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Trump chama de patética coordenadora do governo para resposta ao coronavírus

Deborah Birx afirmou no dia anterior que pandemia teria entrado em nova fase no país

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Washington | AFP

Após emitir um alerta de que os Estados Unidos estariam passando por uma nova fase da disseminação do coronavírus, a coordenadora do governo americano para a resposta à pandemia, Deborah Birx, foi chamada de patética pelo presidente Donald Trump.

Em uma mensagem publicada no Twitter nesta segunda (3), Trump sugeriu que Birx aceitou uma crítica feita pela presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, que havia dito para não confiar na médica escolhida pela Casa Branca.

"Então a louca Nancy Pelosi disse coisas horríveis sobre a dr. Deborah Birx e passou a persegui-la porque ela era muito otimista quanto ao bom trabalho que estamos fazendo para combater o vírus chinês, incluindo vacinas e remédios", escreveu o republicano.

"Em vez de reagir a Nancy, Deborah mordeu o anzol e nos atingiu. Patética!"

No domingo (2), Birx declarou à rede de notícias CNN que os Estados Unidos estavam entrando em uma nova fase da disseminação do novo coronavírus, em que a doença estaria se alastrando muito mais do que durante a primeira fase da pandemia, quando atingiu grandes cidades como Nova York e Seattle.

"O vírus se propagou de forma extraordinária. Está presente tanto nas zonas rurais quanto urbanas", disse Birx. "Então, a todos que vivem em áreas rurais: vocês não são imunes."

A especialista também pediu a habitantes de regiões com novos surtos que usem máscaras, até mesmo em suas residências, caso morem com indíviduos com comorbidades e suspeitos de estarem infectados.

A coordenadora de resposta ao coronavírus do governo americano, Deborah Birx (à dir.), em encontro com o presidente Donald Trump no salão oval da Casa Branca
A coordenadora de resposta ao coronavírus do governo americano, Deborah Birx (à dir.), em encontro com o presidente Donald Trump no salão oval da Casa Branca - Carlos Barria - 28.abr.20/Reuters

A fala da médica veio após críticas não apenas de Pelosi, mas também de outros democratas, para quem Birx estaria adaptando suas mensagens para obter a aprovação de Trump.

"Acredito que o presidente está divulgando desinformação sobre o vírus, e ela foi nomeada por ele. Então, não tenho confiança nela", declarou a presidente da Câmara à rede ABC no domingo.

Após as declarações, a Casa Branca saiu em defesa de Birx. Alyssa Farah, diretora de comunicação estratégica do governo, escreveu no Twitter que "é profundamente irresponsável tentar repetidamente minar e criar desconfiança pública sobre a dra., principal profissional de saúde da força-tarefa".

Apesar da mensagem, o governo Trump tem entrado em conflito com especialistas de saúde pública do país. A ofensiva também mira Anthony Fauci, maior especialista em doenças infecciosas dos EUA.

Conforme Fauci passou a manifestar com mais veemência suas preocupações sobre o aumento de casos de coronavírus no país, assessores de Trump começaram a criticar seus discursos, fornecendo anonimamente detalhes a vários veículos de mídia sobre declarações dadas no início do surto de coronavírus que, segundo eles, foram imprecisas.

Pressionado por pesquisas que apontam um cenário cada vez mais difícil para sua reeleição, o presidente havia decidido testar uma mudança de postura diante da pandemia.

Defendeu o uso de máscaras, o retorno das aparições diárias para falar da crise sanitária com gravidade e a suspensão de grandes eventos de campanha no momento em que o país mergulha em novos recordes de casos de Covid-19.

Em sua primeira entrevista coletiva sobre a pandemia desde meados de abril, chegou a dizer que "[o cenário] vai ficar pior antes de melhorar", uma mensagem não muito distante da dita por Birx à CNN.

No último dia 28, no entanto, ele republicou um vídeo em que um grupo de médicos divulga informações enganosas sobre a pandemia, criticando a recomendação do uso de máscaras e afirmando que já há cura para a Covid-19 —a hidroxicloroquina seria uma das opções.

A postagem original havia sido feita por um de seus filhos, Donald Trump Jr., cuja conta no Twitter foi suspensa por violar as regras de desinformação da plataforma.

Os Estados Unidos já atingiram mais de 4,5 milhões de casos confirmados e contam 155.124 mortos até esta segunda, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins.

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