As previsões do governo britânico para um brexit sem acordo incluem risco de interrupção do abastecimento de remédios e alimentos frescos, paralisações do tráfego em vias que ligam a ilha ao continente e protestos em todo o país.
O diagnóstico faz parte de um relatório publicado nesta quarta-feira (11) que traz as hipóteses do pior cenário possível no caso de uma saída da União Europeia (UE) sem um pacto que regule as relações entre o bloco e os britânicos.
"A disponibilidade de alguns tipos de alimentos frescos diminuirá", afirma o documento. "Há o risco de que esse cenário seja causado ou agravado por pessoas que reajam fazendo compras excessivas."
O texto também estima que veículos de carga possam demorar até dois dias e meio para cruzar o Canal da Mancha, onde o tráfego pode cair até 60% nos dias seguintes ao brexit.
Como consequência, o fornecimento de combustível pode ser fortemente prejudicado.
A entrada e saída de britânicos dos países europeus, serviços financeiros internacionais e o compartilhamento de informações com autoridades de segurança estrangeiras também deverão ser afetados, prevê o governo britânico.
O relatório foi preparado em 2 de agosto, apenas nove dias após o primeiro-ministro Boris Johnson assumir o cargo.
O governo considera que empresas e órgãos públicos estarão pouco preparados para uma saída sem acordo devido à crescente confusão política em torno do divórcio do bloco, atualmente programado para o 31 de outubro.
"O fato de o governo ter tentado ignorar esses alertas graves e impedir o público de ter acesso a eles é totalmente irresponsável", disse a porta-voz do Partido Trabalhista, Keir Starmer.
"Boris Johnson precisa admitir que ele foi desonesto com o povo britânico em relação às consequências de um brexit sem acordo."
Ainda nesta quarta, um tribunal de apelações da Escócia julgou ilegal a suspensão das atividades do Parlamento britânico por cinco semanas feita a pedido de Boris.
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