O mapa de votação da sessão da Câmara que manteve a prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ) mostra que o centrão se uniu à oposição, isolando os bolsonaristas e restringindo as traições ao mínimo possível.
Embora o centrão seja a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso, nesse caso específico comandou ao lado da oposição a decisão favorável ao Supremo Tribunal Federal e contra o bolsonarismo, em um resultado final de 364 contra 130.
Os principais aliados de Bolsonaro na Câmara, como seu filho Eduardo (PSL-SP), Hélio Lopes (PSL-RJ), Pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP), Osmar Terra (MDB-RS) e o ex-ministro Marcelo Alvaro Antonio (PSL-MG), votaram contra a prisão.
Houve poucas traições às orientações dos líderes partidários. Apenas o PTB de Roberto Jefferson, o PSL, rachado entre bolsonaristas e ex-aliados do presidente, o Podemos e o Novo orientaram o voto a favor de Silveira.
O único partido rachado foi o PSL. Bolsonaristas votaram a favor de Silveira. Ex-aliados do presidente, como Luciano Bivar (PE), contra. O partido, controlado por Bivar, promete expulsar o parlamentar. Já a bancada na Câmara é controlado, por ligeira maioria, pelos aliados do presidente.
Acusada de mandar assassinar o marido, a deputada Flordelis (PSD-RJ) não votou. O presidente do Conselho de Ética, Juscelino Filho (DEM-MA), se absteve.
O resultado desta sexta diferiu em muito da última sessão plenária em que a Câmara se reuniu para analisar uma decisão do STF que afetava um parlamentar. No caso, o afastamento do mandato de Wilson Santiago (PTB-PB) decidido pelo então ministro Celso de Mello.
Na ocasião, a Câmara derrubou a decisão do ministro. Foram 170 votos favoráveis à decisão do STF —eram necessários ao menos 257— e 233 contrários, além de 7 abstenções e 102 ausências, que contaram, na prática, a favor de Santiago.
Apesar de Santiago, que integra o centrão, ser acusado de desviar dinheiro de obras contra a seca, prevaleceu na época o temor do precedente que poderia se virar contra outros parlamentares no futuro.
Nesta sexta, Santiago votou contra a prisão do deputado bolsonarista.
A articulação que manteve o parlamentar no xadrez foi feita por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e líder do centrão. Formou-se o entendimento agora que não valeria a pena, por causa de um deputado defensor de causas extremistas, afrontar uma decisão tomada de forma unânime pelo plenário do STF.
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