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O que a Folha pensa Datafolha

Lula precisa de feitos, não de comunicação

Datafolha mostra que se esvaiu saldo entre aprovação e reprovação ao petista; governo deveria cuidar do Orçamento

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Gabriela Biló/Folhapress

Pesquisa realizada pelo Datafolha detectou alguma piora da avaliação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A queda do prestígio do presidente é mais notável no saldo entre avaliações positivas e negativas.

Em dezembro, a parcela do eleitorado que considerava o governo Lula ótimo ou bom atingia 38%; no levantamento deste março, são 35%. Já aqueles que avaliam a gestão como ruim ou péssima passaram de 30% para 33%.

Trata-se, a rigor, de variações no limite da margem de erro da pesquisa. A diferença entre aprovação e reprovação, entretanto, caiu de 8 pontos para meros 2 pontos percentuais —no melhor momento de Lula 3, em junho de 2023, o saldo chegava a 10 pontos.

A mudança de humores contrasta, à primeira vista, com a melhoria de indicadores que expressam a variação das condições materiais de vida da população. Há mais empregos, os salários crescem, mais pessoas recebem benefícios sociais e a inflação diminuiu.

O eleitor está algo mais frustrado, de qualquer modo. Para 58%, Lula fez menos pelo país do que o esperado; eram 51% em março do ano passado. Apenas 15% consideram que o presidente fez mais do que o esperado, ante 18% há um ano.

As expectativas quanto ao desempenho do mandatário, porém, continuam positivas, bem mais do que avaliação do momento. Para 46%, Lula ainda fará uma administração ótima ou boa.

As baixas da popularidade do petista mais dignas de nota ocorreram no Sudeste, entre homens, eleitores de 35 a 59 anos, moradores de regiões metropolitanas e aqueles que se declaram pretos. O presidente resiste entre moradores do Nordeste e jovens.

Lula tem requerido de seus ministros maior ativismo político e divulgação de programas governamentais. Mas provavelmente será difícil convencer os brasileiros de que sua vida está melhor do que imaginam ou de que sua opinião política esteja equivocada.

O país ainda se recupera de uma década de retrocesso social e econômico. É preciso levar também em conta que as avaliações continuam marcadamente diferentes a depender do voto na eleição de 2022, se em Lula ou em Jair Bolsonaro (PL). A assim chamada polarização permanece um fator preponderante na opinião.

Um plano político alternativo mais duradouro, aliás imprescindível, seria Lula dedicar-se mais à precária estabilização fiscal, condição para o aumento do ritmo do crescimento, deixar de lado confrontos ideológicos gratuitos e dar alguma contribuição à solução de problemas que costumeiramente são motivo de queixa dos cidadãos, como segurança e saúde.

A realidade ainda fala alto.

editoriais@grupofolha.com.br

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