Discussões sobre fraudes na carteirinha de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e o embate das big techs no PL das Fake News monopolizaram atenções nacionais nesta semana. Porém, correndo por fora, entre observadores mais silenciosos, ganhou espaço nestes dias o incômoda sentimento de que o Lula 3 não tem as rédeas da política. Aparenta falta de coesão e de articulação.

O tênue laço com o agronegócio, por exemplo, esgarçou. Contrariando uma tradição, na segunda-feira (1) nenhum representante do governo marcou a largada da Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do Brasil e uma das maiores do mundo. Estavam lá o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Parte da recente irritação do campo com o governo veio das invasões do MST, o aliado do PT que caprichou no abril vermelho. Invadiu até propriedade produtiva e área da Embrapa. O movimento iniciou maio avisando que a luta continua em novas ações neste mês.

Na votação do Marco Legal do Saneamento, na quarta-feira (3), foram impostas derrotas em série ao Planalto. Aliados na Câmara não conseguiram derrubar a urgência, adiar a votação ou mobilizar parlamentares para ganhar o mérito. Foram 295 votos a 136 contra a demanda do governo. É no Senado que se fará o tira-teima sobre a base de apoio no Congresso.

A votação do arcabouço fiscal, mesmo com a promessa de apoio, segue sendo empurrada. O relatório chegou a ser previsto para quarta-feira (3), mas ficou para semana que vem. Com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viajando para o exterior, a tramitação fica em suspenso até dia 15.

Nesta sexta-feira (5), Lula desembarca em Londres, onde vai se participar de uma recepção com chefes de Estado e acompanhar a coroação do rei Charles. Que a longa vida da monarquia britânica possa inspirar jogo de cintura para Lula conduzir a jovem democracia brasileira em mais um estranho momento.