Descrição de chapéu 11 de setembro terrorismo

Filmagem de Gisele Bündchen na manhã de 11 de Setembro foi destruída, conta fotógrafo

Morador de Nova York, Vavá Ribeiro andava de skate em direção ao World Trade Center quando viu a modelo desesperada

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São Paulo

“Acordei naquela manhã com uma mensagem na secretária eletrônica dizendo que um avião tinha batido em uma das Torres Gêmeas”, lembra o fotógrafo brasileiro Vavá Ribeiro, sobre como descobriu que alguma coisa muito errada estava acontecendo na manhã de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Ele morava na cidade havia alguns anos e começou lá a carreira como assistente de fotógrafo.

“Minha primeira reação foi pegar minha câmera, meu skate e ir até lá. Enquanto eu trocava de roupa, o segundo avião atingiu a segunda torre”, conta. Aí, ficou claro para ele e para o mundo todo que aquilo não era um acidente, e sim um ataque terrorista.

Os canais noticiosos já mostravam os dois prédios imensos e idênticos com uma fumaça preta saindo do topo de cada um, resultado da explosão dos dois aviões contra os edifícios envidraçados.

Quando ele chegou à esquina das ruas Canal e Broadway, a menos de 1.500 metros das torres, pôde ver a primeira delas desabando. “Fiquei olhando aquele mar de pessoas cobertas com a poeira branca que invadiu toda aquela área quando o prédio foi ao chão.”

Fotografando sem parar, mas sem nem olhar no visor da câmera, Vavá reconheceu a modelo brasileira Gisele Bündchen andando em sua direção. Os dois se conheceram fazendo fotos de moda. “Ela também estava com uma câmera na mão, filmando tudo, me filmou, filmou a ela mesma, as pessoas, fazia perguntas, queria saber o que estava acontecendo.”

A semana de moda de Nova York tinha acabado de começar, e a cidade estava cheia de modelos e estilistas do mundo inteiro, além de fotógrafos e jornalistas da área. Gisele tinha 21 anos e já era uma das modelos mais requisitadas do mundo. Morava em um apartamento em Tribeca, bairro vizinho ao WTC e que foi evacuado naquela manhã. Nenhum morador pôde voltar para casa naquele dia.

Mas no momento em que viu o fotógrafo brasileiro, Gisele ainda não sabia disso. Só queria entender o que se passava e dar um jeito de ligar para a família no Brasil para tranquilizar os pais e os irmãos. Em 2001, nem todo mundo tinha celular. E quem tinha muitas vezes usava modelo pré-pago.

Pouco depois de encontrar com Vavá, os dois viram o segundo prédio desmoronar e decidiram ir embora dali. Subiam a Sexta Avenida, já sem filmar nem fotografar mais nada, quando foram reconhecidos por mim, que também morava na cidade e estava descendo essa mesma avenida, a pedido da Folha, com uma câmera e um bloquinho de anotações nas mãos, para contar o que tinha visto naquela manhã.

Fiz uma entrevista curta com Gisele e Vavá, que não quiseram que eu os fotografasse daquele jeito afobado. O encontro inusitado virou um texto no jornal do dia seguinte.

Agora, quase 20 anos depois daquele encontro, Gisele mora na Flórida com o marido, a estrela do futebol americano Tom Brady, e os dois filhos do casal. Ela não desfila mais nas semanas de moda pelo mundo nem dá entrevistas, a menos que esteja recebendo por isso.

Se tiver um contrato com uma marca para uma campanha comercial, uma entrevista sobre esse assunto pode fazer parte do acordo. Sem ganhar dinheiro, não fala mais com jornalistas.

Vavá, 51, também se mudou, para Los Angeles, em 2017, e agora vive entre a Califórnia e São Paulo. O material fotográfico que fez na manhã de 11 de setembro de 2001 nunca foi publicado. Os três rolos de filme que ele gastou naquele dia foram revelados, viraram páginas de contatos —nome que se dava às miniaturas das imagens, antes da ampliação— e depois guardados junto com jornais da época.

Já o filme de Gisele, esse foi destruído. “Ela achou que não tinha ficado bonita no filme, acredita?”, diz o fotógrafo. “Encontrei com ela uns anos depois e perguntei o que ela tinha feito com aquele material. Ela disse que tinha jogado tudo fora, que aquele tinha sido o pior dia da vida dela.”

Erramos: o texto foi alterado

A modelo Gisele Bündchen tinha 21 anos de idade em 2001, não 19. Ela mora atualmente no estado da Flórida, não na Califórnia.

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