Existe uma famosa frase atribuída ao cientista Albert Einstein sobre juros compostos, onde ele supostamente disse que “juros compostos são a maior força do universo”. Se ele realmente afirmou isso, não sei, mas concordo com a afirmação. E se Albert Einstein tivesse conhecido o CDI brasileiro, provavelmente diria que o nosso Certificado de Depósito Interbancário foi a oitava maravilha do mundo. Foi.
Por muitos anos, o brasileiro utilizou os instrumentos de renda fixa e aplicações bancárias mais básicas como uma forma de obtenção de retornos acima da inflação muito generosos. Nessas aplicações, a mais elementar das regras de mercado não era válida. Num mundo normal, se você não corre riscos, você não obtém retorno. Essa é a regra. Mas isso não foi verdade no Brasil. Por muito tempo, bastou você ter dinheiro para conseguir ainda mais dinheiro sem correr praticamente nenhum risco. Além de o Estado não conseguir se livrar desse endividamento caro que ele mesmo provocou, de quebra ainda provoca uma cruel concentração de renda.
Num país onde as finanças públicas são descontroladas ou apresentam uma clara trajetória de deterioração, como era o caso brasileiro até recentemente, o Estado semiquebrado precisa oferecer juros cada vez mais exorbitantes para captar dinheiro dos investidores e tapar os rombos que a má gestão deixa. Se o Estado é devedor, gastão e irresponsável, é arriscado emprestar dinheiro para ele. Daí os juros altos.
Com a emenda constitucional do Teto dos Gastos Públicos, a reforma da Previdência, a nova TLP (Taxa de Longo Prazo) e a eliminação de subsídios como, por exemplo, o BNDES captar dinheiro a taxas altas dos investidores e repassar com taxas mais baixas para alguns privilegiados, o buraco nas contas públicas começa a reduzir, e a nova trajetória futura esperada para o endividamento público faz com que o país reconquiste credibilidade.
Com a abertura dos mercados, a diminuição de tarifas e o contínuo processo de desburocratização, o empreendedorismo cresce no país. Mais empreendedores geram mais soluções para a população, mais opções de produtos, serviços, mais competição. Com a competição, temos mais crescimento econômico (mais arrecadação) sem a típica pressão inflacionária pela falta de oferta. Com mais arrecadação, menos inflação e menores déficits no Orçamento, o Estado tem menos necessidade de captação de dinheiro via emissão de dívida pública e passamos, finalmente, a ter taxas de juros mais baixas de forma sustentável, sem populismo de curto prazo.
Sendo assim, a relação normal de risco x retorno começa a valer no Brasil. Você não quer correr nenhum risco? Tudo bem, então o seu retorno também será zero. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário), depois de imposto e depois da inflação, passou a ser perto de zero.
O equivalente ao CDI no mundo desenvolvido é apenas um caixa praticamente parado. Assim como a taxa livre de risco nos países desenvolvidos não constrói riqueza, teremos que nos acostumar com a mesma lógica no Brasil. O CDI poderá até conseguir preservar o poder de compra do seu dinheiro aplicado, mas não deverá conseguir multiplicá-lo na mesma intensidade das últimas décadas.
Com o novo cenário que se desenvolve, passamos a lidar com uma realidade inédita. Temos a oportunidade de construir no país um ambiente de investimentos produtivos (e não mera aplicações), alocando nosso tempo e dinheiro em atividades que estimulem o empreendedorismo, a criação de empresas, a inovação tecnológica. O dinheiro terá que trabalhar e gerar algo de útil para a sociedade se quiser se multiplicar.
Se você quiser multiplicar o seu capital, essa nova necessidade de correr riscos e de se envolver com ativos produtivos (empresas, imóveis, venture capital, startups, franquias etc.) exigirá uma nova mentalidade, uma reeducação. Apesar de ser uma transição dolorida, trata-se de uma enorme evolução.
Um Estado com contas mais saudáveis cria um ambiente mais confiável, estimula as pessoas a alargarem o seu horizonte de investimento e a investirem em ativos produtivos. Confiança e investimentos em ativos produtivos são ingredientes fundamentais para a criação de riqueza e desenvolvimento socioeconômico.
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