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Helder Barbalho

Por uma floresta em pé

Implantação e disseminação da bioeconomia é um dever do Estado

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Helder Barbalho

Governador do Pará (MDB), ex-ministro da Integração Nacional (2016-18, governo Temer) e da Secretaria Nacional dos Portos (2015-16, governo Dilma)

Há cerca de um mês houve um encontro de governadores da Amazônia com a gestão do presidente norte-americano, Joe Biden, para tratar de um tema sensível à comunidade internacional: a derrubada de florestas e as consequências para o clima mundial. E temos ótimas notícias sobre o tema.

Antes, é indispensável lembrar que o Pará tem 1,248 milhão de quilômetros quadrados, área maior do que o Sudeste brasileiro ou todo o território colombiano; e que, muitas vezes, apenas com satélites é possível localizar um trecho onde está ocorrendo desmatamento ilegal —e, mesmo assim, demora de dois a três dias para alcançar o ponto preciso.

Mais: cerca de 70% do território paraense são terras federais, onde o desmatamento ilegal tem aumentado e sob as quais o estado do Pará não tem qualquer ingerência.

Apesar disso, as políticas públicas do Pará são para valer, e resultados muito expressivos já aparecem: o desmatamento nas áreas estaduais caiu 39% em agosto de 2021 ante agosto de 2020 —este índice corresponde a 76 quilômetros quadrados (área superior a de centenas de municípios brasileiros)—; neste ano, o efetivo de fiscais estaduais no combate ao desmatamento ilegal aumentou 100 vezes; e, ainda em 2021, foram embargados 243.324 hectares de áreas com desmatamento ilegal e apreendidos 9.356 metros cúbicos de madeira extraída de forma clandestina, 299 motosserras e 154 veículos, entre tratores, carregadeiras e escavadeiras.

O Pará foi o primeiro estado da Amazônia a aderir à proposta da ONU de zerar a emissão de gases do efeito estufa até 2050. Nosso objetivo é buscar alternativas de desenvolvimento sustentável, além da economia carbonizada.

Defender a Amazônia é uma palavra de ordem popular no planeta, e como símbolo dessa luta foi cunhada a expressão “floresta em pé”.

Mas quanto custa defender uma floresta? É justo que o agricultor ou o produtor rural, que mantém suas atividades econômicas regulares e resguarda a floresta em pé, seja remunerado por isso. A implantação e disseminação da bioeconomia ​é um dever do Estado.

Um exemplo: uma siderúrgica na Europa que atua nos moldes convencionais e, portanto, polui a atmosfera, pode adquirir créditos de carbono dos fazendeiros do Pará e assim regularizar sua atuação e patrocinar a manutenção de um trecho de floresta amazônica. De maneira legal e transparente.

No contexto internacional, o Pará participa de eventos que buscam um consenso para a implantação de práticas adequadas para manejo, manutenção e desenvolvimento econômico sustentável na Amazônia. É urgente conjugar as atividades econômicas regulares dos amazônidas e a defesa intransigente da floresta —da nossa floresta em pé.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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