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Felicidade nota 6

Brasil cai 11 posições em ranking, o que não é necessariamente motivo de alarme

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Porta-bandeira da escola de samba Beija-Flor durante desfile de carnaval, no Rio de Janeiro (RJ) - Bruna Prado/UOL/Folhapress

Qual é o sentido da vida? A resposta mais próxima de um consenso, descartadas as fornecidas por religiões, é provavelmente a busca da felicidade —ainda que o termo possa significar coisas muito diferentes a depender da pessoa.

A ideia não é propriamente nova. Já no século 4 a.C., Aristóteles afirmou que a "eudaimonia" (felicidade) é o fim de toda ação humana. E, de uma forma bastante moderna, observou que a "eudaimonia" dependia tanto de fatores externos, como condições materiais e de saúde, quanto das disposições internas do indivíduo.

Mais de dois milênios depois, Jeremy Bentham (1748-1832) não só definiu que a meta das políticas públicas deveria ser promover a felicidade dos súditos como fez a primeira tentativa de calculá-la. O objetivo não passou despercebido a homens de Estado.

Thomas Jefferson (1743-1826), um dos pais fundadores dos EUA, incluiu a "busca pela felicidade" entre os direitos inalienáveis elencados na Declaração de Independência, ao lado da vida e da liberdade.

Nesta semana foi divulgada mais uma edição do ranking global de felicidade da ONU. Utiliza-se no trabalho um índice calculado a partir de uma pesquisa de opinião em que cerca de mil pessoas de cada país dão notas de 1 a 10 a suas vidas, além de dados relativos a PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade, apoio social e percepção de corrupção.

O Brasil caiu 11 posições em um ano, o que não é necessariamente motivo para alarme. O indicador brasileiro recuou de 6.293 pontos para 6.125, uma variação modesta. Nossa posição relativa mudou em larga medida porque outras nações nos ultrapassaram. Felicidade não é jogo de soma zero.

Uma crítica frequente a índices como esse e o IDH (de desenvolvimento humano), ambos da ONU, é que seus critérios acabam por medir quão escandinavo é um país —e os nórdicos, não por acaso, dominam as primeiras colocações.

Trata-se, é claro, de mérito dessas nações, que de fato oferecem excelentes condições de vida a suas populações. Mas há aí também algum nível de arbitrariedade.

Não há dúvida de que é melhor viver num país com menos corrupção, mas essa dimensão poderia perfeitamente ser substituída por uma outra —integração com a natureza, por exemplo— e ainda estaríamos medindo felicidade. Nessa hipótese, países de outras regiões talvez se saíssem melhor.

editoriais@grupofolha.com

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