Descrição de chapéu DeltaFolha

Após pronunciamento de Bolsonaro, direita radical se isola no apoio a presidente

Antes da fala do mandatário, mensagens que mais circulavam eram críticas a ele

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São Paulo

Os usuários de direita no Twitter se dividiram entre apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-ministro Sergio Moro, que deixou o governo nesta sexta (24). O grupo mais radical ficou do lado do mandatário, e a ala mais ao centro, com o ex-juiz.

A Folha analisou os tuítes ao longo do dia que continham o nome do agora ex-ministro da Justiça. E dividiu os usuários da rede social em seis grupos, do mais à esquerda ao mais à direita.

Após o pronunciamento de Bolsonaro no fim da tarde, em que ele criticou Moro, as mensagens que mais circularam na direita mais radical eram de apoio ao presidente.

A mais popular foi da colunista Claudia Wild: "Escrevi um texto, em 2018, em que defendia que uma eventual nomeação do ex-juiz Sérgio Moro seria acertada e beneficiaria o país. Eu errei de forma gritante. Moro mostrou hoje, por A+B, que não tem a menor noção do momento vivido no país. O maior erro do presidente foi nomeá-lo".

Esse foi o tom dos dez tuítes mais populares entre os 16% usuários mais à direita na rede social, entre 17h e 18h (durante e logo após o pronunciamento de Bolsonaro).

O presidente Jair Bolsonaro, durante pronunciamento sobre a saída do ministro Sergio Moro - Evaristo Sa/AFP

Mas na direita mais em direção ao centro, a tônica foi de crítica ao presidente e de apoio a Moro. A mensagem mais popular nesse grupo intermediário da direita foi irônica a Bolsonaro. "Por acaso o bolsonaro escreveu e ta lendo uma fanfic romantica dele e do moro", tuitou o usuário Rafael Lange.

As sete mensagens mais populares nesse espectro eram críticas ou irônicas ao presidente.

Foram analisadas 450 mil mensagens que continham o nome do ex-ministro, entre 17h e 18h. A divisão na direita não apareceu até o início da tarde (logo após Moro falar, e quando Bolsonaro ainda não havia se pronunciado). Até ali, mesmo no grupo mais radical, o tom era de crítica pela demissão de Moro.

A Folha analisou a discussão na rede social logo após o pronunciamento de Moro, pela manhã, quando explicou que estava deixando o governo por entender que Bolsonaro estava politizando a Polícia Federal. Foram analisados 350 mil tuítes, nos primeiros 90 minutos após o pronunciamento.

​​A mensagem mais popular no grupo mais à direita na rede social tinha sido da ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei Ana Paula, uma expoente da direita atualmente.

“Dia incrivelmente triste para quem torce pelo país. Não é só o governo que perde irremediavelmente hoje, é o Brasil. Sergio Moro é um gigante. Obrigada Moro. Este perfil sempre foi e sempre será #TeamMoro”, escreveu Ana Paula.

A classificação dos usuários entre centro, direita e esquerda é feita pelo GPS Ideológico, ferramenta da Folha que categorizou 1,7 milhão de perfis no Twitter, com interesse em política.

Os usuários são distribuídos numa reta, do ponto mais à direita ao mais à esquerda, de acordo com quem eles seguem na rede social.

Em geral, a direita vinha apoiando Bolsonaro. Mesmo na demissão do popular ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esse grupo apoiou o presidente.

A reação contrária ao governo pela manhã havia se estendida por todos os demais cinco espectros. Nesses cinco grupos, a mensagem mais popular havia sido da advogada Gabriela Prioli, comentarista do canal CNN Brasil.

“Moro falando do passado: ‘governo da época tinha inúmeros defeitos, mas manteve a autonomia da Polícia Federal’”, tuitou Gabriela.

A Folha analisou também a reação no Twitter na quinta-feira (23), horas depois de a Folha revelar que Moro havia pedido demissão. As dez mensagens mais populares que circularam na direita falavam que a notícia era falsa, uma invenção da imprensa.

O tuíte mais popular era do apresentador Allan dos Santos, do canal de apoio ao presidente Terça Livre. “É FALSA a notícia de que @SF_Moro sairia do governo. Abraço!”, escreveu.

A segunda mensagem mais popular era do deputado federal Carlos Jordy, que insinuava que a notícia visava desestabilizar a economia.

Na esquerda, o tuíte que mais circulou naquele momento foi a notícia da Folha falando sobre a demissão. Logo depois apareceram mensagens dizendo que, para a direita, Moro já estava virando comunista.

“Moro virando comunista para os bolsominions em 3, 2, 1…”, tuitou Guilherme Boulos, candidato derrotado à Presidência pelo Psol em 2018.

Modus operandi

A mudança brusca na linha de tuítes que circulam na direita também ocorreu nos últimos dias no cargo do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Por semanas, as mensagens mais populares na direita diziam que reportagens que falavam sobre atritos entre Bolsonaro e Mandetta eram falsas.

Após entrevista do presidente à rádio Jovem Pan, em Bolsonaro disse que faltava humildade ao subordinado, a direita passou a atacar Mandetta, dizendo que ele estava ligado a um golpe em curso contra o presidente, liderado pelo DEM, partido do ex-ministro.

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