Descrição de chapéu Coreia do Norte Coronavírus

Coreia do Norte testa até água de rios para Covid e diz que surto está sob controle

Agentes de saúde também desinfetam ar e lixo doméstico, afirma mídia estatal

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Seul e Pequim | Reuters e AFP

Autoridades de saúde norte-coreanas estão aplicando testes de detecção de coronavírus em amostras de rios e lagos e desinfetando o ar e o lixo doméstico para tentar combater um surto de Covid no país, afirmou a mídia estatal nesta sexta-feira (27).

O ditador Kim Jong-un declarou estado de emergência e impôs um lockdown nacional neste mês devido a uma onda sem precedentes da doença, que despertou preocupações em relação à falta de vacinas e de suprimentos médicos no país.

De acordo com a agência estatal KCNA, o regime está coletando amostras de várias fontes para verificar se as áreas estão infectadas. "Os setores antiepidêmicos de emergência priorizam o exame de amostras coletadas em rios e lagos, além de desinfetar centenas de milhares de metros cúbicos de esgoto e milhares de toneladas de lixo todos os dias", diz o texto.

Rua vazia na capital da Coreia do Norte, Pyongyang, enquanto a cidade passa pela imposição de confinamento
Rua vazia na capital da Coreia do Norte, Pyongyang, enquanto a cidade passa pela imposição de confinamento - Kim Won Jin/AFP

Não se sabe quais foram os métodos de teste e desinfecção nem, portanto, sua eficácia contra o coronavírus. Um vídeo fornecido pela KCNA mostrou funcionários usando roupas de proteção e máscaras transportando caixas com placas com os dizeres "carregamento de amostra" e "teste de bactéria e vírus".

A agência de notícias Reuters não conseguiu verificar de forma independente as informações contidas no vídeo. "As autoridades estão coletando amostras de pessoas com febre e testando bebidas produzidas em fábricas de água de Pyongyang para garantir que estejam limpas e seguras", afirmou Jo Chol Ung, vice-chefe do Centro Municipal de Higiene e Antiepidemia de Pyongyang, no comunicado.

A Coreia do Norte disse no ano passado ter desenvolvido os próprios equipamentos para o exame PCR, mas nunca confirmou quantas pessoas tiveram resultado positivo, divulgando apenas o número daquelas que apresentam febre. Cerca de 100 mil pessoas tiveram o sintoma na noite de quinta-feira (26), uma redução em relação aos quase 400 mil registrados há cerca de dez dias, divulgou a KCNA, também nesta sexta-feira, citando dados do centro estadual de prevenção de epidemias.

A agência reiterou a mensagem divulgada no fim de semana de que o surto está sob controle. Segundo o governo, a mortalidade caiu drasticamente, há uma tendência de estabilização dos contágios e progresso no diagnóstico e no tratamento de pacientes graças aos "esforços altruístas" dos médicos.

O número total de pacientes com o que o regime chama de febre desde abril subiu para 3.270.850 —a população do país é de 25 milhões—, e o número de mortos, para 69. Especialistas afirmam, porém, que esses números podem ser subnotificados e, por isso, dificultam a avaliação da escala da situação.

Pyongyang importou máscaras e ventiladores antes de anunciar 1º surto

Dados comerciais divulgados por Pequim nesta sexta-feira mostram que a Coreia do Norte importou da China milhões de máscaras, mil ventiladores e outros suprimentos médicos nos meses anteriores ao reconhecimento do primeiro surto de Covid no país.

A ditadura, que anunciou os primeiros casos de Covid em 12 de maio, comprou, de janeiro a abril, mais de 10,6 milhões de máscaras —em dezembro de 2021 não havia adquirido nenhuma. Nesses quatro meses, a China também exportou quase 95 mil termômetros para a Coreia, mais de 33 vezes o valor total de 2021.

Mil ventiladores não invasivos também foram encaminhados ao país em abril, no valor de US$ 266.891, assim como suprimentos laboratoriais que podem ser utilizados ​​em kits de testes de detecção da Covid. Outras exportações médicas incluíram luvas de borracha e roupas de proteção.

A Coreia do Norte fechou suas fronteiras para quase todo o comércio durante a maior parte da pandemia, permitindo apenas recentemente a entrada de suprimentos e produtos em trens e navios vindos da China.

Três aeronaves da Air Koryo, companhia norte-coreana, foram até a China e retornaram a Pyongyang na semana passada com suprimentos médicos, afirma uma fonte diplomática. O ditador Kim Jong-un culpou autoridades pela lenta reação ao surto e mobilizou militares para atuarem em farmácias de Pyongyang.

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