Descrição de chapéu América Latina

Justiça da Argentina abre investigação preliminar contra ultradireitista Milei

Ex-aliados acusam candidato à Presidência de suposta venda de candidaturas; deputado nega

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Buenos Aires

A Justiça Eleitoral da Argentina abriu nesta quinta (6) uma investigação preliminar contra o ultraliberal Javier Milei, candidato à Presidência nas eleições que ocorrerão em outubro no país. Ex-aliados acusam a coalizão que o deputado federal lidera, a Liberdade Avança, de vender candidaturas, o que ele nega.

É mais um revés recente ao economista de cabelos desgrenhados que costuma atrair o eleitorado jovem com seu discurso "anticasta". Ele somou derrotas nas eleições regionais nos últimos meses e dá sinais de queda nas pesquisas eleitorais depois que as duas principais forças políticas —o peronismo e a oposição macrista— finalmente definiram os nomes que vão às primárias, marcadas para agosto.

O deputado federal Javier Milei, candidato à Presidência na Argentina, durante a Feira Internacional de Livros em Buenos Aires, em maio
O deputado federal Javier Milei, candidato à Presidência na Argentina, durante a Feira Internacional de Livros em Buenos Aires, em maio - Agustin Marcarian - 14.mai.23/Reuters

A investigação aberta agora vai apurar se existem ou não indícios de condutas criminosas, antes que seja aberto um eventual processo. Se esse for o caso, a juíza federal eleitoral responsável vai julgar não só a responsabilidade dos imputados, como também a legitimidade das candidaturas nacionais envolvidas, segundo o jornal local La Nación. Já as candidaturas provinciais seriam julgadas pelas cortes locais.

As denúncias sobre a suposta venda de candidaturas por valores em dólares pelo grupo liderado por Milei começaram a surgir há alguns meses, mas ganharam força nos últimos dias, quando o empresário Juan Carlos Blumberg, que deixou a coalizão recentemente, acusou o grupo de fazer da política "um negócio" e de pedir até US$ 50 mil dólares para que ele se candidatasse a vereador.

"O grupo de Milei passou a vender cargos para quem quisesse se candidatar", disse ele à rádio La Red, citando dirigentes do Liberdade Avança, como Carlos Kikuchi, articulador nacional da coalizão, Sebastián Pareja, responsável pela articulação na província de Buenos Aires, e Karina Milei, irmã do presidenciável.

O empresário Blumberg foi um dos convocados a dar declarações à Justiça Eleitoral nos próximos dias, junto a pelo menos outros três ex-aliados de Milei que acusam o grupo das mesmas práticas.

Nesta quarta (5), o jornal La Nación também publicou áudios que seriam de uma das responsáveis pela coalizão na província de Entre Ríos, na fronteira com o Uruguai, em que ela explica as cobranças a interessados em disputar vagas para cargos de vereadores, prefeitos e deputados provinciais.

Milei vem reagindo às acusações em redes sociais e entrevistas. "Temos sido duramente questionados sobre o financiamento da nossa campanha. Digo a vocês: no nosso espaço cada um financia sua campanha, ou seja, financiamos a campanha com o nosso próprio dinheiro e esforço", disse no TikTok.

"Claro, isso incomoda os políticos tradicionais. Você sabe por quê? Porque eles se financiam com o dinheiro dos impostos. Ou seja, eles roubam o que você paga para fazer campanha. Portanto, a todo esse grupo de pessoas que nos caluniou, vamos levá-las à Justiça. Acabou esse sistema corrupto em que as pessoas de bem têm que pagar pelas loucuras dos políticos", seguiu.

Economista e professor, Milei foi eleito deputado federal pela capital Buenos Aires em 2021. Ele ficou conhecido a partir de 2018 por seu modo agressivo de falar e por críticas contundentes à atual vice-presidente Cristina Kirchner, ao presidente Alberto Fernández e ao seu antecessor, Maurício Macri. Ele se define como "anarcocapitalista" e tem como principal proposta a dolarização da economia argentina.

Seus principais concorrentes serão Sergio Massa, ministro da Economia, da coalizão peronista União pela Pátria, e Horacio Larreta, chefe da capital federal Buenos Aires, ou Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Macri, que disputam as primárias pela aliança de oposição Juntos por el Cambio.

Os principais candidatos a presidente na Argentina, da esquerda para a direita: Sergio Massa, Horacio Larreta, Patricia Bullrich e Javier Milei - Ministério da Economia da Argentina e Luis Robayo/AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.