Talibã fecha acordo para que China explore petróleo no norte do Afeganistão

Pacto é o primeiro do tipo assinado por regime fundamentalista que retomou poder após retirada de tropas ocidentais

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Cabul | Reuters

Afeganistão e China anunciaram nesta quinta (5) um acordo de exploração de petróleo na bacia de Amu Daría, no norte do país da Ásia Central. Trata-se do primeiro grande acordo público do tipo firmado pelo regime fundamentalista Talibã, que voltou ao poder em agosto de 2021.

Segundo informaram autoridades em Cabul, o acordo permitirá que a empresa chinesa Xinjiang Central Asia Petroleum and Gas explore petróleo na região. O investimento inicial é de US$ 150 milhões (R$ 784 mi), mas espera-se que chegue a US$ 540 milhões em três anos. O contrato tem validade de 25 anos.

Shahabuddin Dilawar, ministro do Petróleo do regime do Talibã; Abdul Ghani Baradar, premiê interino talibã e Wang Yu, embaixador da China no Afeganistão, durante entrevista coletiva em Cabul, quando anunciaram acordo de exploração - Ahmad Sahal - 5.jan.23/AFP

O regime talibã terá participação de 20% no projeto, disse o porta-voz Zabihullah Mujahid em uma rede social. A expectativa é de que, em breve, a porcentagem suba para 75%.

Ainda de acordo com Mujahid, todos os derivados de petróleo terão de ser processados em solo afegão, sem que o combustível bruto possa ser exportado. "Com isso, o país se tornará autossuficiente em petróleo e derivados; em um futuro próximo teremos exportações."

Assim como grande parte da comunidade global, a China não reconheceu formalmente o regime do Talibã, que voltou ao poder após a retirada das tropas ocidentais. Mas Pequim tem grandes interesses na região, em especial no que diz respeito à Iniciativa Cinturão e Rota, por meio da qual investe em projetos de infraestrutura em Ásia, África e América Latina para ampliar sua influência.

A estatal chinesa National Petroleum Corp havia assinado acordo semelhante com o país em 2012, com apoio dos EUA, que atuavam na região. À época, estimava-se que até 87 milhões de barris de petróleo estavam em Amu Daría. Segundo Mullah Barada, vice-premiê do regime talibã, porém, o acordo foi fechado após a empresa parar os trabalhos quando o grupo reassumiu o poder.

O anúncio do mais recente acordo foi feito no mesmo dia em que o Talibã alegou ter matado ao menos oito militares do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) acusados de participar do ataque a um hotel usado por empresários chineses em dezembro passado.

O episódio ocorreu na região de Shahr-e-naw, uma das principais áreas comerciais de Cabul. Ao menos três pessoas morreram, e outras 18 ficaram feridas, incluindo cinco cidadãos chineses.

Em setembro, o Talibã já tinha assinado um contrato com a Rússia para importar gasolina, diesel, gás e trigo do país em meio à Guerra da Ucrânia, quando os mercados europeus se fecharam para Moscou.

A China também tem ampliado acordos comerciais na área de energia. Em novembro, o país de Xi Jinping anunciou um acordo de fornecimento de gás natural do Qatar para Pequim por 27 anos.

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