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Dados preocupantes

Cenário global, juros altos e incertezas fiscais prenunciam dificuldades em 2023

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Sede do Banco Central em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

A economia brasileira padece de baixo crescimento desde o início da década passada —e o momento atual, embora mais favorável que o da maior parte desse período, não pode ser encarado como o início de uma recuperação duradoura.

As projeções de mercado para a expansão do Produto Interno Bruto neste ano, hoje, rondam os 2,7%. Trata-se de uma taxa surpreendentemente favorável diante das expectativas iniciais de crescimento zero ou mesmo recessão, mas está longe de ser um resultado animador para um país de renda média.

Ademais, os cálculos mais consensuais apontam para um avanço de não mais que 0,6% em 2023, quando se inicia o próximo governo. A se confirmarem as previsões, o país estaria de volta ao padrão de quase estagnação que se observava antes do impacto devastador da pandemia sobre a atividade de indústria, serviços e agropecuária.

Divulgado na segunda-feira (17), o índice do Banco Central que procura reunir os desempenhos de todos esses setores —chamado de IBC-Br e uma espécie de sinalizador de tendência do PIB— mostrou queda aguda de 1,13% em agosto, na leitura mais recente.

Não se pode tomar o dado de apenas um mês como prova de que a economia já deixou a rota de melhora, inclusive porque o crescimento de julho foi revisado para cima, de 1,17% para 1,67%. Cumpre apontar, de todo modo, os riscos que rondam a retomada.

O cenário global, do qual dependem as exportações e os investimentos estrangeiros, é adverso. Juros estão em alta para o combate à inflação, com ameaças de recessão nos EUA e na Europa. Aqui mesmo, o impacto da alta da taxa do BC ainda se fará sentir.

Não menos importante, há grande incerteza sobre como o próximo governo, qualquer que seja o vencedor da eleição presidencial, lidará com o descalabro orçamentário produzido pela gastança eleitoreira de Jair Bolsonaro (PL).

O próprio presidente, mesmo tendo indicado a continuidade de seu ministro da Economia em caso de novo mandato, ainda não foi capaz de apresentar um Orçamento que contemple a permanência de todos os benefícios sociais criados e prometidos na campanha.

A tergiversação do oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a pobreza do debate na disputa presidencial alimentam as dúvidas e desestimulam os investimentos essenciais para que o país enfim deixe o marasmo econômico.

editoriais@grupofolha.com.br

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