Em termos de venda, não haverá outro Mundial como este, diz especialista em marketing esportivo

Redes dão a possibilidade de chegar a consumidor apaixonado por esportes sem gastar milhões, afirma executivo

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São Paulo

Para empreendedores da área do esporte, apostar em influenciadores digitais para alavancar as vendas pode ser mais promissor que se associar à Copa do Mundo, afirma Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo.

De acordo com ele, não é necessário contratar figuras com milhões de seguidores, como o streamer Casimiro.

Especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi diz que a Copa do Mundo deste ano promete trazer bons resultados ao mercado de esportes - Acervo pessoal

"Os microinfluenciadores têm números menores, mas também são importantes", diz. Somoggi é diretor da Sports Value, empresa especializada em marketing esportivo.

Ele também diz que a Copa não pode ser ignorada pelos empreendedores, já que ela vai acontecer durante a Black Friday e perto do Natal.

"Em termos de venda, não haverá outra Copa como esta. A noite de Natal acontece uma semana depois da final", afirma.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em agosto, a Copa não provoca interesse em 51% dos brasileiros. Em 2002, esse percentual era de 22%. O evento ainda tem potencial para impulsionar negócios? 

Como a Copa vai acontecer durante a Black Friday e perto do Natal, os efeitos dela nos negócios podem se estender até o Carnaval. Eu acho que não dá para ignorá-la. O brasileiro pode dizer na pesquisa que não está tão empolgado, mas se a seleção começar a ganhar dois, três jogos, isso vira lucro.

Eu acho que é uma oportunidade única para o empreendedor, porque nós nunca tivemos uma Copa em novembro e dezembro. Em termos de venda, não haverá outra Copa como essa.

Como os pequenos e médios empreendedores podem aproveitar a Copa para aumentar as vendas? A Copa tem dois mundos: um em que empresas fazem negócios com outras empresas e outro em que empresas fazem negócios com o consumidor. Investir no primeiro é mais fácil.

Uma loja pode fazer uma festa ou um almoço com os fornecedores durante um jogo da Copa onde todo mundo vai estar reunido negociando contrato e assistindo à partida.

Se você não tem verba, talvez seja mais efetivo apostar no negócio entre empresas, porque muitas vezes o empreendedor tem limitações.

Ele não pode usar termos ligados à Copa por questões de licenciamento ou não ter verba para impulsionar um post nas redes sociais. Apostar no negócio entre empresas é muito mais fácil.

Se a sua empresa depende da relação com parceiros comerciais, isso acaba reverberando em novos negócios e impactando o consumidor final.

O que o empreendedor precisa levar em conta na hora de entrar no mercado esportivo? Primeiro, é entender como funciona o mercado e, principalmente, onde a sua empresa poderia entrar.

Às vezes, pode parecer impossível entrar, porque é uma indústria muito grande, mas você pode usar estratégias comerciais para se aproximar do consumidor por meio da paixão pelo esporte sem necessariamente gastar milhões.

Um caminho é trabalhar a rede social do negócio ou apostar em algo muito menor do que uma Copa, como uma competição de bairro entre escolas públicas, dando prêmios para divulgar a empresa. O que eu quero dizer é que a onda do esporte não significa ter que patrocinar o Corinthians ou o Flamengo, porque esse é um jogo para poucos.

Se você é uma academia de ginástica, pode chamar um cara mais famoso, deixar ele usar o espaço e fazer umas fotos. Além disso, pode estimular as pessoas a seguirem a rede social da empresa ao se associar aos microinfluenciadores. Eles têm números menores, mas também são importantes.

Qual é o papel dos influenciadores e como as marcas podem se associar a eles para aumentar as vendas? Ter um influencer hoje é fundamental, não importa o tamanho da sua empresa. Se você vai investir em impulsionamento de postagem nas redes, essa estratégia vai ter dez vezes mais impacto com influencer.

Ele pode ser até mais relevante do que a própria Copa. O Brasil dá muita ênfase aos influenciadores, porque o país gasta muito tempo em rede social.

Isso, do ponto de vista publicitário, gera um impacto muito grande porque são os influenciadores dessas redes que fazem a diferença. Qualquer setor precisa ter o apoio de influenciadores
para crescer.

Além do futebol, quais outras áreas são promissoras dentro do mercado esportivo? Os esportes eletrônicos cresceram muito. Não tem como não falar disso, porque o jovem é muito gamer. É um público bem amplo, e é um caminho interessante para as marcas olharem, já que não é tão caro quanto o futebol.

O basquete também cresceu muito por causa da NBA. São mais de 70 milhões de fãs no Brasil hoje por conta disso. Os esportes femininos também vão crescer muito.

Para você ter uma ideia, dados da Fifa mostram que o número de pessoas que assistiram ao menos um minuto da Copa do Mundo feminina de 2019 cresceu 30% em relação ao último campeonato. Já a Copa masculina de 2018 cresceu só 2,2% nessa mesma categoria. Eu sinto que é uma oportunidade para as marcas saírem do lugar-comum.

Quais são os erros mais comuns na hora de entrar nesse mercado? É acreditar que as marcas não têm registro e que você pode sair usando tudo. Por exemplo, o empreendedor cria uma campanha, investe muito e depois a Fifa chama um advogado e manda cancelar por falta de licenciamento.

Há vários termos que são proibidos, como a própria Copa do Mundo, ou o uso de alguns símbolos.
A segunda questão é entender o mundo em que estamos vivendo.

Às vezes, você não precisa comprar publicidade na Globo. Se você tem uma boa ação digital, pode atingir milhares de pessoas, porque o jogo, quando muito, chega a 30 pontos de audiência [cada ponto equivale a 205.755 pessoas em São Paulo, segundo a Kantar Ibope Media], enquanto pesquisas mostram que a internet no Brasil é acessada por 85% da população.

RAIO-X

Amir Somoggi, 47
Diretor da Sports Value, formou-se em administração de empresas com foco em marketing pela ESPM. É mestre em marketing esportivo pela Universidade de Barcelona e especialista em gestão esportiva pela FGV-SP

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