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Claudio Zanão

A classificação que desaconselha o consumo de alimentos ultraprocessados deve acabar? SIM

Discussão pede ação multidisciplinar, incluindo representantes da indústria

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Claudio Zanão

Presidente-executivo da da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi)

A mudança dos hábitos alimentares, na direção de dietas mais equilibradas, passou a ser também um tema muito relevante para a saúde pública, a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e o direito do consumidor, entre outras áreas. Atualmente, a grande quantidade de informações sobre uma dieta saudável, entre outros modismos propagados na mídia por formadores e influenciadores de opinião, expõe a sociedade a conteúdos distorcidos.

Quando o assunto são os alimentos industrializados, o cenário não é diferente. Basta buscar por “alimentos ultraprocessados” no Google para se ter uma ideia da falta de consenso sobre o significado do termo.

Se considerarmos o documento oficial do Ministério da Saúde, que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável, servindo como um guia para a população brasileira, o ultraprocessado teria cinco ou mais ingredientes —e, por isso, prejudicaria a saúde e deveria ser evitado em uma dieta saudável.

Pesquisas conceituadas já mostraram que existem alimentos que são classificados na categoria “ultraprocessados” e que são feitos industrialmente de forma semelhante a preparações culinárias caseiras, além de não existir nenhuma evidência de que o valor nutricional e a saudabilidade de um alimento estejam relacionados a uma menor quantidade de ingredientes.

O uso dessa definição equivocada para afirmar que os alimentos industrializados são inadequados condena, de forma genérica, centenas de produtos alimentícios existentes no mercado brasileiro que são lícitos, certificados e aprovados para o consumo. É importante que associemos a industrialização dos alimentos como algo positivo, um processo que veio para melhorar o bem-estar das pessoas, trazendo mais conveniência e segurança para o dia a dia. Também deve-se ressaltar que os determinantes da qualidade da dieta são os tipos e as quantidades específicas de alimentos consumidos, e não o seu nível de processamento.

A ciência e a tecnologia dentro da indústria vêm se desenvolvendo de forma ágil, com processos rigorosos de análises que comprovam a qualidade nutricional do alimento e garantia para o consumo. São bilhões de reais em investimento por ano, com ações transformadoras direcionadas para ampliação do valor nutricional dos produtos, sustentabilidade da produção, pesquisas, implementação de novas tecnologias, equipamentos e profissionais.

Visando uma sociedade saudável, é necessário disponibilizar ao consumidor, para que exerça o seu direito de escolha, informações verdadeiras e confiáveis, elaboradas por pesquisadores que dominam os aspectos científicos e tecnológicos relacionados ao processamento de alimentos.

Para que isso aconteça de maneira correta e transparente, é essencial que as discussões relacionadas a alimentos sejam realizadas de forma multidisciplinar, incluindo pesquisadores, médicos, nutricionistas, representantes das indústrias de alimentos e de aditivos, engenheiros de alimentos, os responsáveis por políticas públicas, cientistas e tecnólogos.

Disseminar esses valores e esclarecer à população sobre os processos de fabricação de alimentos são as formas mais eficientes e assertivas para certificar a importância nutricional dos produtos e para a promoção da saúde e de práticas alimentares saudáveis e sustentáveis no âmbito individual e coletivo.

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