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Ômicron em Pequim acende alerta para Jogos de Inverno e Ano-novo chinês

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Pequim

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O noticiário nesta semana em Pequim foi dominado pela descoberta de uma pessoa infectada pela ômicron em Haidian, um dos maiores distritos da cidade. É o primeiro caso de transmissão comunitária da Covid-19 confirmado na capital desde outubro.

O temor de quarentenas e alterações em itinerários fez muita gente cancelar viagens às vésperas do Ano-Novo Chinês, que começa na semana que vem.

De acordo com o governo local, a pessoa contaminada em Haidian não viajou para fora de Pequim nem teve contato com nenhum paciente com Covid. ​

  • Ela permaneceu assintomática por mais de dez dias e visitou vários lugares com alta circulação de pessoas, como restaurantes, ônibus e shopping centers;

  • Pequim conseguiu identificar dois outros casos positivos, ambos conectados à paciente de Haidian.

A origem da infecção permanece um mistério, mas o Centro de Controle de Doenças da cidade especulou que a primeira pessoa infectada teria recebido um pacote vindo do Canadá com vestígios do vírus na embalagem.

Trabalhadores com roupa de proteção fazem segurança no distrito de Haidian, em Pequim, que está em lockdown - Reuters

Autoridades de saúde canadense rebateram a afirmação, dizendo ser "altamente improvável" que alguém consiga se contaminar por contato físico com um pacote em trânsito por dias.

Além do caso de ômicron, a cidade também reportou uma infecção pela variante delta, desta vez no rico distrito de Chaoyang. O governo local ainda não deu mais detalhes sobre a descoberta.

Por que importa:

  • As Olimpíadas de Inverno começam em menos de três semanas, e a China ainda alimentava esperanças de mostrar ao mundo sua capacidade de sediar o evento em um quadro de absoluto controle da pandemia. Os surtos localizados tornam mais difícil essa tarefa;

  • Fontes com quem conversei reservadamente não descartam a possibilidade de regras mais duras para reduzir a circulação e a aglomeração de pessoas. Isso, porém, só seria implementado apenas após o Ano-Novo Chinês e as Olimpíadas.


o que também importa

Um anestesista foi preso na China na terça (18) após fazer uma live expondo as partes íntimas de uma paciente durante um procedimento ginecológico. O caso aconteceu na província de Shandong, no leste do país.

De acordo com internautas que chegaram a ter acesso às imagens, a paciente não fazia ideia de que estava sendo filmada. Colegas do anestesista perceberam a transmissão, mas não o impediram.

A plataforma Bilibili (espécie de YouTube chinês), na qual a transmissão aconteceu, disse ter bloqueado imediatamente a conta e enviado detalhes para as autoridades policiais. A empresa disse que vai cooperar com as investigações.

Um grupo canadense de segurança cibernética afirmou que o aplicativo de saúde chinês usado por atletas nos Jogos Olímpicos contém várias brechas de segurança.

Segundo o Citizen Lab, ligado à Universidade de Toronto, o sistema tem falhas de criptografia e até mesmo linha de código com termos políticos censurados.

Conhecido como MY2022, o aplicativo é uma versão especial para os atletas dos códigos de saúde usados diariamente pela população. Com ele, é possível determinar exatamente os locais e os horários visitados por cada pessoa, o que facilita o rastreio de contatos quando há surtos de Covid.

O Citizen Lab diz ter alertado o Comitê Organizador das Olimpíadas sobre as falhas no início de dezembro, mas não recebeu respostas. O app foi atualizado em janeiro, mas as brechas não foram resolvidas. A China não comentou as acusações.

Segundo pesquisa, 83% dos chineses confiam nas instituições do país. Os dados são de um levantamento global realizado anualmente pelo Edelman Trust Barometer.

Os resultados contrariam a tendência no resto do mundo, onde a confiança pública vem caindo: Alemanha (queda de 53% para 46%), Austrália (de 59% para 53%), Holanda (de 63% para 57%), EUA (de 38% para 43%) e Coreia do Sul (de 37% para 42%).

Na China, o crescimento foi de 11 pontos percentuais. A Edelman afirma que o resultado não está ligado apenas "às percepções econômicas, mas também a um maior senso de previsibilidade sobre a política chinesa, principalmente sobre a pandemia".

No Ocidente, as recessões econômicas e o senso de descontrole na contenção da Covid estão entre as principais causas para quedas nos índices.


Fique de olho

A China está desenvolvendo novas regras de acesso a fundos de garantia por empreiteiras e incorporadoras imobiliárias, informou a agência de notícias Reuters.

A medida quer aliviar a crise de caixa na construção civil causada por restrições regulatórias desde que a Evergrande passou a apresentar problemas para cumprir obrigações fiscais.

Um rascunho da nova regulação é esperado durante as Duas Sessões, que começam na primeira semana de março.

Por que importa:

  • Com mecanismos mais simples, a nova legislação deve ajudar empresas do setor a quitar dívidas e a contratar mais fornecedores.

  • Pequim quer reverter de forma ordeira as restrições a crédito e a concessão de licenças, ambas implantadas pelos governos provinciais como precaução à possibilidade de falência da Evergrande.

Para ir a fundo

  • O Centro Empresarial Brasil-China (CEBC) lança no dia 26 um estudo inédito sobre o mercado de e-commerce chinês e como as empresas brasileiras podem explorar a área. O evento de apresentação dos dados está com inscrições abertas. (gratuito, em português)
  • Por décadas, o governo de Hong Kong ignorou o descarte de resíduos na cidade. O South China Morning Post conta nesta reportagem como o problema está saindo do controle e não pode mais ser adiado. (paywall poroso, em inglês)
  • Desde o fechamento das fronteiras, entrar na China é uma tarefa cara, burocrática e imprevisível. O Sixth Tone explica nesta reportagem como a situação piorou ainda mais com o surgimento da ômicron e os surtos de Covid pelo país (gratuito, em inglês)
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