Disputa ao Senado em SP tem Janaina sem tempo de TV e direita fragmentada

Indefinição de vices também atrasa as costuras para as vagas ao Congresso

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São Paulo

A dez dias do fim do prazo para a realização das convenções partidárias, a disputa pelo Senado em São Paulo tem a deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB) isolada e sem tempo de TV e um cenário de fragmentação na direita, com um leque de postulantes bolsonaristas, e indefinição nos partidos ao centro.

Enquanto isso, à esquerda, Márcio França (PSB) segue com o caminho mais desimpedido em relação aos rivais, apesar do impasse com o PSOL, que ameaça lançar uma candidatura própria ao Senado.

A deputada estadual paulista Janaina Paschoal
A deputada estadual paulista Janaina Paschoal - Fernando Moraes - 15.nov.21/UOL

França vai concorrer com o apoio de Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo que lidera as pesquisas. Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) estão empatados em segundo lugar, de acordo com o Datafolha.

Tarcísio, ex-ministro e candidato de Jair Bolsonaro (PL), anunciou o ex-astronauta Marcos Pontes (PL) como seu candidato ao Senado. Já o governador paulista, que busca a reeleição, tem sua chapa em aberto, com disputa entre aliados pelos postos de vice e de candidato ao Senado.

A desistência do apresentador José Luiz Datena (PSC), que concorreria na chapa de Tarcísio, abriu espaço para outros nomes considerados competitivos, como França e Janaina.

Deputada estadual eleita em 2018 com 2 milhões de votos, Janaina, porém, não alcançou o objetivo de figurar como a única opção bolsonarista em São Paulo. Com isso, deve encontrar a disputa interditada entre candidatos do campo conservador.

Além disso, seu partido, o PRTB, não superou a cláusula de barreira, e a deputada terá que fazer campanha sem acesso à propaganda no rádio e na TV. Janaina conta com outros modos de divulgação.

"Pretendo fazer uma campanha simples, como fiz em 2018. Espero que os veículos de comunicação promovam debates", disse à Folha.

Ela disse que buscou construir uma unidade na direita conservadora em torno de seu nome e relatou ter sido pressionada a desistir justamente para unir o campo bolsonarista, mas reafirmou sua candidatura.

"A divisão revela falta de inteligência. A esquerda está concentrada. Me apresentei primeiro como pré-candidata e estou pontuando mais. O ponto é que não querem uma pessoa independente no Senado", diz Janaina.

As críticas de Janaina a Bolsonaro a afastaram dos bolsonaristas e seria difícil contornar a resistência, segundo aliados de Tarcísio que acabaram preferindo o nome de Pontes. A campanha do ex-ministro, contudo, espera receber o apoio formal do PRTB. Janaina diz que isso não deve ocorrer.

Antes de escolher Pontes, a campanha de Tarcísio também avaliou lançar Carla Zambelli (PL), Marco Feliciano (PL), Paulo Skaf (Republicanos) e Ricardo Salles (PL) —mas a avaliação foi a de que parte deles não furava a bolha bolsonarista e parte sequer a satisfazia.

Além de Pontes e Janaina, o quadro de fragmentação na direita se completa com outros nomes bolsonaristas que se lançaram na disputa, como a médica pró-cloroquina Nise Yamaguchi (Pros) e a filha do ex-deputado Roberto Jefferson, Cristiane Brasil (PTB).

O Pros, no entanto, integra a coligação de Rodrigo. O Podemos, que também apoia o governador, vai lançar o deputado estadual Heni Ozi Cukier ao Senado.

A chapa de Rodrigo segue incerta e há o risco de que não seja definida até a convenção, marcada para sábado (30).

O panorama de indefinição na centro-direita, com uma profusão de nomes cotados, tem como pano de fundo a disputa entre MDB e União Brasil pela vice de Rodrigo, o que afeta diretamente a corrida ao Senado —já que o posto para o Congresso tende a ser oferecido ao partido não contemplado com a vice.

Líderes do MDB reivindicam a indicação do vice com base em um acordo segundo o qual o partido teria essa vaga e a União Brasil teria a vaga do Senado. A União Brasil, por sua vez, não reconhece o acerto e indicou nomes tanto para a vice como para o Senado.

Na época dessa costura, Datena, filiado à União, seria candidato na chapa de Rodrigo, mas o apresentador se filiou ao PSC, migrou para Tarcísio e por fim desistiu, o que desarranjou a chapa tucana.

Na União Brasil, um nome visto com potencial para o Senado é o da mulher de Sergio Moro, Rosângela Moro –há também outras opções, como um dos caciques do partido, o vereador Milton Leite.

Já o MDB não tem quadros interessados no Senado. Rodrigo chegou a convidar o ex-presidente Michel Temer (MDB), que não topou.

Também correm por fora dois nomes do PSDB para o Senado —Fernando Alfredo, presidente do PSDB da capital, e José Aníbal, ex-senador e suplente do senador tucano José Serra.

"Fui muito bem acolhido pelos companheiros do partido [PSDB] para lançar a minha candidatura ao Senado, inclusive com apoio do atual senador José Serra", disse Aníbal.

Já em relação à vaga de vice, líderes do MDB querem emplacar Edson Aparecido, ex-secretário da Saúde paulistano. Outra opção, a ex-promotora Gabriela Manssur (MDB) vai ao encontro do anseio de Rodrigo de compor com uma candidata na busca por votos femininos.

"Estou à disposição do meu partido e do Rodrigo Garcia", afirmou Manssur.

As cobranças feitas pelo MDB, sobretudo vindas do prefeito Ricardo Nunes, pela vaga de vice têm irritado Rodrigo e outros tucanos, o que desfavorece Aparecido.

Mais que isso, a União Brasil, que também pleiteia a vice, oferece à campanha do governador o dobro de tempo de TV que seus demais adversários.

Entre as opções da União Brasil para o posto está Henrique Meirelles, além de nomes ligados a Leite (como Geninho Zuliani, Alexandre Leite e o médico Claudio Lottenberg) e ligados ao antigo PSL (como Antonio Rueda e Marcos Cintra).

Outra cotada para a vice é a deputada federal Renata Abreu (Podemos), que agrada o próprio governador.

Na esquerda, a pendência de um ou uma vice para Haddad também impacta a corrida ao Senado, apesar de a candidatura de França estar consolidada. O petista realizou sua convenção no último sábado (23) com a chapa indefinida.

A principal opção de vice do ex-prefeito, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) resiste à proposta e deve concorrer a deputada federal para ajudar o partido que fundou a superar a cláusula de barreira.

Com isso, a indicação deve vir do PSB. O ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette segue como nome forte na sigla, onde também circulam opções como Marianne Pinotti (PSB), ex-secretária da Pessoa com Deficiência na gestão Haddad, e a professora Lúcia França, mulher de Márcio França.

O PSOL, contudo, chegou a pleitear a vaga de vice e tem alas insatisfeitas com o fato de o partido ficar de fora da chapa petista. A campanha de Haddad ofereceu à sigla a suplência de França.

Agora, os psolistas debatem internamente aceitar a oferta do PT ou lançar um candidato próprio ao Senado.

Ainda devem concorrer ao Senado em São Paulo o deputado estadual Ricardo Mellão (Novo), o ex-ministro Aldo Rebelo (PDT) e o professor Tito Flávio (PCB).


Possíveis candidatos ao Senado em SP

  • Márcio França (PSB)
  • Janaina Paschoal (PRTB)
  • Marcos Pontes (PL)
  • Milton Leite (União)
  • Rosângela Moro (União)
  • José Aníbal (PSDB)
  • Fernando Alfredo (PSDB)
  • Cristiane Brasil (PTB)
  • Nise Yamaguchi (Pros)
  • Heni Ozi Cukier (Podemos)
  • Aldo Rebelo (PDT)
  • Ricardo Mellão (Novo)
  • Tito Flávio (PCB)

Chapas dos principais candidatos ao Governo de SP

Fernando Haddad (PT)

  • Vice: indefinido
  • Senado: Márcio França (PSB)
  • Coligação: PT, PC do B, PV, PSB, PSOL e Rede

Rodrigo Garcia (PSDB)

  • Vice: indefinido
  • Senado: indefinido
  • Coligação: PSDB, Cidadania, União Brasil, MDB, PP, Podemos, Solidariedade, Patri, Pros e Avante

Tarcísio de Freitas (Republicanos)

  • Vice: Felício Ramuth (PSD)
  • Senado: Marcos Pontes (PL)
  • Coligação: Republicanos, PSD, PL, PSC e PTB
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