Democratas e republicanos rechaçaram neste domingo (4) mensagem do ex-presidente Donald Trump com pedidos para anular trechos da Constituição sob a tese falsa de que houve fraude no pleito de 2020.
Trump, que no mês passado anunciou a sua pré-candidatura para concorrer mais uma vez à Presidência, voltou a dizer, sem provas, que as eleições vencidas por Joe Biden não foram legítimas.
"Uma fraude maciça desse tipo e magnitude permite a extinção de todas as regras, regulamentos e artigos, mesmo aqueles encontrados na Constituição", escreveu Trump na plataforma Truth Social. "Nossos grandes fundadores não quereriam e não tolerariam eleições falsas e fraudulentas!"
Hakeem Jeffries, recém-escolhido líder dos democratas na Câmara, classificou a mensagem de extremista. Ele aproveitou o episódio para alfinetar o Partido Republicano, questionando se a legenda pretende continuar aturando os posicionamentos antidemocráticos do ex-presidente.
"Os republicanos terão de decidir se vão romper com o ex-presidente e retornar a uma aparência de razoabilidade ou se continuarão se inclinando para o extremismo", disse Jeffries à emissora ABC.
As críticas não se limitaram a parlamentares democratas. O deputado eleito Mike Lawler, do Partido Republicano, afirmou que "não é hora de reclamar sobre eleições passadas". Já o deputado Mike Turner, principal republicano no Comitê de Inteligência da Câmara, disse discordar "veementemente" do teor da mensagem e que a publicação deverá ser levada em consideração nas disputas internas da legenda.
Trump anunciou a pré-candidatura à Presidência no mês passado. No Partido Republicano, ele deverá ter como principal adversário Ron DeSantis, o governador da Flórida recentemente reeleito com ampla margem de votos nas midterms, as eleições legislativas de meio de mandato nos EUA.
Se a vitória de DeSantis foi expressiva, o mesmo não se pode dizer do desempenho de candidatos apoiados por Trump. O ex-presidente tem sido apontado como responsável pelo resultado abaixo do esperado dos republicanos nas midterms. Ele não elegeu nomes em estados-chave para controlar o Senado: Pensilvânia, Arizona, Nevada e Geórgia.
Embora os republicanos tenham confirmado maioria na Câmara dos Representantes, os democratas asseguraram a manutenção do controle do Senado, o que garante fôlego a Joe Biden —ele estava sob risco de perder o controle das duas Casas em meio a um momento de baixa em sua popularidade.
Outro motivo de desgaste para Trump é a investigação em curso sobre seu envolvimento nos eventos que levaram ao ataque de 6 de Janeiro contra o Capitólio. Na ocasião, uma turba de apoiadores insuflada pelo político invadiu o prédio do Congresso buscando interromper a sessão de certificação da vitória de Biden. O republicano alegava —e continua a fazê-lo até hoje, sempre sem provas— que o pleito teria sido fraudado; a Justiça americana nunca encontrou nenhuma evidência de que isso pode ter ocorrido.
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