Descrição de chapéu Eleições 2022 Datafolha

Após pedir investigação, ministro de Bolsonaro usa pesquisa do Datafolha para defender governo

Anderson Torres publicou recorte da última pesquisa para dizer que Bolsonaro está próximo da virada na disputa presidencial

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Brasília

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, usou neste sábado (15) a última pesquisa Datafolha para defender que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está mais próximo da vitória no segundo turno da eleição.

A publicação foi feita uma semana após o próprio Torres enviar à PF (Polícia Federal) um pedido de investigação contra os institutos de pesquisa.

"Tudo se ajustando... e a hora da virada, chegando! #VamosEmFrente", escreveu o ministro. A postagem é acompanhada por um gráfico que mostra que a reprovação de Bolsonaro caiu para 39%, enquanto a aprovação subiu para 38%.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada - Adriano Machado - 5.out.22/Reuters

Em 4 de outubro, após o resultado das urnas divergir das pesquisas de intenção de voto, o ministro mandou à PF pedido de abertura de inquérito.

Nas redes sociais, Torres justificou a investigação por supostas "condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados por alguns institutos".

O inquérito foi barrado na quinta-feira (13) pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.

Em despacho, ele alegou ausência de justa causa e "incompetência absoluta" da PF e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para uma investigação do tipo no período eleitoral.

O ministro da Justiça foi procurado para comentar a publicação, mas não respondeu até o momento.

Neste sábado, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, determinou que Anderson Torres e o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, expliquem, em três dias, os pedidos de investigação de institutos de pesquisas.

A ofensiva de Bolsonaro e aliados contra os institutos de pesquisa se intensificou após o primeiro turno das eleições.

No Congresso, a base governista também tem tentado desacreditar os institutos com argumentos que ignoram características de pesquisas eleitorais.

A tese defendida pelo grupo político liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é que institutos devem acertar o resultado das eleições, desconsiderando que pesquisas eleitorais medem declaração ou intenção do eleitor no dia da sondagem —não o efetivo voto dado no pleito.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), apresentou um projeto de lei para criminalizar a publicação de pesquisas, nos 15 dias que antecedem a eleição, que não acertem o resultado do pleito. A pena, segundo o texto, será de quatro a dez anos de prisão.

Com o cerco contra os institutos, o Datafolha esclareceu que não é objetivo das pesquisas eleitorais antecipar o resultado da eleição.

"Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna", disse Luciana Chong, diretora do Datafolha, no começo deste mês.

Ela refuta a tese de que tenha havido algum tipo de erro metodológico. Para Chong, é bastante provável que tenha emergido nas horas antes das eleições um voto útil pró-Bolsonaro oriundo dos eleitores que antes declaravam preferência por Simone Tebet (MDB) e, principalmente, por Ciro Gomes (PDT). O temor de que Lula fosse eleito no primeiro turno pode, segundo ela, ter contribuído para esse comportamento.

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