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Multidão fura bloqueio contra Covid na China e exibe frustração com Partido Comunista

Ato em Guangzhou reflete ressentimento popular em resposta às duradouras medidas para frear surtos de coronavírus

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Pequim | Reuters

Multidões derrubaram grades e contenções na cidade de Guangzhou, no sul da China, destinadas a impedir a circulação de moradores para frear um surto de coronavírus na cidade. As cenas circularam em vídeos divulgados nas redes sociais nesta segunda-feira (14).

O ato de revolta, incomum para o país, reforça as demonstrações de ressentimento público contra a rígida política de Covid zero imposta pelo Partido Comunista no início da pandemia e que perdura com relativa severidade até hoje.

Entre os surtos de Covid mais recentes na China, o de Guangzhou é o maior, com novas infecções diárias chegando a 5.000 casos pela primeira vez desde o início da pandemia e alimentando especulações de que os lockdowns localizados podem aumentar.

Vídeos compartilhados no Twitter mostraram cenas caóticas no distrito de Haizhu, com pessoas correndo pelas ruas e protestando contra trabalhadores vestidos com trajes de proteção brancos. A rede social é bloqueada na China, e várias hashtags relacionadas ao tópico "motins" na região foram removidas do Weibo, equivalente chinês à plataforma, na manhã desta terça-feira (15).

Nem o governo da cidade de Guangzhou nem a polícia da província de Guangdong responderam aos pedidos de comentário da agência de notícias Reuters.

"Estava muito tenso ontem à noite. Todos se certificaram de que suas portas estavam trancadas", disse um morador de Guangzhou que usa o nome Chet e vive a cerca de um quilômetro de onde o protesto ocorreu. "Quando aconteceu tão perto de mim, achei realmente perturbador. Não consegui dormir depois de assistir a essas imagens." O complexo residencial onde ele mora está fechado há cerca de 20 dias.

A China registrou 17.772 novas infecções por coronavírus nesta segunda, ante 16.072 no dia anterior. É o maior número diário desde abril, num contexto em que muitas cidades reduziram os testes de rotina de seus moradores depois que as autoridades anunciaram medidas na semana passada destinadas a aliviar o impacto da política de Covid zero.

Mulher realiza teste nasal para detecção de Covid em Pequim - Aly Song -15.nov.22/Reuters

Na capital, Pequim, novas infecções atingiram um recorde de 462 na segunda-feira. Outras cidades importantes, como Chongqing e Zhengzhou, também estão entre as mais afetadas.

A China está lutando para limitar os danos de sua estrita política contra a Covid. O mais recente de uma série de relatórios econômicos mostrou que as vendas no varejo caíram em outubro e que a produção industrial cresceu mais lentamente do que o esperado.

Embora muitos moradores tenham expressado um otimismo cauteloso após o anúncio da semana passada de que algumas das medidas seriam flexibilizadas, as preocupações aumentaram nos últimos dias dado o agravamento dos surtos, e houve confusão quando algumas cidades interromperam a testagem regular.

Sob as novas regras, a testagem de moradores deve ser mais direcionada, aliviando o fardo financeiro para as cidades. Na segunda, por exemplo, o distrito mais populoso de Chaoyang, em Pequim, mudou alguns locais de exames para mais perto de complexos residenciais. A medida aumentou os tempos de espera, o que gerou frustração, já que muitas empresas exigem de seus funcionários resultados negativos nas 24 horas anteriores.

No mês passado, um surto de Covid em uma enorme fábrica da Foxconn que fabrica iPhones em Zhengzhou provocou caos, com muitos trabalhadores fugindo, inclusive escalando cercas, e prejudicando a produção.

Autoridades em Guangzhou, que abriga quase 19 milhões de pessoas, disseram que planejam mais hospitais improvisados, além dos seis que foram construídos, com 20 mil leitos, para observação de pessoas infectadas sem sintomas.

"A curva de infecção de Guangzhou está acompanhando o ritmo do surto de março a abril de Xangai, levantando a questão de saber se um bloqueio em toda a cidade será acionado", escreveram analistas do JPMorgan, referindo-se ao lockdown de dois meses de Xangai este ano.

O banco estima que as cidades com mais de dez novos casos acumulados na semana passada abrigam 780 milhões de pessoas e respondem por 62,2% do PIB.

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