Lula e a crise, Folhinha, governo Serra, estupro

Lula e a crise

"O presidente Lula, depois de ter se curvado aos interesses do mercado e de pagar os maiores juros do mundo aos 'bolsistas', vem agora dizer que o problema é do Bush. Fala isso com um dos cantos da boca, enquanto com o outro autoriza socorrer construtoras e montadoras com bilhões de reais. A bem da verdade, os únicos presidentes sul-americanos com moral para jogar barro no Bush são Fidel, Evo e Chávez, que não se curvaram aos interesses dos sanguessugas.
Agora Lula quer impedir o ajuste de benefício dos aposentados, alegando que a Previdência vai 'estourar'. Ora, por que não tirar dos que sugam os recursos públicos e por que não reduzir a imensa remessa de lucros para fazer justiça aos aposentados?"

ALVARO ABRANTES CERQUEIRA (Muriaé, MG)

*

"Com crise ou sem crise, o Lula continuará gastando. As obras do PAC fazem parte da estratégia para fazer seu sucessor em 2010, e não poderão ficar apenas no papel. A desculpa de que deseja aquecer a economia com gastos públicos generalizados não se sustenta, pois a arrecadação cairá com a desaceleração da atividade econômica e exigirá critérios mais rigorosos em sua aplicação. Acredito que o momento seria oportuno para se fazer uma reforma tributária séria, onde realmente houvesse uma redução significativa dos impostos e, também, uma reforma trabalhista que desonerasse, principalmente, as micro e pequenas empresas. Essa solução surtiria melhores efeitos do que a farra de dinheiro público oferecida aos bancos privados, grandes empresas e ao contribuinte moribundo. Com a possibilidade de José Serra ser o próximo presidente, como dizem as pesquisas, o Lula vai deixar o tacho limpo, sem nem um tostão, para tentar voltar em 2014 nos braços do povo e surfar novamente na 'herança maldita'."

SERGIO VILLAÇA (Recife, PE)

-

Folhinha

"Bastante interessante a reportagem 'Mergulho no Quilombo' (Folhinha, 15/11). Estive há pouco tempo no Quilombo Ivaporunduva, acompanhando um grupo de alunos, e posso confirmar que o estilo de vida daquela comunidade é harmônico com a natureza.
No entanto, é bom ressaltar que toda aquela beleza corre sérios riscos: grupos empresariais, encabeçados pelo Grupo Votorantim, estão prestes a conseguir autorização do Ibama para construir a hidrelétrica de Tijuco Alto e mais outras três na região do Vale da Ribeira. Ivaporunduva e os demais quilombos, juntamente as cavernas e a mata atlântica, poderão ser submergidos."

SEBASTIÃO APARECIDO FERREIRA (Piracicaba, SP)

-

Governo Serra

"Concordo inteiramente com o artigo 'O conselho do governador' ('Tendências/Debates', 18/11), de Davi de Lacerda. O governo Serra e o PSDB achatam sistematicamente os salários do funcionalismo estadual e municipal de São Paulo, desconstruindo assim os serviços de educação, saúde e segurança, entre outros. Pena que a lógica usada por eles para justificar aumentos substanciais dos secretários estaduais e municipais ('sem bons salários não se atraem profissionais competentes') não seja aplicada ao conjunto do funcionalismo. Seguindo o conselho do governador Serra, os bons profissionais do serviço público devem procurar empregos melhores na iniciativa privada. E a população que deles necessita, para que pensar na população, não é mesmo, governador?"

CARMEN LÚCIA SOUSA FIGUEIREDO (São Paulo, SP)

-

Estupro

"O leitor Fernando C. Carmo ('Painel do Leitor', 17/11) demonstrou sua indignação pelo fato de o Tribunal de Justiça de São Paulo decidir que estupro não é crime hediondo. O que deve ser esclarecido primeiramente é que um crime não precisa ser considerado hediondo para ser considerado grave; basta verificar no Código Penal, em seu art. 213, a pena prevista para o crime (6 a 10 anos). Em segundo lugar, as decisões proferidas pelos juízes e tribunais são, em regra, publicadas no Diário Oficial e, nesta medida, podem ser conhecidas em suas minúcias por quem tiver interesse. Por fim, uma regra que remonta até mesmo aos princípios da lógica, a decisão que chocou o leitor fez distinção necessária entre as situações nas quais ocorre o crime de estupro daquelas em que há estupro e morte. Trata-se de situações diversas e, sobretudo, procura-se ressaltar o valor 'vida'."

JARBAS LUIZ DOS SANTOS (São Paulo, SP)

-

Paradoxos

"Seria cômico se não fosse trágico. Dizem que somos o país do futebol e do Carnaval. Podemos acrescentar sem medo de errar que somos também o país dos paradoxos. Vejamos: o ministro Ayres Britto, do Tribunal Superior Eleitoral, quer que a Câmara dos Deputados casse o mandato do deputado Walter Brito por infidelidade partidária; o que está correto. No entanto, os nossos ilustres ministros, regiamente remunerados pelos bolsos dos contribuintes, ainda não tiveram tempo para julgar processos referentes a crimes eleitorais cometidos por prefeitos e vereadores nas eleições de 2004. Daqui uns dias tudo estará prescrito e, assim, de impunidade em impunidade a própria Justiça permite a proliferação dos meliantes de todos os tipos."

CARLOS MAGALHÃES STUCCHI (Vila Velha, ES)

-

Educação

"Um assunto recorrente na imprensa brasileira tem sido as agressões físicas e morais sofridas por professores do ensino médio, tanto em escolas públicas quanto particulares. Essa é uma situação que tem ocorrido nas mais diversas regiões brasileiras, havendo inclusive casos de professores que tiveram de pedir proteção policial para continuar trabalhando, por terem sido expostos a situações de risco. Isso é um absurdo! Como sou de um tempo em que os professores eram efetivamente respeitados, até porque se faziam respeitar, não consigo aceitar esses novos tempos, quando professores e alunos passaram a vivenciar um relacionamento promíscuo, respaldado em 'modernosas técnicas psicopedagógicas', nas quais liberdade é confundida com libertinagem, privilegiando uma rotina cada vez mais informal e menos hierarquizada, acabando por exercitar uma convivência que paulatinamente vai deteriorando as relações, transformando-os em 'coleguinhas'. Infelizmente, essa é uma situação que tende a ficar cada vez pior, não só porque os jovens, por conta da deterioração da instituição familiar, estão cada vez menos 'educados', como também porque os professores, por conta do sucateamento das estruturas de ensino e pelos salários aviltantes, estão cada vez menos preparados e mais desmotivados para cumprir suas tarefas. É triste, mas é verdade!"

JÚLIO FERREIRA (Recife, PE)

-

Saúde

"Na Saúde de 18/11 médicos urologistas e o Instituto Nacional de Câncer discordam na questão do rastreamento do câncer da próstata. O que se procura é o diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e o prognóstico favorável, com o mínimo de seqüelas.
Vivemos um momento encorajador na área médica. A nanotecnologia já dispõe de nanopartículas biocompatíveis que podem detectar células cancerosas precocemente. O uso de nanopartículas magnéticas, em medicina, encontra-se em fase de intensa pesquisa.
Espera-se que a atual conduta --órgão com câncer é igual a órgão ressecado (e depois químio ou radioterapia)-- seja, em breve, abandonada como foi a gastrectomia (rotina para a 'cura' da úlcera péptica), depois da descoberta da bactéria H. pylori."

FLORIANO ANTONIO VALLIM, médico (São Paulo, SP)

-

Prestação de contas

"A reportagem 'Presidente do TCE girou US$ 2 mi, dizem EUA' (Brasil, 18/11), sobre as investigações do caso Eduardo Bittencourt Carvalho, é para deixar qualquer cidadão desconfiado das prestações de contas dos prefeitos paulistas.
Se o responsável pela fiscalização e transparência das contas públicas é acusado de corrupção, ele compromete também as administrações municipais. Nesse caso é preciso rever as contas aprovadas e rejeitadas na gestão de Eduardo Bittencourt, para eliminar qualquer suspeita de participação de prefeitos e secretários de finanças."

SÉRGIO MORADEI DE GOUVEA (Ubatuba, SP)

-

Transportes

"Consta que o governo federal tem mais de R$ 5 bilhões disponíveis na área de transporte rodoviário que não consegue gastar. Lamentável! Já os investimentos no rodoviarismo paulista nos próximos dois anos serão grandes, mas, por outro lado, não dá para entender como o governador José Serra pôde trazer gente da área elétrica para cuidar de estradas de rodagem no DER/SP. Existe algum acordo com os empreiteiros? Está sobrando tanto dinheiro assim no Estado de São Paulo que não há necessidade de gastar bem? Enquanto isso, funcionários de empresas terceirizadas que trabalham na sede do DER/SP na capital do Estado nem sequer têm direito a almoçar no bandejão de seu restaurante. Pelo menos o Lula tem se preocupado com os seus programas sociais, que amenizam um pouco a tremenda injustiça na distribuição de renda em nosso país."

LUIZ ANTÔNIO DA SILVA (São Paulo, SP)