Negócios apostam em comida de gente para bichos de estimação

Dieta natural e balanceada é entregue congelada e pode ser customizada de acordo com as restrições do animal

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São Paulo

O mercado de comida natural para pets tem crescido no Brasil nos últimos anos. Quem opta por essa modalidade deixa total ou parcialmente de dar ração a seus animais para lhes oferecer dieta similar à humana.

Como poucos têm tempo para preparar tudo o que é necessário para suprir as necessidades nutricionais dos pets, empresas oferecem esse serviço, entregando porções balanceadas e congeladas.
Criada em 2014, a Okena Pet Chef tem planos de assinatura com refeições básicas (duas receitas de carne e duas de frango) e premium (com duas receitas adicionais de porco e ingredientes extras, como lentilha), mas é possível também customizar a alimentação.

“O cliente que tem um cão com necessidades especiais nos diz o que precisa e montamos. Também podemos funcionar como uma farmácia, a partir das recomendações de um veterinário”, diz Daniela Prado, 51, fundadora.

Cerca de 80% dos clientes (600) têm planos de assinatura, nos quais a comida é entregue toda semana. Na linha básica, o preço é R$ 169,10 por mês; na premium, R$ 172,70.

O restante compra de maneira avulsa. A empresa, presente no Rio e em São Paulo, tem 13 funcionários e fatura cerca de R$ 330 mil por mês.

A Green Buddy, fundada em 2016, funciona só no modelo de assinatura. Quando um novo cliente chega, seu pet passa por uma avaliação.

“A gente conversa com o dono, pede exames e indica a quantidade correta de comida. Pode até acontecer de haver cachorros que não podem consumir nossa dieta”, diz Lio Volino, 43, fundador. É o caso de cães com pancreatite, por exemplo, que precisam comer ração especial.

As receitas também variam de acordo com a estação. “A comida tem de ser saborosa e diferente, para o cachorro não acostumar o paladar”, diz Tania Gomes Luz, cofundadora.

A Green Buddy fabrica e vende todo mês seis toneladas de alimento. O plano mais barato de assinatura, para pets pequenos, custa R$ 180.

A empresa, que tem dez funcionários e atua na Grande São Paulo, faturou R$ 1,4 milhão em 2020. Nesse filão de mercado, a pandemia não atrapalhou os negócios.

“Em casa, as pessoas prestam mais atenção no cachorro. Percebem se estão obesos, se têm alergias”, diz Tânia.

A empresária Juliana Bechara, dona da La Pet Cuisine
A empresária Juliana Bechara, dona da La Pet Cuisine - Keiny Andrade/Folhapress

Na La Pet Cuisine, fundada em 2012, cerca de 80% dos clientes optam por customizar a alimentação de seus pets. “A gente faz a formulação e entrega a cada 15 dias”, diz Juliana Bechara, 50, fundadora.

Um pacote básico para cães pequenos, sem customização e com ingredientes menos nobres, como frango, custa entre R$ 180 e R$ 200. A empresa também tem uma linha “faça você mesmo”, na qual envia os ingredientes e a receita para o preparo em casa.

A companhia, que atende a Grande São Paulo, tem 12 funcionárias e faz entre 600 e 700 entregas por mês. Não revela faturamento, mas cresceu 5,5% no ano passado.

Já a Pegada Natural aposta nas vendas em pet shops —que não fecharam durante a pandemia. A modalidade responde por cerca de 90% do faturamento da empresa.

Segundo Grazielle Figueiredo, 33, fundadora, os kits mais vendidos são carne com aveia, frango com quinoa, e carne suína com beterraba e batata doce. É possível comprar os produtos da marca em 120 lojas no estado de São Paulo.

“Não temos customização, mas sim opções para cães com restrições. Há, por exemplo, um kit com carne de avestruz, que pode ser consumido por animais intolerantes a outras proteínas”, diz. Um pacote de 1,44 kg de avestruz com alecrim custa R$ 75; o de carne com aveia sai por R$ 61.
Num mês, a empresa, com sete funcionários, vende cerca de 5.500 kits e fatura aproximadamente R$ 150 mil.

Das companhias citadas, a Okena e a La Pet Cuisine também produzem comida para gatos, mas os felinos respondem por só 5% e 10% da clientela, respectivamente. Carnívoro estrito, o animal tem paladar mais exigente —a Okena está testando novas opções, com boa aceitação. Já a Green Buddy ainda não atende gatos, mas pretende entrar nesse mercado no futuro.

Flávia Saad, veterinária e professora de nutrição de animais de estimação na Universidade Federal de Lavras (MG), diz que houve um boom no mercado de comida natural para pets nos EUA em 2007 e que, aqui, as primeiras empresas começaram a operar entre 2012 e 2013, com a tendência se consolidando atualmente.

“Se o tutor quiser dar comida natural, é melhor contratar um profissional especializado ou uma empresa, porque não vai conseguir produzir em casa alimentos com todos os nutrientes que os animais precisam. Se for para fazer coisas da cabeça dele, é melhor dar ração.”

Segundo Juliana Bechara, da La Pet Cuisine, algumas das vantagens da comida natural, quando balanceada, são aumento no brilho dos pelos, da energia e da ingestão de água.

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