Carro avança sobre ponto de ônibus em Jerusalém e mata 2; Israel vê terrorismo

Incidente vitimou criança de 6 anos e acirrou discurso de políticos extremistas em favor de pena de morte

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Jerusalém | Reuters

Cerca de duas semanas após ataques em Israel e na Cisjordânia intensificarem o conflito regional, um carro avançou sobre um ponto de ônibus nos arredores de Jerusalém nesta sexta (10) e matou ao menos duas pessoas, incluindo uma criança de 6 anos, num episódio que o governo local chama de terrorismo.

O atropelamento ocorreu no bairro de Ramot Alon, porção anexada por Israel. Segundo as forças de segurança, o agressor se chama Hussain Qraqaa, 31, e foi morto a tiros, ainda no local, por policiais.

Carro que avançou sobre pessoas que aguardavam em ponto de ônibus em Jerusalém, em Israel
Carro que avançou sobre pessoas que aguardavam em ponto de ônibus em Jerusalém, em Israel - Ammar Awad/Reuters

Ao jornal The Times of Israel pessoas que estavam na região relataram que ele acelerou contra um grupo que aguardava no ponto de ônibus. Um funcionário do governo, não identificado, afirmou que Qraqaa havia recebido alta de um hospital psiquiátrico há poucos dias e que tinha transtornos mentais.

No episódio, morreram um menino de 6 anos e Alter Shlomo Lederman, 20, morador da região que chegou a ser levado para o hospital, mas não sobreviveu. Outras cinco pessoas ficaram feridas, algumas das quais em estado grave. Um porta-voz do Hamas, grupo islâmico que comanda a região da Faixa de Gaza, chamou o ataque desta sexta-feira de "operação heroica", mas não assumiu a autoria.

O episódio reforçou o discurso de políticos israelenses em favor do endurecimento de punições, e o premiê Binyamin Netanyahu disse ter ordenado o aumento de forças policiais na região para que prisões sejam realizadas. Afirmou, ainda, que a casa de Qraqaa será "isolada imediatamente".

O governo de Bibi, como o primeiro-ministro é conhecido, iniciou recentemente uma ofensiva contra familiares e residências de pessoas acusadas de ofensivas contra israelenses.

Em janeiro, após uma onda de ataques, ordenou que as casas de parentes de atiradores fossem isoladas e possivelmente demolidas e disse ainda avaliar a privação dos familiares do direito à Previdência Social.

"Agradeço aos policiais que mataram o terrorista no local", escreveu Netanyahu no Twitter. "Nossa resposta ao terrorismo é atacá-lo com toda a força e aprofundar nosso domínio sobre nosso país."

Já o ministro da Segurança de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, que integra o setor mais à ultradireita da conservadora coalizão que elegeu Bibi em novembro, visitou o local e foi recebido por uma multidão enfurecida que o cercou enquanto gritava "morte aos terroristas".

"Não há nada mais difícil do que chegar a um incidente no qual uma criança foi morta. Já disse mais de uma vez que quero instituir pena de morte aos terroristas", disse ele. Ben-Gvir afirmou ter instruído a polícia a estabelecer postos de controle em torno de Issawiya, área de onde o agressor teria vindo.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, responsável pela diplomacia americana, chamou o episódio de ataque deliberado a civis inocentes. "É repugnante e inescrupuloso."

Blinken esteve recentemente na região, quando teve encontros com Bibi e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Na ocasião, pediu medidas urgentes para frear a tensão entre israelenses e palestinos e manifestou pesar por palestinos inocentes mortos em conflito com Israel.

O episódio se dá em meio a uma piora das tensões, após o assassinato de sete pessoas em frente a uma sinagoga, em janeiro. Antes, ao menos dez palestinos foram mortos em uma ação do Exército de Israel.

Na ocasião, a operação militar no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, foi classificada pela Autoridade Nacional Palestina de massacre, e a organização anunciou que não iria mais cooperar com Israel em questões de segurança. A parceria, que já foi interrompida em outros momentos de crise, é considerada por muitos como responsável por manter certa estabilidade na Cisjordânia.

Forças israelenses prenderam centenas de pessoas nos últimos meses, em incursões diárias na Cisjordânia ocupada. As operações geraram trocas de tiros que deixaram mortos e feridos. Pelo menos 42 palestinos, incluindo civis, foram mortos só neste ano.

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