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Franquias de minimercados autônomos chegam a escritórios

Lojas sem atendentes passam a atuar em empresas após boom em condomínios durante pandemia

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São Paulo

As franquias de mercados autônomos encontraram nos edifícios corporativos um caminho para a expansão após o fim das políticas sanitárias da pandemia.

Como dispensam atendentes, as lojas tiveram um boom em condomínios durante o período de isolamento. Depois, com a volta ao trabalho presencial, descobriram nas empresas um ambiente ainda mais lucrativo.

A franquia Maria Gasolina, fundada em 2004 como uma marca de lojas de conveniência em postos de gasolina, começou a ser inserida em condomínios em 2018. Em 2019, passou a ter autosserviço. Recentemente, foi implementada em edifícios empresariais.

Eduardo Córdova, CEO da Market4U, que estreou em 2022 no ranking de microfranquias da Associação Brasileira de Franchising. São Paulo. 20-06-2023 - Lucas Seixas/Folhapress

De acordo com o diretor, Rodrigo Gustavo Benetti, o faturamento nas lojas de condomínio residencial é de R$ 45 mil por mês, em média, e, nas unidades em prédios corporativos, cerca de R$ 30 mil. Mas há mais despesas de instalação nos condomínios.

O lucro dos mercados autônomos da Maria Gasolina (de 20% a 25% de lucro líquido) é maior que o de suas lojas de conveniência (de 5% a 10% — mas o faturamento costuma ser maior nessas unidades).

"Em postos de gasolina, investe-se muito [R$ 500 mil para abrir uma franquia]. Hoje, o foco está em condomínios e empresas", diz Benetti. Como o modelo é mais barato [a partir de R$ 40 mil], é mais fácil achar interessados nesse tipo de negócio. A Maria Gasolina tem cem franquias.

A Minha Quitandinha, fundada em 2020, começou a atuar como mercado autônomo no começo de 2023 e estima faturamento de R$ 22 milhões até o fim do ano. A empresa tem 140 unidades pelo país.

De acordo com o fundador, Guilherme Mauri, a atuação dentro de companhias teve resultado positivo para a marca.

"A única desvantagem de atuar em empresas seria a limitação de horário, já que não podemos ficar abertos 24 horas como nos condomínios. Mas nossa experiência mostrou que o consumo durante o dia compensa essa limitação."

Mauri afirma também que a menor incidência de furtos é outro atrativo. "Nos prédios residenciais, ainda que não seja muito alta, existe uma taxa de furtos. Seja por má fé ou engano, ocorre algumas vezes. Nas empresas, por serem ambientes monitorados e profissionais, a incidência é zero."

Os presidentes das redes afirmam que as empresas têm usado os minimercados como incentivo para a volta ao trabalho presencial.

Eduardo Córdova, presidente da franquia de mercados autônomos Market4u, diz que o faturamento cresceu mais no pós-pandemia (alta de 60% em 2022 ante 2021).

Fundada em 2019, a empresa estreou na lista de principais microfranquias do país da ABF (Associação Brasileira de Franchising) no fim de 2022. Foi a primeira do segmento a entrar no ranking.

A companhia tem 300 franqueados que, somados, comandam 1.900 lojas. Há outras 150 de operação própria.

Entre os edifícios corporativos que contratam a Market4u, há uma empresa que oferece, sem custos, os alimentos e bebidas do mercado aos funcionários e uma que dá 25% de desconto nas compras.

Apesar do crescimento na oferta de postos de trabalho remotos e híbridos, as vagas abertas após a pandemia são majoritariamente presenciais. Elas eram 94% das oferecidas em janeiro, segundo levantamento da plataforma de recursos humanos Infojobs.

A Maria Gasolina negocia a implementação de uma unidade dentro de uma multinacional de produtos eletrônicos. A intenção é atrair os trabalhadores do setor da tecnologia de volta ao trabalho.

"Eles estão com dificuldades para reter e contratar novos funcionários e estão apostando no minimercado como benefício. A ideia é dar um valor para que o colaborador gaste na loja como quiser", diz o diretor Rodrigo Benetti.

O empresário Diego Gonçalves tem unidades da Maria Gasolina nas empresas P&G e CPFL (Companhia Piratininga de Força e Luz), em São Paulo.

"Eles estavam procurando um diferencial para a empresa, e a franquia é personalizada para cada cliente", afirma. Na P&G, longe do centro, ele vende refeições que podem ser preparadas na hora. Na CPFL, mais central, os alimentos são principalmente de café da manhã.

A média de arrecadação por ano é de R$ 700 mil. "Os resultados são ótimos e só estão crescendo."

Rubens Massa, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV, afirma que um dos principais atrativos dos mercados no ambiente de trabalho é a conveniência.

"Essas lojas oferecem uma praticidade que permite ao trabalhador compensar fatores como o tempo de deslocamento, algo que gera resistência ao retorno do trabalho presencial."

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