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Neste momento, Arthur Lira é o único responsável

Deputado, o senhor alimenta o fogo que se alastra

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Não seria mais oportuno delegar a decisão da instauração ou não do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro ao conjunto dos deputados —que justamente representam a população brasileira?

Sobre essa pergunta, o presidente da Câmara dos Deputados afirma que o impeachment não depende apenas dele, mas de algumas condições, como crise econômica, povo na rua e deputados se sentindo pressionados. Ele acrescenta que o clima está tenso e não é hora de colocar lenha na fogueira, mas sim água na fervura. Em mais de uma ocasião o presidente da Câmara repetiu esses argumentos.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur LIra (PP-AL), cumprimenta o presidente Jair Bolsonaro em reunião no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira - 3.fev.21/Folhapress

Para que o fogo apague e a água deixe de ferver, o mais responsável a se fazer neste momento é afastar aquele que joga gasolina na fogueira e coloca a chama abaixo da chaleira no grau máximo. Não é possível querer conter a crise cedendo àquele que é sua única causa.

A decisão pelo prosseguimento do processo de impeachment, uma vez instaurado, depende de uma série de condições não mensuráveis, que se alteram, inclusive, com o próprio ato de instauração do processo. Mas a Constituição é clara: a instauração do processo, o aceite do pedido de impeachment, depende de apenas um homem no país inteiro, o presidente da Câmara de Deputados: hoje, o senhor Arthur Lira (PP-AL).

Dizer que não depende apenas de si é fugir da responsabilidade que Lira assumiu ao vencer a eleição para presidir a Casa legislativa.

Deputado Arthur Lira, enquanto a responsabilidade da instauração do processo de impeachment estiver em suas mãos, como agora, a violência resultante das invectivas do presidente Jair Bolsonaro será também sua responsabilidade. Neste momento, o senhor é o oxigênio que alimenta o fogo que se alastra, destruindo nossa democracia e alimentando de perigoso ódio o coração de muitos compatriotas.

Jair Bolsonaro não está ameaçando destruir a nossa democracia, ele a está destruindo. A fala é, em si mesma, uma ação. Neste caso, uma ação ácida, que está a corroer nossa confiança na democracia.

Na situação de perigo a que chegamos é preciso dividir a responsabilidade pela continuidade ou não deste governo com todos os deputados federais, representantes políticos da população brasileira.

Noemi Jaffe
Bernardo Carvalho
Nuno Ramos
Beatriz Bracher

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