e tecnologia da informação. É líder no mundo, com 31 data centers.

Ameaça vem da Ásia… No radar da Amazon, estão concorrentes asiáticas como Shein e Temu. Ambas são agressivas nos preços e ganharam mercado rápido nos últimos anos.

Para contornar isso, a companhia pretende lançar uma seção com descontos nos próximos meses, começando pelos EUA.

↳ No Brasil, porém, o presidente da divisão do país afirma em entrevista à Folha que não há grandes riscos.

… e da corrida pela IA. A Amazon ficou atrás do Google e da OpenAI (Microsoft) no mercado de inteligência artificial direto ao consumidor.

Google e OpenAI priorizaram o desenvolvimento de serviços para pessoas, o usuário final, enquanto ela priorizou soluções para empresas. O segmento agora começa a mostrar força.

Claude vs. ChatGPT. Para marcar alguma presença nos serviços de inteligência artificial ao consumidor, a aposta foi investir US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões) na Anthropic, uma startup. A Anthropic é desenvolvedora do chat "Claude", concorrente do Gemini e ChatGPT.

↳ A assistente Alexa, usada basicamente por usuários finais, também deve ficar "mais esperta" com uma atualização paga em breve.


Os ‘nanoempreendedores’ estão chegando

O grupo que analisa a regulamentação da reforma tributária na Câmara dos Deputados quer criar uma nova categoria de trabalhadores, a dos "nanoempreendedores". Eles ficarão isentos do recolhimento dos novos tributos e poderão continuar na informalidade.

Quem são eles: revendedores de produtos de catálogo, motoristas de aplicativo, entregadores e outros profissionais que têm faturamento de R$ 40 mil por ano.

↳ Pouca coisa muda para os trabalhadores que seguirão sem precisar de um CNPJ.

↳ Quem receber a partir de R$ 40.500 por ano será obrigado a entrar no regime do MEI (Microempreendedor Individual).

A nova categoria foi incluída no relatório divulgado pelos parlamentares nesta quinta (4).

Encomenda. A mudança favorece empresas como Avon, Natura, iFood e Uber. Sem a nova categoria as pessoas que atuam nas plataformas ou como revendedoras precisariam se formalizar, mesmo que as vendas ou a prestação de serviços fossem esporádicas.

Relembre. A reforma tributária prevê a fusão dos cinco impostos atuais em um só, conhecido como IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e usado pela maioria dos países. A transição será de 2026 a 2033 (entenda nestes gráficos)

↳ A alíquota prevista é de 26,5%, cobrada em cima dos serviços prestados e bens.

Há diversos regimes especiais: isenção dos alimentos da cesta básica, taxas mais baixas de remédios e também para advogados, economistas e médicos.

Tem mais. Os deputados ampliaram benefícios para o setor imobiliário e construção civil, que já tinham um regime especial. Eles terão desconto no valor pago. Outra novidade desta quinta foi ainclusão de jogos de azar e carros elétricos no Imposto Seletivo,

E a carne? Mesmo com pedidos do presidente Lula, os deputados mantiveram o alimento fora da lista da cesta básica, que tem 100% de isenção e 15 itens, como arroz, leite e manteiga.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, argumentou que isso poderia elevar a alíquota geral dos outros produtos acima dos 26,5%. O valor já é um dos maiores do mundo.

Como assim? Quanto mais exceções e regimes especiais, maior a cobrança sobre o que fica fora. Funciona como uma compensação. As exceções foram uma das principais críticas de especialistas à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma.

E agora? O texto de regulamentação da reforma será votado no plenário na próxima semana, segundo Lira.


Mais elétricos nas ruas

Cerca de 80 mil carros elétricos foram vendidos no primeiro semestre deste ano no Brasil. O número é 146% maior do que o registrado no mesmo período de 2023.

↳ 300 mil elétricos circulam no país, estima a associação de montadoras Anfavea. Isso representa 1% do total de veículos no Brasil.

No levantamento, são consideradas todas tecnologias de eletrificação: os 100% movidos à bateria e os diversos tipos de híbridos. Entenda cada um aqui.

Enxurrada chinesa. A indústria nacional pede que o governo apresse os planos de aumentar a taxação dos elétricos importados. Com preço baixo, a chinesa BYD lidera por aqui no segmento.

Entenda: a taxa para carros 100% elétricos é de 18%, mas a previsão é chegar em 35% em dois anos. Em 2023, eles eram isentos.

A associação das montadoras pediu a mudança para já e afirma que a importação prejudica não só as vendas internas mas também as exportações brasileiras.

O setor estima que o país fará mais importações que exportações de carros pela primeira vez em 2024. A previsão é de 450 mil carros importados e 407 mil exportações.

Mais interesse. A edição mais recente da pesquisa Ipsos Drivers, de março, mostra que 16% dos entrevistados consideram comprar um carro 100% elétrico movido à bateria em um futuro próximo. Em 2023, o índice ficou em 14%.

↳ Isso levaria à venda de 350 mil unidades por ano apenas deste tipo de veículo.

Só à bateria? As atenções tendem a se dividir com os modelos híbridos flex (capazes de rodar com etanol, gasolina e eletricidade), vistos como os de maior potencial no Brasil.

↳ A associação da bateria com o etanol é apontada, inclusive, como a opção mais sustentável depois dos carros 100% à bateria.


Para ler:

  • "Iludidos pelo acaso, a influência da sorte nos mercados e na vida", 328 páginas, Nassim Taleb

O escritor Nassim Nicholas Taleb, autor do best-seller "Antifrágil", estatístico de 64 anos que fez carreira no mercado financeiro. No livro "Iludidos pelo acaso", ele argumenta que o sucesso tem sempre um pouco de sorte e acaso por trás. Outra das suas obras, "Arriscando a própria pele", tem crítica publicada pela Folha.

Taleb usa exemplos de empresários e investidores que alcançaram o desejado topo com um empurrão de eventos aleatórios. O escritor indica também como nossa vida pessoal está sujeita a isso.

"Iludidos pelo acaso" ajuda a entender um pouco o comportamento do tão falado "mercado" no noticiário econômico, e vira e mexe é criticado pelo presidente Lula.

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