Republicana anuncia candidatura contra Trump nos EUA e movimenta xadrez eleitoral

Nikki Haley se soma a lista de candidatos ligados a ex-presidente; maior ameaça ainda vem de DeSantis

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Washington

Donald Trump ganhou uma adversária pública, em meio a tantos velados, em sua intenção de disputar a Casa Branca em 2024. Nikki Haley, ex-embaixadora na ONU e ex-governadora da Carolina do Sul, anunciou nesta terça-feira (14) que vai se candidatar à Presidência dos EUA.

É o primeiro desafio público a Trump desde que a figura mais popular do Partido Republicano anunciou sua candidatura, em novembro. No sistema eleitoral americano, pré-candidatos da mesma legenda se enfrentam em prévias nos 50 estados do país, que devem ocorrer de fevereiro a junho de 2024, em um processo de fritura interna que vai eliminando candidatos até restar apenas um nome nas urnas.

Nikki Haley discursa no estado da Virgínia, nos EUA
Nikki Haley discursa no estado da Virgínia, nos EUA - Evelyn Hockstein - 14.jul.21/Reuters

Trump tem mais resistência entre os figurões do partido, mas ainda é o nome mais forte entre os filiados. Pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta terça mostrou que 43% dos registrados da sigla o apoiam. Depois, vem o governador da Flórida, Ron DeSantis, com 31%. O ex-vice Mike Pence tem 7%, e Haley, 4%.

DeSantis, 44, é hoje a maior ameaça ao plano de Trump de voltar à Casa Branca. Ele foi reeleito na Flórida com expressiva margem e passou a ser visto como um sucessor natural do ex-presidente.

Controverso e popular, o governador acumula polêmicas como o fretamento de aviões com imigrantes venezuelanos para outras partes do país e a recente proibição de um curso de história afro-americana no ensino médio do estado. Além disso, é jovem, enquanto o ex-presidente terá 78 anos no próximo pleito.

Trump sabe que o rival é forte e abriu uma guerra. "Eu diria muitas coisas sobre ele que não são muito lisonjeiras. Sei mais sobre ele do que qualquer pessoa", afirmou ele no ano passado à Fox News. No final de janeiro, DeSantis respondeu: "Há gente me atacando de todos os lados. Não só vencemos a reeleição, mas com a maior porcentagem que qualquer candidato republicano a governador na história da Flórida."

A influência de Trump é tamanha sobre o Partido Republicano que toda a lista de adversários está de alguma maneira ligada ao ex-presidente. O apoio dele a DeSantis na primeira eleição do governador, em 2018, foi considerado crucial para torná-lo governador. Outro possível adversário é o ex-vice-presidente Mike Pence, tido como traidor por radicais por não ter embarcado na tentativa de golpe do 6 de Janeiro.

Pence, contudo, está em uma fase ruim. Ele acaba de ser intimado a prestar depoimento à Justiça em processo que apura a tentativa de Trump de reverter a derrota nas eleições de 2020, e o FBI encontrou na última semana mais um documento confidencial do governo em sua casa.

Outros possíveis adversários são John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional de Trump entre 2018 e 2019, e o ex-secretário de Estado Mike Pompeo. A própria ex-governadora Haley foi embaixadora na ONU entre 2017 e 2018 por indicação de Trump. No vídeo em que apresenta sua candidatura, nesta terça, ela afirmou que "é hora de uma nova geração de líderes". Trump já afirmou que ela não deveria concorrer.

Nikki Haley, ex-embaixadora na ONU, com o então presidente Donald Trump
Nikki Haley, ex-embaixadora na ONU, com o então presidente Donald Trump - Olivier Douliery - 9.out.18/AFP

Fora dessa lista, o senador Tim Scott, também da Carolina do Sul e único republicano negro no Senado, deve anunciar nesta semana que vai concorrer à Presidência —ele, porém, é crítico do ex-presidente.

A disputa fratricida entre os republicanos contrasta com a situação no Partido Democrata: não há nenhum nome competitivo nas bolsas de apostas para concorrer com Biden, apesar das críticas quanto à idade avançada do presidente, que terá quase 82 anos na próxima eleição.

A expectativa é que o democrata anuncie nas próximas semanas que tentará a reeleição.

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