Descrição de chapéu oriente médio

Emirados Árabes constroem distrito inteligente entre Dubai e Abu Dhabi

Com veículos autônomos, 5G e IoT, District 2020 ocupará área onde foi sediada a Expo

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Dubai

Uma área outrora totalmente desértica, transformada para receber os pavilhões da Expo 2020 nos Emirados Árabes Unidos, agora se prepara para abrigar um distrito inteligente e sustentável. A ideia é que o novo centro urbano, entre Dubai e Abu Dhabi, comece a funcionar em outubro.

A exposição ficou em cartaz entre outubro de 2021 e março passado em Dubai —o evento, inicialmente previsto para 2020, teve de ser adiado devido à pandemia de coronavírus. Cerca de 80% da estrutura deverá ser reaproveitada para a nova cidade, numa área de mais de 2 quilômetros quadrados.

Visitantes na Expo 2020 em Dubai - Karim Sahbi - 25.mar.22/AFP

Segundo Sconaid McGeachin, vice-presidente de Comunicação da Expo, a ideia de um centro urbano inteligente entre o polo financeiro e a capital está presente desde o início do projeto do evento. "O espaço já foi construído como uma cidade futura, a qual só estávamos usando para a Expo por seis meses."

Pelo cronograma, já em outubro devem ser instaladas as primeiras empresas. O District 2020 receberá escritórios de grandes companhias como Siemens, Terminus e DP World, mas o foco está nas startups.

Para atrair as empresas, o país lançou um programa de benefícios, que incluem dois anos de espaço de trabalho gratuito, vistos, habitação subsidiada e acesso a tarifas especiais para prestadores de serviços. Num segundo momento, a partir de janeiro de 2023, cerca de 800 unidades residenciais serão entregues.

A ideia é que o District 2020 continue crescendo até atingir a população de 145 mil habitantes. Se o plano dará certo ou não é uma incógnita. O mercado imobiliário de Dubai sofreu forte retração nos últimos anos, e o preço dos imóveis chegou a cair até 40% desde o auge, em 2014. Até a Palm Jumeirah, famosa ilha artificial em formato de palmeira, tem passado por sobressaltos, com proprietários relatando dificuldades para vender imóveis mesmo a preços abaixo da média do mercado, de acordo com o Financial Times.

A localização é apontada como trunfo do District 2020. A área fica na saída de Dubai, na rodovia que conduz a Abu Dhabi. Além disso, está a cerca de 20 km do porto de Jebel Ali, um dos mais importantes do Oriente Médio e entre os mais movimentados do mundo. Além disso, investiu-se fortemente em tecnologia e sustentabilidade. Segundo os organizadores, o local terá internet 5G, objetos conectados por meio de IoT (internet das coisas) e um sistema de transporte público operado por veículos autônomos.

Os prédios devem possuir certificados de engenharia sustentável, e a promessa é de uma cidade com foco nos pedestres e no uso de bicicletas —ideia que na prática precisará driblar obstáculos em uma região em que, no verão, a temperatura média fica acima dos 40°C, podendo beirar os 50°C nos picos de calor.

Os Emirados Árabes possuem uma economia fortemente dependente do petróleo e, ainda que com uma série de dificuldades multiplicadas pela pandemia e pela Guerra da Ucrânia, têm feito esforços para diversificá-la. Uma das frentes visa a criar uma imagem de diplomacia preocupada com a crise do clima: Dubai sediará, em 2023, a COP-28, conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas.

O QUE FOI A EXPO 2020

A Expo 2020 foi a exposição mundial realizada em Dubai entre outubro de 2021 e março deste ano —período que evitou o verão tórrido dos Emirados Árabes. Além de pavilhões dos países, o local recebeu prédios dedicados a três temas centrais: mobilidade, sustentabilidade e oportunidade.

O local ainda tinha atrações como o Garden in the Sky, torre de 55 metros de altura de onde era possível ver toda a área da Expo e a região desértica que se estende para além dos muros do evento. A instalação é uma das obras que permanecerão no local, com visitação aberta quando o District 2020 for inaugurado.

Pavilhões e prédios vistos do alto
Pavilhões da Expo 2020, em Dubai, vistos a partir do Garden in the Sky - David Lucena/Folhapress

Ao longo de seis meses, a Expo registrou 24,1 milhões de visitas —o que não representa o total de pessoas que estiveram no evento, já que 49% dos visitantes estiveram ali mais de uma vez. A meta inicial era de 25 milhões, mas estabelecida antes da Covid; por isso, os organizadores se dizem satisfeitos com as cifras.

O fato de Dubai sediar a exposição chegou a ser alvo de protestos por parte de entidades de defesa dos direitos humanos. No dia em que a Expo começou, a Human Rights Watch divulgou um comunicado em que afirmava que as autoridades emiradenses estavam usando o evento para promover uma imagem pública de abertura quando, na verdade, o país cometia sistêmicas violações de direitos humanos.

As exposições mundiais existem há mais de 170 anos —a primeira edição foi realizada em Londres, em 1851, e tinha como foco mostrar ao mundo as inovações da Revolução Industrial.

Algumas estruturas hoje consideradas icônicas foram construídas para antigas exposições mundiais, como a Torre Eiffel, erguida para a Expo de 1889, o Atomium, feita para a edição de 1958, de Bruxelas, e a Space Needle, torre de 184 metros que hoje é símbolo de Seattle (EUA), que sediou o evento em 1962.

O jornalista viajou a convite da WAM (Emirates News Agency)

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