Descrição de chapéu Coronavírus

Ensaio de fotos mostra como a pandemia de Covid ainda afeta a rotina de seis cidades

Depois de enfrentarem surtos da doença com intensidades distintas, Jerusalém, Mumbai, Milão, Porto Alegre, São Paulo e Manaus tentam retomar a vida normal

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São Paulo

Comparar em imagens a vida nas ruas em seis grandes cidades, sob diferentes estágios da pandemia do coronavírus. Foi com esse o objetivo que seis fotojornalistas registraram para a Folha, na semana passada, o cotidiano de Milão, Jerusalém, Mumbai, São Paulo, Manaus e Porto Alegre.

Refletindo a dinâmica da transmissão do vírus pelo mundo, cada uma delas enfrentou os piores momentos da pandemia em fases e com intensidades diferentes.

Com a vacinação agora avançando de maneira também desigual, elas vão retomando aos poucos suas atividades, mais ou menos abertas e se adaptando a repiques provocados por novas variantes ou falhas na imunização.

Em Milão, registrada pelo fotógrafo Rafa Jacinto, os italianos estão na chamada “fase branca” desde meados de junho, mas continuam obrigados ao uso de máscaras em locais fechados e espaços abertos com grande concentração de pessoas.

A Lombardia, onde fica Milão, foi a primeira região a chocar o mundo pelos efeitos devastadores da Covid-19, com imagens de caminhões frigoríficos para guardar corpos e relatos de mortos deixados dias em casa por falta de pessoal disponível para o recolhimento.

Foi também o primeiro local da Europa a decretar um lockdown, em março de 2020, imposto dias depois em toda a Itália e seguido por outros países.

Agora, o governo italiano prevê vacinar 80% da população até setembro. Até a semana passada, a Itália contava com cerca de 32% da população completamente imunizada.

Desde o início da pandemia, 127,6 mil italianos morreram vítimas da Covid-19, uma taxa de 211 óbitos por 100 mil.

Em Jerusalém, fotografada por Quique Kierszenbaum, a vida já voltou praticamente ao normal graças a uma das campanhas de vacinação mais bem-sucedidas do mundo patrocinada pelo governo israelense.

Com cerca de 60% da população totalmente imunizada, Israel suspendeu quase todas as restrições de circulação à medida que os novos casos despencaram.

Nos últimos dias, no entanto, ocorreu um aumento aparentemente causado pela chegada da variante delta, altamente contagiosa e que se espalha rapidamente entre indivíduos não vacinados, incluindo crianças.

Mais uma vez, Israel passou a exigir o uso de máscaras em espaços públicos fechados e o governo adiou para o início de agosto a reabertura do país a turistas vacinados, originalmente programada para 1º de julho.

Israel registrou cerca de 6.400 mortes desde o início da pandemia e tem uma uma taxa de 71 óbitos por 100 mil, entre as menores do mundo.

A variante delta que agora assusta os israelenses foi inicialmente identificada na Índia. O país assiste desde abril a colapsos seguidos no sistema de saúde em várias cidades, sobretudo após o surgimento de uma nova cepa, já chamada de delta plus, ainda mais infecciosa.

Lá Fora

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Em Mumbai, cidade indiana mais populosa e fotografada por Subhash Sharma para a Folha, os novos casos e mortes pelo coronavírus obrigaram as autoridades a apertar as restrições.

Lojas e estabelecimentos essenciais podem permanecer abertos até às 16h diariamente, mas os não essenciais têm de fechar nos finais de semana, assim como restaurantes, que só podem funcionar com 50% da capacidade.

A Índia figura entre os países com maior suspeita de subnotificação de casos e mortes; e o dado oficial de apenas 29,3 óbitos por 100 mil é considerado fortemente subestimado.

Apesar de ser uma grande fabricante de vacinas, apenas 4,3% da população está completamente imunizada, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

Uma das vacinas contra o coronavírus fabricada pela Índia é a Covaxin. No Brasil, ela está no centro de um contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo Ministério da Saúde para a compra de 20 milhões de doses, por meio da Precisa Medicamentos, e que passou a ser investigado pela CPI da Covid no Senado.

A comissão suspeita do contrato, fechado em tempo recorde, quando a vacina ainda não tinha tido todos os dados divulgados, e por prever o maior valor por dose, em torno de R$ 80 (ou US$ 15 cada).

Meses antes, o governo Bolsonaro negou propostas de vacinas mais baratas e já aprovadas em outros países, como da Pfizer, que custava US$ 10 a dose, e cuja compra poderia ter adiantado em vários meses o início do programa de imunização no Brasil

Cidades brasileiras como São Paulo, Manaus e Porto Alegre, fotografadas por Danilo Verpa, Bruno Kelly e Daniel Marenco, respectivamente, ainda sofrem com os efeitos da pandemia e da restrição de atividades.

Entre elas, Manaus foi a mais afetada pela pandemia e a primeira a entrar em colapso, em abril do ano passado, para depois reviver trauma parecido, no início de 2021, com a falta de oxigênio em hospitais.

Já a cidade de São Paulo registrou 15,5% mais mortes por Covid-19 nos primeiros seis meses deste ano ante março e dezembro de 2020, com alguns momentos em que o sistema teve dificuldades para encontrar leitos de UTI para pacientes graves.

O começo de 2021 também foi desafiador para Porto Alegre, onde o sistema entrou em colapso em março pela falta de leitos de UTI —situação revertida depois com a abertura de novas vagas e o avanço da vacinação.

De um modo geral, no entanto, a vacinação contra o coronavírus segue lenta no Brasil, com apenas 13% da população completamente imunizada.

Desde o início da pandemia, o Brasil já perdeu mais de 520 mil vidas para a Covid-19, ou quase 250 brasileiros para cada 100 mil pessoas.

Conheça os fotógrafos

Quique Kierszenbaum
Nascido em Montevidéu, é um fotojornalista baseado em Jerusalém, que cobre o conflito em curso entre palestinos e israelenses. Seu trabalho já foi publicado em veículos como as revistas Time e Newsweek Magazine e os jornais The Guardian e Financial Times

Bruno Kelly
Formado em jornalismo pela Universidade do Vale do Paraíba, é um fotojornalista que vive em Manaus, onde desenvolve trabalhos para a agência de notícias Reuters e para a agência de jornalismo independente Amazônia Real, além de jornais, revistas e ONGs do Brasil e do exterior

Rafa Jacinto
Fotógrafo e filmmaker, começou a carreira como fotojornalista do jornal Notícias Populares em 1999. Foi da equipe que fundou o jornal Valor Econômico e um dos criadores do coletivo Cia de Foto. No final de 2018, mudou-se para Milão, onde mora e trabalha

Subhash Sharma
Fotojornalista que se divide entre Mumbai, Bangalore e Chennai, na Índia. Seu trabalho foi destaque em diversas publicações, entre elas Time, Nikkei Japão, Venerdi Itália, Quebec Science, USA, Courrier International Paris, L’Express France, Daily Mail UK e The Mirror

Daniel Marenco
Formado em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, passou por jornais como Zero Hora, O Globo e Folha de S.Paulo. Cobriu a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada no Rio, em 2016. Em 2014, foi vencedor do Prêmio Folha de Jornalismo

Danilo Verpa
Trabalha há 13 anos como repórter-fotográfico na Folha de S.Paulo. Participou de coberturas nacionais e internacionais, em eventos como Copa do Mundo, Olimpíadas, Jogos Pan-Americanos e Copa América. Recebeu o prêmio POY Latam, em 2017

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