Conheça 20 livros, filmes e séries que são um bom presente e ajudam a entender 2019

Obras debatem principais assuntos que dominaram a política internacional durante o ano

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São Paulo

Como explicar um ano marcado pela guerra tecnológica entre Estados Unidos e China, pela interminável saga do brexit, pela contínua crise dos refugiados e por diversos outros assuntos que ocuparam o noticiário internacional? 

Para responder a essa questão, a Folha pediu a jornalistas e colunistas para indicarem livros, séries e filmes recentes que pudessem ajudar a compreender 2019 e a projetar o que virá pela frente no próximo ano.

Personagens de "Years and Years" sentados em um sofá assistindo TV
Elenco da minissérie britânica "Years and Years", que imagina como será a próxima década - Divulgação

O resultado é essa lista com 20 obras entre ficção e não ficção. Parte delas está disponível em português, mas algumas ainda não foram publicadas no Brasil e possuem apenas versão em inglês ou em espanhol. 

A relação entre Estados Unidos e China, por exemplo, aparece no livro “AI Superpowers” e no documentário “American Factory”. Já para entender o fortalecimento de Vladimir Putin, vale ler a dupla “Crimeia” e “In Putin’s Footsteps”.

Em uma América Latina em polvorosa, “Sinceramente”, espécie de autobiografia da nova vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, trata do retorno dos peronistas ao poder.

Há ainda “O Povo Contra a Democracia”, representante de 2019 de um filão que fez sucesso na lista do ano passado: o de livros que tentam explicar a atual crise da democracia liberal.

Noite em Caracas”, de Karina Sainz Borgo 

Ed. Intrínseca, R$ 32,32, 240 págs. 

Venezuelana radicada na Espanha, a autora se alimenta da dura realidade em sua terra natal para escrever um romance cheio de descrições cruas sobre um país em desintegração. O enredo, em que a personagem principal tenta sobreviver após a perda da mãe e a invasão de sua casa por "filhas da revolução", prende a atenção. (Flávia Mantovani)

“Eu estou aqui”, de Maisa Zakzuk 

Ed. Panda Books, R$ 33,94, 64 págs. 

Boa maneira de abordar com crianças e adolescentes o tema das migrações de forma natural, sem didatismo exagerado. O livro infantojuvenil conta a história real de crianças de países como Síria, Venezuela e Bolívia que vieram para o Brasil com suas famílias. Há quadrinhos com informações relacionadas a cada país, como a divisão entre as Coreias, o idioma guarani no Paraguai ou o significado do Ramadã muçulmano. (Flávia Mantovani)   

"Tornar-se Palestina", de Lina Meruane 

Ed. Relicário, R$ 40,70, 200 págs.  

O Chile tem a maior comunidade de palestinos exilados do mundo. Entrelaçando memória e narrativa histórica, a escritora chilena narra o exílio de seu avô palestino no país e sua recusa em retornar à terra natal parcialmente controlada por Israel. Ela então viaja a Beit Jala, na Cisjordânia, e relata em cenas do cotidiano a tensa convivência entre os dois povos. (João Perassolo) 

“The Future is Asian”, do Parag Khanna 

Ed. Simon & Schuster, R$ 73,44, 449 págs. 

Se o século 19 foi da Europa e o 20 dos EUA, o século 21 é da Ásia. O autor trata das implicações do deslocamento do centro de gravidade do mundo. Apesar de algumas generalizações questionáveis, o livro é uma bela contribuição para entender melhor o continente —e não apenas a China. (Tatiana Prazeres)

"American Factory" 

Dir.: Julia Reichert e Steven Bognar; 115 min; Netflix. 

Em Dayton, Ohio, uma antiga planta da General Motors, fechada na crise financeira, é comprada por um investidor chinês, que a transforma numa fábrica de vidros. Estranhamento, tensões, alegrias e tristezas marcam o relacionamento entre chineses e americanos no coração dos EUA. (Tatiana Prazeres)

“AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the New World Order”, de Kai-fu ​Lee 

Ed. Houghton Mifflin Harcourt, R$ 87,73, 272 págs. 

O livro é obrigatório para quem quer entender a guerra fria tecnológica entre Estados Unidos e China e o futuro do mundo baseado em big data. O autor, ex-presidente do Google na China, faz um diagnóstico que confirma os temores de Washington: Pequim tem tudo para dominar o setor de alta tecnologia baseada em inteligência artificial. (Patrícia Campos Mello)  

“Enfrentando o dragão: O despertar do feminismo na China”, de Leta Hong Fincher 

Ed. Matrix, R$ 38,88, 264 págs. 

O livro vai além da história de um grupo de ativistas e mostra como o movimento feminista se choca com o governo autoritário na China de hoje. No embalo do #MeToo, a autora analisa como o combate à violência de gênero em uma sociedade ultraconectada ganha espaço online e na cultura pop chinesa.  (Luiza Duarte)

“Somos Belén”, de Ana Correa 

Ed. Planeta, R$ 46,99, 173 págs

O livro-reportagem de uma das fundadoras do movimento feminista argentino Ni Una Menos conta a história de uma jovem de 27 anos que foi parar no pronto-socorro de um hospital por conta de um aborto espontâneo e acabou acusada de ter provocado a perda do feto de forma proposital. Depois, ela foi presa e condenada a oito anos de prisão. (Sylvia Colombo)

"Sinceramente", de Cristina Kirchner 

Ed. Sudamericana, R$ 83,75, 537 págs. 

Ame-a ou odeie-a. Este livro, uma espécie de ensaio autobiográfico da hoje vice-presidente da Argentina, ajuda a mostrar como foi articulado seu retorno ao poder, por meio de um contundente relato em que justifica seus erros e acertos. Por mais que haja distorções sobre as ideias de democracia e Justiça, o livro é essencial para conhecer a mais poderosa líder do peronismo atual. (Sylvia Colombo)

"O Desaparecimento de Josef Mengele", de Olivier Suez 

Ed. Intrínseca, R$ 31,90, 224 págs. 

O romance conta a história do famoso médico do campo de Auschwitz em sua saga na América do Sul. Desde os primeiros dias em Buenos Aires, quando dividiu um quarto de hotel, até sua trajetória no Brasil, encerrada com sua morte na praia de Bertioga. (Sylvia Colombo)  

“Espelho do Ocidente”, de Jean-Louis Vullierme 

Ed. Difel, R$ 54,70, 461 págs.  

O autor, um filósofo francês, disseca os temas da civilização ocidental que alimentaram o nazismo sem o histrionismo usual que o tema provoca. Ajuda a explicar as condições objetivas para o surgimento do movimento, algo útil no mundo de hoje. (Igor Gielow) 

“Crimeia”, de Orlando Figes 

Ed. Record, R$ 74,20, 728 págs. 

A obra de 2010 (recentemente publicada no Brasil) do autor britânico segue atualíssima ao narrar com brilho o conflito do século 19 na Crimeia. Central para entender a rivalidade histórica entre a Rússia e o Ocidente, além da anexação de 2014 da península pelo presidente Vladimir Putin(Igor Gielow)

“In Putin´s footsteps”, de Nina Khruscheva e Jeffrey Tayler 

St. Martin's Press, R$ 103,88, 320 págs. 

A dupla radiografa o atual regime russo, iniciado em 1999, por um ângulo raro, mas fundamental: a geografia do maior país do mundo em território. Distâncias colossais não impediram os autores de cruzar 11 fusos horários, do leste europeu ao extremo oriente asiático, para entrevistar cidadãos comuns e coletar um mosaico de impressões, anedotas e histórias sobre a era Vladimir Putin. (Jaime Spitzcovsky)

“Assad or We Burn the Country”, de Sam Dagher 

Ed. Little, Brown and Company, R$ R$ 112,79, 485 págs.

A partir de raras entrevistas com figuras próximas ao regime de Bashar al-Assad, o jornalista consegue o feito inédito de mostrar como as decisões foram tomadas pelo governo sírio nestes oito anos de guerra, em que o país foi de fato queimado. (Diogo Bercito)

“The Northumbrians: North-East England and Its People: A New History”, de Dan Jackson

Ed. Hurst, R$ 204,88, 320 págs. 

Se alguém quiser entender a derrota histórica dos trabalhistas britânicos, esse é o livro. A obra é uma história global de uma região definidora da identidade inglesa. Na eleição, seus eleitores, historicamente trabalhistas, aderiram aos conservadores e mudaram a história do país. Para quando uma história regional do bolsonarismo? (Mathias Alencastro)

"Years and Years"

Criador: Russell T Davies; seis episódios; HBO e BBC. 

Um oficial de imigração britânico que se envolve com um refugiado. Uma candidata de extrema direita que diz barbaridades. Assistentes de voz que parecem humanos. Poderia ser 2019, mas o seriado se passa num futuro próximo para contar a história de um mundo em colapso. Ah, sim, as pessoas continuam acreditando em terra plana e a natureza começa a ser extinta. Soa familiar? (João Perassolo) 

O Povo Contra a Democracia”, de Yascha Mounk

Companhia das Letras, R$ 63,90, 432 págs. 

O autor, cientista social e colunista da Folha, debate a ascensão do populismo —de esquerda e de direita— no mundo atual. Para ele, o aumento do nacionalismo, a força das redes sociais e a falta de perspectiva econômica estão entre as causas da crise na democracia. (Bruno Benevides)

“Juca Paranhos, o Barão do Rio Branco”, de Luís Cláudio Villafañe G. Santos 

Ed. Companhia das Letras, R$ 67,89, 560 págs. 

Rio Branco era festeiro, hábil politicamente e um grande estrategista, como mostra essa biografia que retrata o patrono de nossa diplomacia e o contexto histórico em que viveu, da transição do Império para a República. Escrita como um livro-reportagem, apesar de ser de autoria de um diplomata de carreira, é didática até nas passagens mais técnicas. (Fábio Zanini) 

“Working”, de Robert Caro 

Ed. Knopf, R$ 66,17, 240 págs.  

O jornalista, maior biógrafo americano vivo, é autor de uma série magistral sobre o presidente Lyndon Johnson. Nesse livro curto, com tintas autobiográficas, o octogenário Caro relembra bastidores de seu trabalho ao longo das últimas décadas. Uma inspiração para jornalistas e historiadores. (Fábio Zanini) 

"Virando a Mesa do Poder"

Dir.: Rachel Lears; 86 min; Netflix. 

Documentário relata gestação do movimento de renovação política que mudou a história do Congresso dos EUA em 2018. A nova estrela do Partido Democrata, Alexandria Ocasio-Cortez, é o centro do debate que culmina no principal drama da oposição a Trump às vésperas da eleição de 2020: para frear o presidente e voltar à Casa Branca é preciso manter um discurso mais moderado ou radicalizar à esquerda? (Marina Dias)

Erramos: o texto foi alterado

O autor do livro “AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the New World Order” é Kai-fu Lee, e não Leta Hong Fincher, como foi incorretamente identificado. O texto foi corrigido.
 

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