Descrição de chapéu Partido Republicano

Câmara dos EUA divulga declarações de imposto de renda de Trump

Detalhes publicados anteriormente mostravam que ex-presidente americano não pagou imposto em 2020

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São Paulo

Um comitê da Câmara dos Representantes dos EUA, controlada pelos democratas, divulgou nesta sexta-feira (30) seis anos de declarações de imposto de renda do ex-presidente Donald Trump. A publicação acontece dias antes de os republicanos, que ameaçam retaliação, assumirem o controle da Casa.

Detalhes divulgados anteriormente pelo órgão mostraram que, nos primeiros três anos de sua Presidência, Trump pagou US$ 1,1 milhão (R$ 5,82 milhões) em imposto de renda, mas não pagou nenhuma taxa em 2020, pois sua renda, segundo ele, teria diminuído. Durante seu primeiro ano como presidente, Trump pagou US$ 750 (R$ 3.900) em imposto de renda federal e relatou prejuízos de US$ 12,9 milhões.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump deixa a Trump Tower, em Nova York
O ex-presidente dos EUA Donald Trump deixa a Trump Tower, em Nova York - David 'Dee' Delgado - 10.ago.22/Reuters

Os registros, que abrangem quase 6.000 páginas, mostram que a renda e as responsabilidades fiscais de Trump flutuaram drasticamente de 2015 a 2020, entre a candidatura presidencial e o fim do mandato. Levantamento do New York Times indica ainda que o republicano deixou de pagar impostos federais em 10 dos 15 anos anteriores à seu mandato –nessas ocasiões, ele relatou ter perdido muito mais dinheiro do que ganhado.

O jornal americano também constatou que Trump não doou seu salário, de US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões), em 2020, como havia prometido na campanha. Nos três primeiros anos do mandato, porém, relatou doações de caridade de quase US$ 1,9 milhão em 2017 e pouco mais de US$ 500 mil em 2018 e 2019.

Espera-se que os documentos divulgados possam esclarecer se Trump lucrou com as políticas fiscais que chancelou como presidente, o que inclui uma lei de 2017 que forneceu uma série de isenções e cortes de impostos a empresas e pessoas ricas. Até agora, porém, o New York Times descobriu que a legislação, na verdade, prejudicou o ex-presidente: em 2019, ele informou ter pago US$ 8,4 milhões em impostos estaduais e locais, mas, devido aos limites impostos pela nova lei, pôde deduzir apenas US$ 10 mil.

Os documentos mostram ainda que Trump teve contas bancárias em países estrangeiros, como China, Irlanda e Reino Unido. O fato não representa ilegalidade, mas levantou questionamentos sobre quais negócios o republicano manteve no exterior enquanto era presidente e possíveis conflitos de interesses —o político já afirmou que a conta chinesa foi encerrada em 2015, antes de ser eleito.

Em um vídeo publicado nesta sexta, Trump voltou a dizer que é alvo de uma "caça as bruxas" e afirmou que não existam motivos legítimos para que os documentos fossem divulgados. O ex-presidente ainda minimizou a divulgação das declarações e disse que os dados presentes no documento são complexos.

"Embora essas declarações fiscais contenham relativamente pouca informação, não se tratam de informações que quase qualquer um pode entender", disse. "O comportamento dos democratas radicais é uma vergonha para o Congresso dos EUA."

Familiares de Trump também foram mencionados. Em 2018, o ex-presidente pagou quase US$ 1 milhão (R$ 5,2 milhão) em imposto, quase a totalidade do valor desembolsado nos primeiros três anos de sua Presidência. O valor seria a tributação de mais de US$ 14 milhões (R$ 73 milhões) em ganhos com a venda de um complexo habitacional em Nova York, que seu pai, Fred, havia adquirido na década de 1970.

Mas os novos documentos mostram que os ganhos, na verdade, foram maiores. Trump adquiriu US$ 25,7 milhões (R$ 134 milhões) com a venda de propriedades que ele e seus irmãos herdaram de Fred.

Além da venda de imóveis, os documentos mostram que o ex-presidente recebeu dezenas de milhares de dólares em dividendos enquanto estava na Casa Branca de fundos que foram transferidos para ele quando jovem.

A divulgação ocorre dez dias depois que os democratas do Comitê de Meios e Recursos da Câmara publicaram dois relatórios sobre os impostos de Trump, parte de uma investigação sobre a prática da Receita Federal de realizar auditorias obrigatórias nas finanças dos presidentes enquanto estão no cargo.

Os relatórios descobriram que o órgão falhou em auditar Trump durante os primeiros dois anos de sua gestão e não iniciou o processo de exame até 2019, quando os democratas começaram o processo judicial para ter acesso aos registros fiscais do então líder americano.

Diferentemente de antecessores, Trump sempre se negou a disponibilizar seus documentos fiscais, alegando se tratar de dados privados. A questão foi resolvida no mês passado, pela Suprema Corte, após o tribunal negar um pedido do republicano para que o Congresso não tivesse acesso às declarações.

Nesta sexta, os republicanos prometeram vingança, reforçando que assumirão o controle da Câmara em 2023. O deputado Kevin Brady, principal republicano do comitê, alertou que os futuros presidentes de comissões terão poder "quase ilimitado" para tornar públicas as declarações fiscais de "cidadãos, inimigos políticos, líderes empresariais e trabalhistas e até mesmo dos juízes da Suprema Corte". "A longo prazo, os democratas vão se arrepender", disse ele em um comunicado.

Ainda neste mês, outro comitê da Câmara havia recomendado o indiciamento de Trump por conspiração e incitação à insurreição devido ao envolvimento na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Recentemente, Trump lançou sua pré-candidatura à Presidência para 2024. Ele segue mantendo grande influência no Partido Republicano e, segundo pesquisas, é o favorito para vencer as prévias da legenda.

Com Reuters e The New York Times 

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