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Jack Terpins

A paz é possível

75 anos de Auschwitz também são alerta para nós

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Antes mesmo da Segunda Guerra Mundial já observávamos finas vigas do antissemitismo, lutas contra o “diferente”. No entanto, é possível afirmar que o nazismo, um regime totalitário, excludente e vil, representou, também, um alerta do porvir.

Ainda hoje proliferam seguidores dessa ideologia. Em diversos pontos do planeta assistimos a violências aplicadas de modos diferentes, fome, miséria, doenças e discriminação.

O portão de entrada do campo nazista de Auschwitz, na Polônia, traz a inscrição em alemão 'Arbeit macht frei' ('O trabalho liberta') - Janek Skarzynsky - 12.mai.19/AFP

Houve atentados a locais de propriedade de judeus e atos de vandalismo em cemitérios e monumentos —inclusive atingindo a frase que marca a entrada do mais horripilante campo nazista, Auschwitz: “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”).

Há exatos 75 anos, em 27 de janeiro, quando as tropas soviéticas libertaram o campo, os soldados mal podiam crer no que viam. Era a nefasta miséria humana. Por tal motivo, a ONU instituiu a data de hoje como o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto.

Em 2015, a 70ª celebração desse episódio foi realizada com o apoio de filantropos, dentre os quais Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, e o cineasta Steven Spielberg, tendo como “palco” o referido campo. Compareceram também líderes globais e cerca de 300 sobreviventes.

Construído ao sul da Polônia, Auschwitz, na cidade de Oswiecim, foi um complexo de 40 km2, ampliado depois por conta do volume de prisioneiros. As câmaras de gás assassinavam cerca de 8.000 pessoas diariamente. Pude testemunhar os guetos, suas vielas, a faixa na rua ignorada pelos transeuntes, limitando o confinamento dos judeus dos demais. Conheci as rotas daqueles que tentavam alcançar a liberdade, a estação de trem em que esperavam o vagão da morte. Confesso, uma das piores experiências que já vivi.

E há quem diga que isso não aconteceu. Ora, a criatividade corre solta. Documentários e longas baseados em fatos reais, como “Negação” e “O Zoológico de Varsóvia”, estão aí para convencer os incrédulos.

Hoje, em todos os continentes, o vandalismo e o terror se fazem presentes através de pichações e atentados a instituições judaicas. Nós, na América Latina, devemos nos proteger para que os tentáculos desse mal não nos atinja.

Relembrado anualmente, o dia 27 de janeiro chama a nossa atenção para que esse horror não mais aconteça. Vale ressaltar que essa data foi criada para ratificar e homenagear os que pereceram na guerra.

Muitos monumentos foram erguidos por todo o mundo para homenagear a bravura daqueles que perderam as suas vidas, como os memoriais aos judeus mortos, e onde houve episódios desrespeitosos há pouco tempo, como o Memorial do Holocausto, em Berlim.

Desejamos, profundamente, que a paz permeie toda a Terra.

Jack Terpins

Engenheiro, é presidente do Congresso Judaico Latino-Americano e membro do conselho de administração do Congresso Judaico Mundial

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