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Impactos da quebra

Liquidação do banco SVB eleva temores e pode afetar juros nos EUA e no Brasil

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Fila de clientes em frente à agência do Silicon Valley Bank, em Massachusetts (EUA) - Brian Snyder/Reuters

A corrida bancária que atingiu o Silicon Valley Bank (SVB), o 16º maior dos EUA, elevou a percepção de risco nos mercados internacionais.

Destino preferido dos recursos de empresas e fundos do vale do Silício, o SVB incorreu no erro mais básico que um banco pode cometer —descasar de forma temerária os ativos (crédito e investimentos) e passivos (o dinheiro dos clientes) a ponto de expor o caixa a perdas de grande magnitude.

Com a ampla injeção de liquidez na economia americana durante a pandemia, a base de depósitos da instituição triplicou entre 2020 e 2021, atingindo US$ 211 bilhões.

A contrapartida a esse salto repentino foram alocações em ativos de longo prazo, na maior parte títulos públicos e operações lastreadas em hipotecas, que perderam valor desde que os juros começaram a subir no início de 2022.

As perdas, contabilizadas em valor presente, foram suficientes para erodir todo o capital. O temor de insolvência se espalhou rapidamente e levou à fuga em massa de clientes, desencadeando a intervenção das autoridades na sexta (10).

No fim de semana veio a solução, anunciada antes da abertura dos mercados nesta segunda (13) —a liquidação ordenada do banco e garantia de todos os depósitos, mesmo os acima de US$ 250 mil que não contavam originalmente com seguro do poder público. A providência também foi estendida a outro banco regional, com ativos de US$ 110 bilhões.

Além disso, o Federal Reserve (o banco central dos EUA) instituiu um canal de financiamento em termos generosos para que mais instituições possam honrar a saída de depositantes.

Ao contrário do observado na crise financeira de 2008, desta vez não houve proteção a acionistas e detentores de outros títulos bancários. O valor do capital foi a zero, e muito provavelmente os credores também sofrerão perdas.

O caso do SVB é de certa forma especial, pois o banco tinha poucos depósitos de varejo. Não parece um evento de proporções capazes de derrubar a economia, mas por ora o medo está instalado e traz consequências.

Uma delas é colocar em dúvida o espaço para que os juros continuem a subir para combater a inflação. Se antes havia expectativas de que a taxa básica nos EUA chegaria a 6% ao ano, agora se espera quase manutenção em nível próximo ao atual, em torno de 5%.

O evento é um alerta dos riscos que cercam todo ciclo de contração de liquidez no principal centro financeiro do mundo.

Para o Brasil, em tese, trata-se de mais um fator a favorecer a queda dos juros. Isso dependerá, no entanto, de passos prudentes na gestão do Orçamento público.

editoriais@grupofolha.com

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