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O que a Folha pensa

Copa cruel

Brasil, favorito por méritos, cai por detalhes que tornam o torneio emocionante

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O atacante Richarlison, da seleção brasileira, após a eliminação - Matthew Childs/Reuters

Pela quinta vez seguida, o Brasil cai na Copa do Mundo ao enfrentar um time europeu em fase decisiva. Foi possivelmente o mais inexplicável dessa série de reveses, mas o Mundial de seleções não é célebre por fazer justiça a competidores.

Na partida desta sexta-feira (9)contra a Croácia, assim como no restante do torneio, os atletas brasileiros mostraram as qualidades que alçaram a equipe à condição de favorita ao título. Ninguém, numa análise racional e equilibrada, poderá negar o nível elevado dos jogadores nem o bom trabalho desenvolvido pelo técnico Tite.

Entretanto uma das belezas do futebol é permitir que adversários tidos como mais fracos adotem estratégias capazes de minimizar suas desvantagens e surpreender os poderosos —e a Copa é tão cruel quanto emocionante ao punir os menores momentos de má sorte e desatenção individual ou coletiva.

Os croatas, representando uma pequena nação de apenas 3,9 milhões de habitantes, merecem aplausos por suas virtudes técnicas, fibra e força mental, já demonstradas com a segunda colocação no certame de quatro anos atrás.

A frustração brasileira tende a ser maior quanto mais difícil de entender o malogro. Em 2006, por exemplo, eram evidentes a preparação desorganizada e a má forma de boa parte de um elenco estelar; em 2014, os 7 a 1 para Alemanha expuseram o colapso tático e psicológico de um time desbalanceado.

Desta vez havia um ótimo grupo de selecionados, visivelmente motivados e bem treinados, e desempenhos em campo elogiados por analistas de todo o mundo. Não faltarão números para mostrar o domínio do time ao longo do confronto por fim decidido nos pênaltis.

A paixão nacional produzirá uma pletora de críticas inflamadas e diagnósticos dramáticos nos próximos dias. Dos responsáveis pela seleção brasileira —uma marca globalmente reconhecida do esporte nacional— espera-se que mantenham o profissionalismo e a coerência que marcaram positivamente a gestão recente da equipe.

O desfecho amargo não pode obscurecer os muitos acertos dos últimos anos, ainda que falhas devam ser investigadas e corrigidas. A Copa, embora longe de representar uma medida precisa de méritos, permanecerá como objetivo principal. Não pode ser o único.

Há que definir um novo técnico, experimentar diferentes modelos de jogo, substituir atletas cujas carreiras chegam ao fim e descobrir talentos. O Brasil de dimensões continentais, onde o futebol é meio de ascensão social, mantém capacidade única de renovação.

editoriais@grupofolha.com

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