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Pasqual Barretti

Unesp presente

Retorno às atividades presenciais prevê retomar interesse pelo dia a dia universitário

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Pasqual Barretti

Reitor da Unesp, é professor titular da Faculdade de Medicina (FMB) e médico do Hospital das Clínicas de Botucatu (HCFMB)

É possível que demoremos alguns anos para compreender e dimensionar em sua totalidade os efeitos devastadores da pandemia de Covid-19, em especial no Brasil, país que por motivos já relatados à exaustão tratou muito mal as alternativas disponíveis para reduzir os danos desta emergência global de saúde pública. Superado o momento mais crítico da doença, graças às vacinas sobretudo, os olhares se voltam à reconstrução de nosso tecido social esgarçado de forma abrupta e compulsória nos últimos 20 meses.

É nesse ponto que se insere a necessária retomada das atividades presenciais na Universidade Estadual Paulista (Unesp), presente em 24 cidades de São Paulo e com mais de 50 mil estudantes matriculados em seus cursos de graduação e programas de pós-graduação. O retorno, porém, não deve ocorrer de maneira imediata, pois requer planejamento e cuidados extras com a saúde dos trabalhadores e estudantes. É imperativo que façamos análises e reflexões pormenorizadas sobre os prejuízos causados pela pandemia, e acertemos os passos para um retorno seguro.

Médico e professor, Pasqual Barretti foi escolhido pela comunidade acadêmica para comandar universidade
O reitor da Unesp e professor de medicina Pasqual Barretti - Unesp/Divulgação

No âmbito das universidades estaduais paulistas, a queda no número de inscritos nos vestibulares da Unesp, da USP e da Unicamp, que variou entre 15% a 18%, alerta para um cenário que pode indicar, de modo ampliado, uma certa desmobilização em torno da educação, em todos os seus níveis. Creches, escolas e universidades são, em sua essência, espaços de socialização fundamentais na formação dos cidadãos e, mesmo que o uso providencial da tecnologia para o ensino remoto emergencial tenha cumprido um papel importantíssimo para nos manter conectados e ativos, as perdas são inegáveis.

Nesse contexto, a Unesp retorna ao trabalho presencial com o programa "Unesp Presente", que permitirá a execução de melhorias na infraestrutura de ensino e de pesquisa, a ampliação das ações de prevenção e promoção à saúde dentro dos campi universitários e o apoio para os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que se tornaram mais numerosos por causa da deterioração do ambiente macroeconômico brasileiro, entre outros motivos.

Com o retorno, as unidades da Unesp receberão, na forma de editais, R$ 245 milhões—o maior plano de investimentos dos 45 anos de existência de nossa universidade— oriundos de parcela do montante de R$ 1 bilhão em créditos orçamentários repassados pelo governo de São Paulo às três universidades estaduais paulistas. Serão realizadas modernizações em salas de aula, laboratórios didáticos e outros ambientes de ensino, tais como nas unidades unespianas que prestam serviços de saúde e realizam centenas de milhares de assistências ou atendimentos anuais gratuitos à população.

Os recursos permitirão também fazer melhorias e criar incentivos nos três colégios técnicos mantidos pela Unesp, realizar investimentos na estrutura física e na transmissão de dados da rede de internet dos campi e apoiar os estudantes com a criação de espaços coletivos extrassalas de aula e a instituição de mecanismos de incentivo para iniciação científica, promoção da diversidade, ações culturais e de empreendedorismo, entre outras iniciativas voltadas a renovar o interesse pelo dia a dia universitário.

Unesp Presente representa uma universidade em que as atividades presenciais recuperam os vínculos afetivos, retomam o contato pleno com o outro e revalorizam a educação como um todo, levando conosco os saberes desenvolvidos com o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação nos últimos meses. É a resposta que o momento exige para a terra castigada do pós-Covid brasileiro. Como já escreveu Gilberto Gil, nosso mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, "manter em pé o que resta não basta", pois "agora é hora de ser refloresta".

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