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Andréa Alechandre

Dia de (re)nascer a esperança

É oportunidade de recomeço e restauração, de experimentar o amor de Deus

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Andréa Alechandre

Cristã evangélica pentecostal, é professora da Universidade Federal do Acre (Ufac)

Li recentemente numa rede social que há no ar uma mistura de final de ano com fim do mundo que está difícil escolher o que vestir.

De fato, as notícias não são animadoras. O planeta está enlouquecido, ouvimos o tempo todo, o clima está mudando. Uma pena que o clima não mude com discursos e mais discursos, reuniões e mais reuniões ao redor da Terra. Imprevisibilidade talvez seja a principal característica da crise climática. Também li que há cerca de dez guerras em curso produzindo dezenas de milhares de mortos. Além disso, luto, casamentos desfeitos, doenças incuráveis, falências, desemprego, depressão, angústia e desesperança têm assolado pessoas por toda parte. Diante desse quadro, boas notícias seriam bem-vindas neste Natal.

A manjedoura "Rezar para que a guerra acabe', que mostra o Menino Jesus cercado por escombros em alusão à guerra Israel-Hamas, foi instalada pela Igreja Evangélica Luterana da Natividade de Belém, na Cisjordânia - Anadolu/Getty

Há cura para toda dor. É possível ter esperança: temos a quem recorrer. Minha oração é que o meu testemunho que apresento a seguir mostre isso.

Gosto muito do período de Natal e fim do ano, mas nem sempre foi assim. Como muitas pessoas, já tive Natais extremamente dolorosos. Um, em particular, me marcou: o primeiro após a separação dos meus pais. As luzes e enfeites natalinos da cidade, as comidas especiais, os presentes não tinham graça ou faziam sentido. Um profundo sentimento de abandono, de quase luto, apoderou-se de mim.

Vizinhos queridos e extremamente generosos nos convidaram para a ceia em família, o que de certa forma aumentou o sentimento de desamparo. Eu era adolescente e não entendia porque tudo aquilo estava acontecendo. Só sabia que sentia a falta do meu pai conosco. E que não haveria empadão de camarão naquele ano, típico da nossa ceia, pois era o meu pai que fazia. Precisávamos ser fortes e esperar por dias melhores.

Spoiler: minha família foi restaurada, embora o pai não tenha voltado a morar conosco.

A restauração veio por meio de Jesus Cristo. Primeiro, minha mãe foi alcançada pelo Salvador; depois, os filhos. Amigas queridas, com sabedoria e paciência, conduziram minha mãe em meio à dor e ao desespero até a presença do Senhor Jesus. A partir daí, uma revolução aconteceu em nossas vidas.

Por meio de Jesus fomos reconciliados com Deus, tivemos uma nova vida, encontramos sentido e propósito. Toda dor, amargura e revolta sumiram diante do poder restaurador do Espírito de Deus, que passou a fazer morada em nós. Fomos adotados pelo Pai Celestial, que sempre estaria conosco. O Natal voltou a ter cor, sabor e alegria, mesmo sem o empadão de camarão. Aprendi que a festa é Ele e Dele, Jesus, o aniversariante do Natal.

Quando somos reconciliados com Deus, algo extraordinário acontece. Recebemos o ministério da reconciliação e, agora pacificados, podemos ter paz com os outros —até com os que nos ferem, magoam, traem e abandonam. Aprendemos com Jesus. O amor de Deus foi derramado em nosso coração e transborda alcançando quem o Senhor nos dá para amar e servir. Levou tempo, mas o Amado reconstruiu nossa vida e relacionamentos. Hoje podemos ter uma convivência pacífica mesmo com as novas configurações familiares.

Natal é oportunidade de recomeço, de restauração, de experimentar o amor de Deus. Porque Jesus encarnou, viveu neste planeta, ensinou a amar o Pai, apresentou o Reino de Deus e assumiu a nossa culpa no calvário. Há esperança. Porque Ele ressuscitou, ressuscitaremos. Tudo será restaurado, novos céus e nova terra. A redenção será cósmica. Estas são as boas notícias para este Natal: vista-se delas.

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