Descrição de chapéu Brexit

Secretária do Trabalho de Boris renuncia por discordar de brexit sem acordo

Saída de Amber Rudd é segunda baixa no governo britânico nesta semana

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Londres | AFP

A secretária de Trabalho e Previdência do Reino Unido, Amber Rudd, anunciou sua saída do governo de Boris Johnson neste sábado (7), por não concordar com a estratégia do primeiro-ministro para o brexit.

O cargo no Reino Unido equivale ao de ministro no Brasil.

 

"Não posso ficar quando bons e leais conservadores moderados são excluídos", declarou Rudd, em uma carta de renúncia.

Nesta semana, 21 deputados do Partido Conservador foram expulsos por votarem a favor de uma lei que impede a realização de um brexit sem acordo.

O governo de Boris Johnson é contra essa medida. 

Amber Rudd renunciou ao cargo de secretária do Trabalho e Aposentadoria neste sábado (7)
Amber Rudd renunciou ao cargo de secretária do Trabalho e Aposentadoria neste sábado (7) - Ben Stansall - 2.set.19/AFP

Rudd, que também era ministra de Mulheres e Igualdades (equivalente a secretários de pasta no Brasil) publicou a carta de renúncia em rede social.

"Eu continuo comprometida com os valores do partido, que me levaram à política", escreveu. "Entrei para o governo com boa fé: aceitei que o 'no deal' [saída da União Europeia sem acordo] precisava estar na mesa por ser o meio pelo qual teríamos a melhor chance de alcançar um novo acordo em 31 de outubro", afirma na carta. 

"No entanto, não acredito mais que a saída com acordo seja o principal objetivo do governo."

Semana difícil

Esta não foi a primeira baixa do governo de Boris Johnson nesta semana.

Na quinta-feira (5), seu irmão mais novo, Jo, renunciou à cadeira no Parlamento e ao cargo de ministro de Negócios (função semelhante à de secretário no Brasil).

O motivo também foi a discordância com a política adotada pelo primeiro-ministro britânico para o brexit.

A estratégia de Boris de tentar a saída da União Europeia a qualquer preço está causando divisões profundas em seu partido, e vários parlamentares veteranos da legenda anunciaram que não vão buscar a reeleição. 

Na quarta (4) um grupo de conservadores rebeldes se aliou à oposição e aprovou um projeto que proíbe o premiê de realizar o brexit em 31 de outubro caso não exista um acordo com o bloco para regular a relação futura entre eles.

A resolução aumentou ainda mais a incerteza que assola o país e pode fazer com que o brexit seja adiado para 2020.

Como resposta, Boris tentou convocar novas eleições, mas a proposta acabou barrada pelos deputados.

O governo tentará votar de novo a antecipação das eleições gerais na segunda (9), antes da suspensão do Parlamento pedida na semana passada. A aprovação ou não da votação depende do apoio dos trabalhistas. 

O líder da sigla, Jeremy Corbyn, indicou que poderia apoiar a convocação de uma nova eleição já na próxima semana, quando o projeto que impede o brexit sem acordo deve receber a aprovação da rainha e virar lei oficialmente. 

Parte dos parlamentares da sigla, porém, defendem que a eleição só seja autorizada depois que Boris pedir o adiamento do brexit para a União Europeia, o que só deve ocorrer em 19 de outubro —dois dias antes, o premiê e os principais líderes europeus devem se reunir para tentar resolver a questão.  


ENTENDA A CRISE NO REINO UNIDO

O início

Decidido em plebiscito de junho de 2016, o adeus de Londres à União Europeia (UE) foi objeto de negociações formais por mais de um ano e meio.

Derrota de Theresa May

O pacto fechado pela então primeira-ministra, Theresa May, acabou rejeitado pelos deputados britânicos três vezes, levando à renúncia da conservadora em julho passado.

A chegada de Boris...

O sucessor de May, Boris Johnson, assumiu o cargo prometendo resolver o impasse a qualquer custo até 31 de outubro de 2019, prazo final do brexit. Para isso, suspendeu o Parlamento por cinco semanas para evitar reveses na fase final de negociações.

...e a sua derrota

Nesta quarta (4), o Parlamento aprovou projeto que proíbe o país de deixar a UE sem antes ter um acordo para regular as relações comerciais futuras. Boris não aceitou a nova regra e tentou convocar novas eleições para 15 de outubro, mas a proposta foi derrubada.

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