A Promotoria de Manhattan sugeriu, nesta segunda (3), que a investigação contra o presidente americano, Donald Trump, pode ser mais ampla do que inicialmente anunciada —incluindo fraude bancária e de seguros.
A indicação veio em uma nova argumentação do procurador Cyrus R. Vance Jr. para exigir que a empresa de contabilidade de Trump obedeça a uma intimação que pede acesso a oito anos de registros financeiros.
No texto, Vance Jr. sugere que não está investigando Trump e uma de suas empresas apenas pelos pagamentos feitos para comprar o silêncio de duas mulheres que disseram ter mantido relações sexuais com o republicano —a ex-atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal.
Sem identificar diretamente o objeto do inquérito, o procurador afirma que a investigação está relacionada a "supostas fraudes bancárias e de seguros da Organização Trump e seus funcionários" e que informações apresentadas anteriormente em tribunais e em reportagens sobre as práticas de Trump nos negócios mostram que a Promotoria tem ampla base legal para pedir a intimação.
Em sua argumentação, Vance Jr. cita reportagens que mostram que o presidente inflou seu patrimônio líquido e o valor de suas propriedades, além de publicações sobre o depoimento de seu ex-advogado Michael Cohen ao Congresso —em que ele afirma que Trump teria cometido fraude de seguros.
Se a investigação for ampliada de fato, o caso se torna um problema mais grave para Trump e os executivos de suas empresas, já que fraude bancária e de seguros são crimes mais graves do que suborno.
A batalha entre Trump e o procurador Vance Jr. pelo cumprimento da intimação já dura quase um ano e chegou à Suprema Corte.
Na semana passada, o presidente fez a mais recente tentativa de anular a intimação, depois que tribunal decidiu que o presidente não estava imune a investigações criminais estaduais.
Em sua segunda emenda de apelação, Trump argumentou que a intimação era "extremamente exagerada" e foi emitida de "má fé".
Em resposta, Vance Jr. afirmou que o argumento de Trump "se baseia na falsa premissa de que a investigação do grande júri está limitada aos chamados pagamentos em dinheiro feitos por Michael Cohen" em nome de Trump.
Cohen foi preso, condenado por sonegação de impostos e por mentir no Congresso. Também foi condenado pela compra do silêncio das duas mulheres.
Para tentar reduzir sua sentença, ofereceu informações aos investigadores que pudessem comprometer Trump e sua família, incluindo no caso relacionado à acusação de interferência russa na disputa presidencial de 2016.
O advogado trabalhou para a Organização Trump por uma década e insiste que todos os atos pelos quais foi condenado ocorreram a mando do presidente.
"Por que eu sou o único?", questionou em uma entrevista à revista The New Yorker, à época da prisão.
"Não trabalhei para a campanha. Trabalhava para ele. Por que sou o único que vai para a cadeia? Não fui eu quem dormiu com a estrela pornô."
O advogado de Cohen afirma que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., deveria ter sido preso, porque foi ele quem "assinou os cheques".
Para o presidente americano e seus aliados, a sentença contra Cohen teve sabor de vingança, depois que o advogado se voltou contra o agora ex-chefe.
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