Um exemplar da Folha da Manhã, jornal matutino fundado em 1925 e que depois originou a Folha, fez uma breve aparição na nova temporada do seriado alemão “Babylon Berlin”.
Lançada em 2017, a série mais cara da televisão germânica teve sua terceira parte lançada em janeiro na Alemanha —no Brasil, as duas primeiras estão disponíveis no Globoplay.
No centro da trama, mais que o detetive protagonista, está a capital mais efervescente dos anos 1920, símbolo de uma era de liberalidade cultural e sexual que estava prestes a se encerrar com a ascensão do nazismo, em 1933.
O terceiro episódio da nova leva, que se passa em setembro de 1929, mostra o encontro de um jornalista com uma fonte no café Romanisches, famoso endereço da intelligentsia berlinense do período ---entre seus frequentadores estavam o escritor Bertolt Brecht, o pintor Otto Dix e o cineasta Billy Wilder.
O jornalista do seriado trabalha em uma reportagem sobre o desenvolvimento secreto de uma Força Aérea alemã, algo então proibido pelo Tratado de Versalhes. O caso é inspirado no do repórter Carl von Ossietzky, que denunciou o rearmamento do país, foi condenado por espionagem e recebeu o Nobel da Paz em 1935.
No episódio em questão, o jornalista pede a um garçom dois jornais, entre eles a Folha da Manhã. Quando recebe o exemplar de 12 de setembro daquele ano, encontra entre as páginas do caderno de esportes os documentos de que precisa, deixados ali por sua fonte.
A escolha da edição pode não ter sido mera coincidência. A chamada à direita da manchete informava que uma conspiração terrorista de cunho nacionalista e antirrepublicano havia sido desbaratada pela polícia de Berlim. Um eco do tumultuado momento político que a cidade atravessava e que a série retrata de maneira fidedigna.
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