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Corte de juros pelo Fed favorece Brasil, mas governo Lula precisa conter gastos

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Fachada do Federal Reserve, o banco central americano, em Washington (EUA) - Jonathan Ernst/Reuters

Graças ao progresso surpreendente no controle da inflação, o Federal Reserve, banco central americano, indicou que pretende promover um corte de sua taxa básica de juros maior do que o considerado anteriormente.

A nova projeção aponta três reduções de 0,25 ponto percentual em 2024, o que levaria o custo do dinheiro do intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano para um de 4,5% a 4,75%.

O cálculo de variação de preços mais acompanhado pelo Fed, o núcleo de inflação do consumo das famílias, mostra melhora notável, de 4,9% em 2022 para esperados 3,2% neste ano. Ademais, se confirmadas as projeções dos membros do comitê de política monetária, o índice será de 2,4% em 2024, pouco acima da meta de 2%.

Daí o otimismo cauteloso de Jerome Powell, presidente do Fed, em sua entrevista coletiva mais recente. Há riscos e o processo pode não se confirmar, mas o que se obteve até aqui era tido como tarefa quase impossível há alguns meses.

Já se observa impacto nos mercados financeiros, com retomada forte das bolsas internacionais nas últimas semanas, desvalorização do dólar e melhora nas condições financeiras. Fica reduzida agora a probabilidade de uma recessão, que era temida devido ao aperto monetário imposto pela instituição nos últimos dois anos.

Para o restante do mundo, que depende dos ciclos monetários do maior centro financeiro global, há considerável alívio que facilita o trabalho das autoridades.

No Brasil, portanto, mantém-se a perspectiva positiva de que o Banco Central poderá continuar a reduzir a taxa Selic nos próximos meses. Analistas avaliam que o índice voltará a um dígito em breve, atingindo 9% anuais.

Também há tendência de queda da inflação aqui, com alívio nas cotações de matérias-primas e, mais importante para a política monetária, das pressões mais duradouras sobre os preços.

As projeções mais consensuais de mercado apontam para um IPCA de 3,93% em 2024 e de 3,5% em 2025, níveis ainda acima da meta de 3%, contudo menos desconfortáveis do que há poucos meses.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganha assim maior margem de manobra, mas persistem os problemas de gestão, sobretudo em relação ao Orçamento público. O ímpeto gastador do Executivo é um obstáculo que pode trazer descontrole econômico adiante.

Por isso é necessário que, mesmo diante da conjuntura externa mais favorável, o governo implemente um controle robusto das despesas. Contar apenas com a alta da já exorbitante carga tributária, além de insuficiente, significará manter o país dependente das oscilações do humor internacional.

editoriais@grupofolha.com.br

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