Descrição de chapéu forças armadas

Militares oferecem a parte para não entregar o todo

Proposta de proibir oficial da ativa em cargo político não representa controle civil sobre militares

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Cézar Feitoza

Jornalista formado pelo UniCEUB, em Brasília, com passagens por Correio Braziliense e Rádio CBN. Cobre política na capital federal

Brasília

Não se deve chamar de controle civil sobre militares a estratégia do Ministério da Defesa de proibir que oficiais permaneçam na ativa enquanto assumem cargos no Executivo.

A proposta de autorreforma das Forças Armadas, por mais que represente uma mudança de postura dos comandos de Exército e Marinha, que cederam seus oficiais para o governo Jair Bolsonaro (PL), é a metonímia da caserna: pega-se uma parte para não ter de mudar o problema todo.

A medida surge do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que sabe que a Força ainda vive um momento delicado. Em sua avaliação, é preciso fazer um movimento para retomar a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro tenta restabelecer confiança entre presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Forças Armadas. (Foto: Adriano Machado/Reuters) - REUTERS

Esse movimento deve ser lido neste espectro, de retomada de credibilidade. Na prática, há pouco (ou quase nada) de civil nessa saída.

O controle civil sobre as Forças Armadas tem diversas outras expressões, às quais o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ainda mantém reserva.

A principal delas é a definição da Estratégia Nacional de Defesa —documento que norteia as ações das Forças durante quatro anos. O governo Bolsonaro criou um grupo de trabalho, em 2022, para atualizar o documento, mas o colegiado só possui militares. Múcio não demonstra disposição de mudar a composição da turma.

A indisposição com pesquisadores e críticos às Forças vem desde a transição. Quando Múcio foi escolhido para comandar a Defesa, o grupo de trabalho sobre o tema, que atuava numa espécie de gabinete das sombras, foi dissolvido.

É momento de ampliar as discussões. Colocar pesquisadores, políticos e militares à mesa. Isso não significa endossar mudanças drásticas, como revirar os currículos militares ou escarafunchar os processos de promoção de oficiais. Mas também não se pode manter nos círculos fardados os rumos da Defesa —decisão que se dá estritamente no âmbito político e, portanto, civil.

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