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Justiça passa ao governo britânico decisão final sobre extradição de Assange aos EUA

Defesa do fundador do Wikileaks tem até 18 de maio para apresentar contestações

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Londres | AFP

A Justiça britânica emitiu nesta quarta-feira (20) a ordem formal que autoriza a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, aos Estados Unidos para ser julgado sob a acusação de espionagem devido à publicação de centenas de milhares de documentos secretos a partir de 2010.

A ordem será enviada agora para a ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, que tem a última palavra em qualquer extradição. A defesa de Assange pode apresentar suas alegações até 18 de maio.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, no período em que viveu na embaixada do Equador em Londres
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, no período em que viveu na embaixada do Equador em Londres - Justin Tallis - 19.mai.17/AFP

A Justiça dos EUA deseja julgar o australiano de 50 anos pela divulgação no WikiLeaks de mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades diplomáticas e militares americanas, que revelaram atrocidades cometidas nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Entre esses documentos está um vídeo que mostra um helicóptero dos EUA atirando em civis, incluindo dois jornalistas da Reuters, no Iraque em julho de 2007, episódio que ficou conhecido como "assassinato colateral" e se tornou emblemático de abusos cometidos pelos americanos em zonas de guerra.

Se for considerado culpado, Assange pode ser condenado a até 175 anos de prisão, em um caso que as organizações de defesa dos direitos humanos denunciam como um ataque à liberdade de imprensa.

O governo americano afirma que o australiano não é jornalista, mas um hacker que colocou em perigo a vida de vários informantes ao publicar documentos completos, sem edição. No dia 14 de março, a Suprema Corte britânica rejeitou um recurso de Assange para apelar contra a extradição.

A defesa poderá agora apresentar argumentos a Patel, na esperança de que ela se oponha à deportação. Depois que a decisão for anunciada, ainda haverá um prazo de 14 dias para recursos.

Dezenas de apoiadores se manifestaram nesta quarta do lado de fora do tribunal com faixas pedindo "Não extradite Assange". À agência AFP uma aposentada de 73 anos que se identificou apenas como Val disse: "Sem pessoas como Julian, nunca saberemos a verdade, e nossos governos podem nos pisotear mentindo para nós".

Vestido com paletó e gravata, o australiano apareceu na audiência por videoconferência da prisão de Belmash, em Londres. Ele está detido no local desde que foi preso, em abril de 2019, pela polícia britânica na embaixada do Equador, depois que o então presidente Lenín Moreno retirou a proteção concedida a ele por seu antecessor Rafael Correa.

​O fundador do WikiLeaks estava refugiado na embaixada equatoriana desde 2012 para evitar ser extraditado para a Suécia por acusações de estupro, que depois foram retiradas. Assange afirma que a denúncia foi uma estratégia das autoridades para entregá-lo aos EUA.

Em janeiro de 2021, a justiça britânica rejeitou a extradição sob o argumento de que o australiano, com saúde física e psicológica frágil, corria risco de cometer suicídio no sistema prisional americano.

Em dezembro, no entanto, Washington conseguiu que a Suprema Corte anulasse essa decisão, garantindo que ele não seria preso na prisão de segurança máxima ADX em Florence, no estado americano do Colorado, onde estão detidos membros da organização jihadista Al Qaeda. O governo americano também afirmou que ele receberá os cuidados clínicos e psicológicos necessários e levantou a possibilidade de permitir que ele cumpra a pena na Austrália, seu país natal.

Para a defesa, liderada por Stella Moris, advogada sul-africana com quem Assange teve dois filhos em segredo durante seus anos na embaixada do Equador e com quem se casou na prisão em Belmash no mês passado, essas garantias não são críveis. "É preciso coragem política para preservar uma sociedade aberta que proteja os editores da perseguição estrangeira", disse Moris.

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