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De 'O Pagador de Promessas' a 'Bacurau', leitores compartilham seus filmes nacionais preferidos

Dia Nacional do Cinema é celebrado nesta quarta (19) e assinantes da Folha recomendam longas de todas as épocas

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São Paulo

"Teremos para dentro em pouco verdadeiras surprezas", publicou a Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro em 20 de junho de 1898 sobre o primeiro registro cinematográfico do Brasil feito no país. No dia 19 de junho de 1898, o italiano Affonso Segreto, retornando ao Brasil de uma viagem ao exterior, registrou "vistas movimentadas" da baía de Guanabara (RJ). O evento, ocorrido há 126 anos, é lembrado nesta quarta (19), quando é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro.

Em cena do filme, Fernanda Montenegro está em um banheiro público, diante de um espelho, passando batom na boca
A atriz Fernanda Montenegro em cena do filme "Central do Brasil", de Walter Salles Jr.

Para comemorar a data e o cinema nacional, a Folha perguntou aos seus leitores quais são seus filmes brasileiros preferidos. Para Eduardo Paco, advogado de São Paulo, é "Central do Brasil" (1998, Walter Salles). "Impossível não se emocionar. Melhor atuação nacional e um filme que abriu portas", diz.

Quase prevendo o futuro, a Gazeta tinha razão ao afirma que aquela filmagem traria surpresas. A partir dali, o cinema brasileiro nunca mais parou e, mais de um século depois, abriga em seu acervo obras clássicas como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964, Glauber Rocha), "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976, Bruno Barreto) e "Bye Bye Brasil" (1979, Cacá Diegues), entre tantas outras.

Conta ainda com clássicos mais recentes, sempre lembrados quando o assunto é cinema brasileiro, como "Cidade de Deus" (2002, Fernando Meirelles e Kátia Lund), "Auto da Compadecida" (2000, Guel Arraes), "Tropa de Elite" (2007, José Padilha) e o mais recente "Bacurau" (2019, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles).

Outros destaques entre as respostas dos leitores são "Lisbela e o Prisioneiro" (2003, Guel Arraes), "Dois filhos de Francisco" (2005, Breno Silveira), "Cabra Marcado Para Morrer" (1984, Eduardo Coutinho) e "O Pagador de Promessas" (1962, Anselmo Duarte), o qual Cláudio Luis de Carvalho, analista de sistemas de Palmas (TO), indicaria para alguém, se tivesse que escolher só um.

"É [um filme] sobre a cegueira individualista que a religião impõe às pessoas e as injustiças cometidas em nome da religiosidade contra os que possuem uma fé pura", conta.

João Marcelo Alves, cineasta de Surubim (PE), cita "São Paulo Sociedade Anônima" (1965, Luiz Sérgio Person), filme que resume como "cinema, cinema!". "O diretor nos brinda com uma obra-prima do cinema nacional, uma aula de montagem, com cortes brilhantes, variação de tomadas com ângulos apropriados em sintonia com o drama de cada cena. O filme extrapola os conceitos de categorias e traz um registro documental em forma poética em uma obra ficcional, que bem retrata o cotidiano da época."

"Que Horas Ela Volta?" (2015, Anna Muylaert) é, de acordo com Patrícia Fernanda Gouveia da Silva, professora aposentada do Rio de Janeiro (RJ), digno de ser indicado porque "retrata muito bem a realidade brasileira do governo Lula 2, sobretudo as mudanças decorrentes das políticas inclusivas e as relações interclasses".

Por outro lado, Luiz Antonio Natali de Souza, servidor público de Birigui (SP), tem como favorito "O Homem que Copiava" (2003, Jorge Furtado), por ser um "filme simples que une comédia, romance e ação prendendo a atenção do espectador".

"Pelo José Louzeiro e Hector Babenco, mas principalmente pela história de Lúcio Flávio e todo o envolvimento das forças de segurança do Rio de Janeiro com a criminalidade", justifica Gildázio Garcia Vitor, professor de Ipatinga (MG), ao escolher "Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia" (1977, Hector Babenco). "Coisa muito antiga, que ajuda, em parte, a explicar o Brasil atual", diz.

Confira outras indicações de filmes nacionais pelos leitores da Folha:

"Sem Coração" (2023). É um filme moderno sobre amadurecimento que prova o quanto o cinema nacional tem força para se reinventar, ao mesmo tempo que não perde sua essência.
Marcos Victor Almeida Moreira, 27, Fortaleza (CE), jornalista

"O Bandido da Luz Vermelha". É um filme excepcionalmente criativo e muito agradável de assistir. Gosto igualmente de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", mas não recomendaria para qualquer pessoa, pois alguns não iriam gostar tanto.
Paulo Afonso Garcia, 67, São Paulo (SP), aposentado

"Central do Brasil", porque traz uma abordagem sensível sobre temas como abandono, desamparo, amizade, amor... E ainda somos presenteados com uma atuação magistral da maior atriz brasileira: Fernanda Montenegro.
Osiel Oliveira do Nascimento Oziba, 56, Salvador (BA), auxiliador administrativo

"Aquarius", indicaria por se tratar de um filme que retrata uma realidade que, ao mesmo tempo que é regional, como é um caso de Recife, trata de uma temática inerente às grandes cidades: o processo de gentrificação e perda da capacidade dos moradores de defenderem sua ligação histórica com os locais. Também porque o filme ilustra, de forma muito sensível, a maneira com que a personagem lida com seu próprio processo de envelhecimento.
Felipe de Oliveira Mateus, 33, Campinas (SP), jornalista

"Bacurau". Um retrato fiel da política suja e comum que se infiltra em todas as regiões do deste país.
Rosângela Maria do Amaral, 68, Jundiaí (SP), professora

"Eles Não Usam Black Tie", porque mostra a luta de trabalhadores e seus direitos, baseado em fatos reais, durante a ditadura.
João Carlos Gonçalves, 71, São Paulo, metalúrgico

"Arábia". Retrata a vida de pessoas invisíveis sem maniqueísmos. Roteiro, direção, fotografia, trilha sonora e interpretações impecáveis.
Victor Vieira de Godoy, 75, Ouro Preto (MG), professor

"O Homem do Futuro"! É um filme muito bom que te faz refletir sobre sua vida e suas escolhas. A ficção cientifica brasileira não é tão divulgada, e esse filme é um ótimo exemplo de como uma história de viagem no tempo pode ser bem feita. Além do elenco e trilha sonora impecáveis, é um filme que toca em assuntos muito bonitos e profundos.
Livia Gabrielle Vieira, 26, Campinas (SP), mestranda em teoria e história Literária

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