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Hora do juízo

Capaz de retroceder, relógio fictício aponta 90 segundos para fim do mundo

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Relógio do Juízo Final de 2024 apresentado por cientistas em Washington (EUA) - Hastings Group Media/AFP

Em 1947, dois anos após as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, cientistas envolvidos na criação dessas armas de destruição em massa lançaram ideia criativa: um relógio fictício para marcar quanto tempo falta para o fim do mundo. Hoje, os ponteiros indicam 90 segundos para o Juízo Final, a pior situação em 77 anos.

A estimativa resulta de uma avaliação do contexto global feita pelo Conselho de Ciência e Segurança da organização Boletim de Cientistas Atômicos, fundada em 1945 por Albert Einstein e J. Robert Oppenheimer, entre outros.

Os ponteiros não se moveram em 2024, embora a análise do grupo tenha delineado que a situação do planeta piorou em relação a 2023.

A guerra na Ucrânia, com risco de uso de armas nucleares pela Rússia, completou dois anos e não dá sinais de arrefecer. Bombas atômicas, ainda que táticas, não ficariam sem resposta da Otan.

Outra conflagração veio agravar a possibilidade de um conflito amplo: a de Israel contra o Hamas, que perpetrou o ataque terrorista contra de civis israelenses em 7 de outubro. A retaliação impiedosa na faixa de Gaza pode arrastar nações do Oriente Médio.

Preocupa o envolvimento do Irã e seu programa de enriquecimento de urânio. E não se descarta nova corrida armamentista, em especial com Rússia e EUA a discordar sobre tratados de controle nuclear.

O boletim aponta ainda a mudança de patamar na crise do clima, com 2023 alcançando a marca de ano mais quente já registrado —pior, sem indicações de que governos comecem a dar passos mais decididos para contra-arrestar o aquecimento global.

Assinala uma boa notícia com o investimento de US$ 1,7 trilhão em energia limpa no ano passado. Contudo ressalva que se destinou outro US$ 1 trilhão para combustíveis fósseis, cuja queima segue em alta, quando precisaria retroceder 43% nos próximos seis anos.

Outro perigo arrolado é o avanço de técnicas de manipulação genética, que podem servir a armas biológicas e gerar novas pandemias.

Por fim, indicia a inteligência artificial, por seu potencial para disseminar desinformação e assim erodir a governança capaz de administrar crises, além do potencial uso militar de armas autônomas, alheias a controle humano.

Se há algo a propiciar alento, o Relógio do Juízo Final é capaz de retroceder, como já fez em outros momentos da história.

editoriais@grupofolha.com.br

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